Éden se preparava para mais uma corrida. Ela estava tão focada que não via mais nada ao seu redor. Era só ela e a moto.
Quando a menina ruiva soprou o apito e balançou a bandeira vermelha, ela pisou com força no acelerador e colocou toda sua determinação nos pés e nas mãos, ela não podia fazer com que a moto fosse mais rápida — até por que a moto só alcançava uma certa quantidade de velocidade. Mas ela tinha certeza de que faria tudo para que ela chegasse ao seu limite.
Éden não olhou para os lados para verificar se seus oponentes estavam perto ou longe de alcança-la. Mas na direção que ela olhava — a sua frente — não havia nada e nem ninguém.
Ela sentiu um ruído pouco atrás dela. Então pisou com mais força ainda passando para o outro lado da pista. Parece que seu corpo só sabia fazer isso.
Quando ela avistou de longe o borrão que era a linha de chegada, teve mais sede de vitória.
Éden era uma das únicas 3 mulheres que participavam da corrida ilegal de motos. Ilegal por motivos que ela não considerava nada de mais. Era considerada uma das melhores, solando vários homens que ficavam indignados por ter a masculinidade ferida. Então ela estava acostumada com os comentários machistas e tentarem agredi-la com frequência. Mas alguns de seus poucos amigos, o Taylor. Que era um dos organizadores, sempre a defendia.
Rápido demais ela chegou perto da linha, faltava apenas alguns palmos. Ela sentiu seu peito ficando mais leve quando estava chegando perto. Quando de repente sentiu um impacto na traseira da moto e deu um giro. A moto derrapou e Éden caiu rolando uns 5 metros para longe da moto.
Ela quase não sentiu nada, seu sangue estava quente de mais para que ela se dasse ao luxo de sentir dor, isso era preocupação para depois.
Éden se levantou num salto tirando o capacete e o jogando no chão com toda força. Ela não ligava de ter caído, contanto.....
— Royle seu trapaceiro — berrava Payton no mega fone — pro seu azar, você derrubou ela tarde de mais. A moto caiu depois da linha de chegada
Ela jogou a cabeça para trás aliviada. Ela conseguiu.
Seus pulmões ardiam conforme ela tentava puxar o ar com força. Mas estava tudo bem, ela conseguiu, mais uma vez, ela ganhou.
Agora só precisava receber seu dinheiro.
A ruiva — Sarah. Veio até ela pulando e gritando com os braços para cima e só longe podia ver gritos de vitória e algumas vaias perdidas no meio da multidão.
Apesar de tudo as pesssoas consideravam Éden a mais talentosa entre eles. Foi difícil para alguns admitir que uma mulher era tão boa no que deveria ser um homem.
— no dia em que você perder, o mundo vai acabar — a ruiva vinha com um cheque na mão enorme e abraçou Éden
— não exagera — Éden disse baixinho de mais, ainda estava ofegante
Os passos secos de Éden ecoavam no chão de mármore do banco. Quando chegou a sua vez na fila ela foi atendida.
— bom dia, em que posso ajudar? — a voz arrastada da funcionária quase fez Éden bocejar
— eu vim retirar o dinheiro desse cheque — ela entregou o cheque que continha mil dólares
Era um bom dinheiro, mas para as necessidades de Éden não era o suficiente.
Ela pegou o dinheiro e saiu do banco. Subiu na sua moto e foi rumo a casa. Ela morava em um lado da cidade onde as casas eram mais pobres. Não eram feias nem descuidadas, mas parece que aquele lado da cidade não brilhava tanto quanto o outro, onde só moravam os riquinhos. Mas mesmo assim era um lugar feliz, talvez pelas crianças que sempre estavam radiantes.
