capítulo 1: A Partida

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O crepúsculo banhava a pequena estação de trem em tons de ouro e âmbar, criando uma atmosfera de melancolia e esperança misturadas. Os viajantes apressados, carregando suas bagagens e seus próprios fardos invisíveis, se misturavam em uma dança apressada e silenciosa. No meio da multidão, erguia-se um soldado alto e robusto, vestido com o uniforme militar que lhe conferia um ar de determinação e, ao mesmo tempo, vulnerabilidade. Uma capa pesada pendia de seus ombros, tremulando suavemente na brisa outonal.

Seus olhos, profundos como poços de memórias, vasculhavam a agitação ao redor até que encontraram o olhar da mulher que o observava com olhos marejados. Ela era uma visão de beleza suave e força serena. Seu vestido simples ondulava em harmonia com os raios de sol que acariciavam sua pele pálida. Um lenço delicado estava apertado entre seus dedos, como se o simples toque pudesse conter as emoções que ameaçavam transbordar.

O soldado avançou, seus passos pesados contrastando com a leveza do momento. Ele chegou ao lado da mulher, e eles se olharam com um misto de amor, dor e ansiedade. Um sorriso triste brincou nos lábios dele, lutando para esconder as inquietações que se agitavam dentro dele. Levou a mão à aba do chapéu militar e fez uma saudação, seu olhar ainda fixo no dela.

Ela engoliu em seco, uma mistura de orgulho e tristeza dominando seus olhos. Suas mãos trêmulas alcançaram as dele, e por um momento, o mundo ao redor desapareceu. "Você vai voltar, certo?", ela perguntou, sua voz embargada pelo peso das palavras não ditas.

Ele apertou suavemente a mão dela, sentindo a fragilidade de sua promessa. "Eu prometo, meu amor. Vou voltar para você, não importa o que aconteça. Nossos laços são mais fortes que qualquer distância."

As lágrimas escaparam dos olhos dela, trilhando caminhos brilhantes por suas bochechas. Ela lutou para sorrir através do choro, e ele usou o polegar para enxugar suavemente uma das lágrimas. "Cuide de si mesmo lá fora", ela sussurrou, como uma prece silenciosa.

Ele acenou com a cabeça, seu olhar transmitindo uma promessa mais profunda do que as palavras poderiam expressar. "Eu voltarei para você, não importa o que aconteça. Nada pode nos separar."

Eles ficaram ali, unidos pelo toque das mãos e pelas palavras não ditas, até que o apito do trem cortou o ar, anunciando a partida iminente. Ele apertou a mão dela uma última vez, relutante em deixar esse contato que lhe dava força. Então, com um último olhar cheio de amor e determinação, ele soltou a mão dela e se afastou, seus passos o levando em direção ao trem que o levaria para o desconhecido.

Ela permaneceu parada, seus olhos fixos na figura que se afastava, até que ele desapareceu entre a multidão. Seu coração estava repleto de sentimentos conflitantes: orgulho pela coragem dele, medo pelo que o futuro poderia trazer e a saudade que já começava a apertar seu peito.

E assim, com um último suspiro de esperança, ela se virou lentamente e começou a caminhar para longe da estação, carregando consigo a imagem do homem que amava e as promessas não ditas que uniam seus corações além das trincheiras da guerra que se aproximava.

Além das Trincheiras do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora