A chuva lá fora caía como lágrimas de um céu entristecido. Já la vão 10 anos que vocês pais , partiram. Como me fazem tanta falta... partiram e eu ainda era muito pequena, eu precisava e preciso tanto de vocês! Queria tanto ter uma mãe para poder contar tudo o que me vai na alma, passarmos tardes de raparigas ou até dares-me na cabeça para que eu aprenda de uma vez por todas o que está bem e o que está mal. Mas mãe, sabes o que eu amava mesmo de receber? O teu amor... Infelizmente não sei o que é sentir o "amor de mãe" que as pessoas tanto falam. Pai, a tua missão seria protegeres-me de todo o mal, dos rapazes que se aproximassem de mim... de tudo! Porque afinal é isso que os pais fazem não é verdade?! Lembras-te de quando aparecia uma aranha no meu quarto e eu ia a correr com medo para os teus braços? Eu tinha realmente medo! Até parece que elas me podiam comer. Hoje já não tenho, mas finjo ter para que possa sentir um passado um pouco mais presente. Tínhamos tantas promessas juntos, tantos planos e agora tudo o que me resta de vocês... é pura saudade! Eu era feliz sem saber.
- Sofia, o pequeno almoço está na mesa, anda e despacha-te pois temos a missa dos teus pais dentro de 2 horas!
-Sim avó, já desço!
-A Mariana ligou cá para casa e disse que ela ia com uma tal de Helena. Já agora filha, quem é a Helena?
- É a empregada la de casa!
-Ahh está bem! Vá levanta-te!
-Estou a ir...
Saí da cama e dirigi-me à casa de banho para poder ir tomar banho. A água escorria no meu corpo até que deparo com os meus braços. Estavam de facto horríveis.
Naquele momento lembrei-me de todos os porquês de ter feito aquilo e sim, tenho consciência que não está correto, mas foi a única forma que arranjei para aliviar todas as magoas e dores que sinto. Ás vezes pergunto-me: "Será que se os meus pais ainda estivessem cá eu chegaria a este ponto?"
Saí da banheira, enrolei a toalha de banho sobre mim e fui até ao meu closet para escolher a roupa. A avó tinha me dito para não ir toda de preto pois não gosta muito de me ver de tal forma, então decidi ir de preto e branco. Não me importei muito pois não são as cores da roupa que vestimos que vai mudar o que sinto sobre os meus pais. Podem falar o que quiserem, mas só quem convive comigo sabe o quanto eu amo eles mesmo não estando cá.
- O que irei eu vestir? Ahh pensa Sofia, pensa!
Passado uns 10 minutos lá arranjei um conjunto de jeito, resolvi levar umas calças pretas, uma camisola fina de meia manga branca, uma casaco preto e os meus all star brancos. De facto tenho de ir às compras, já nem sei o que hei-de vestir!
***
Tínhamos acabado de chegar à igreja e enquanto o avô estacionava o carro, vi a Mariana dirigir-se até mim.
- Vamos andando? - disse Mariana
-Ah... sim, acho que sim - disse com um pouco de duvidas
- Vai correr tudo bem! Não tenhas medo eu irei estar sempre contigo! - diz Mariana abraçando-me ao mesmo tempo
- Obrigada! -digo
Fomos andando até à porta da igreja e deparo-me com imensa gente. Familiares, colegas do trabalho da minha mãe e do meu pai, alguns vizinhos e outros amigos deles. Fiquei surpreendida ao ver tanta gente principalmente os colegas de trabalho deles, já lá vão 10 anos afinal! Como é que eles ainda se lembraram? Senti-me feliz ao ver que ainda há quem se importe ou que sintam falta para além de mim e da minha família.
Entramos, e percorremos lentamente aquele longo corredor até ao altar. Parecia até uma casamento só que a Mariana do meu lado e meus avós atrás de nós. Sinto vários olhares na minha direcção. São olhares de... pena?
- Não quero que as pessoas sintam pena de mim! Se até agora nunca o sentiram e sempre me trataram mal, porque raio haveriam agora de ter? Pelo menos lá no colégio sempre foi assim... - pensei
Decidi andar um pouco mais rápido e finalmente cheguei ao meu banco e sentei-me.
***
A missa já tinha terminado, deixei uma flor que tinha a uma santa e pedi a Deus para que cuidasse bem dos meus pais.
Estava na rua ainda à porta da igreja e vinham pessoas cumprimentar-me e mesmo que já tenham passado 10 anos, ainda me deram palavras de apoio. Sinceramente, não conhecia nem metade das pessoas que cumprimentei mas enquanto os meus pais eram vivos falavam-me sempre "Tens de ser sempre uma mulher bondosa e corajosa!" acho que essa frase tinha a ver com um filme qualquer que gostava de ver quando era pequena, talvez Cinderela... Mas é isso que serei! Bondosa e corajosa.
- Sofia está na hora, vamos?
- Claro avô, preciso de ir almoçar e descansar é que não dormi nada esta noite...
- Vamos então minha querida! - disse o avô a abraçar-me com uma mão pelo ombro
Despedi-me da Mariana e lá fomos...
***
Tinha já chegado a casa e a minha avó começou a fazer o almoço e enquanto isso, decidi pôr a mesa e subi para o meu quarto. Deitei-me à espera que me chamassem para ir almoçar e acabei por adormecer.
- Sofia, acorda vamos almoçar - sussurrou o avô
- Ãh? Quando? Porquê? Eu não estava a dormir, estava bem acordada! - disse eu meio ensonada.
- Vamos almoçar agora e porque falaste que tens fome ainda à pouco! Respondendo as tuas questões. E sobre o facto de dizeres que não estavas a dormir... tu ãh... tu estavas mesmo a dormir! - desse o avô a rir-se
- Impressão sua...
- Aposto que não...
-Não era para ir almoçar? O ultimo a chegar é uma batata podreeeee...
- Ahh isso não vale! Sabes que já não tenho idade para andar a correr assim como tu!
- NÃO CORRAM NAS ESCADAS! Cuidado podem cair! -disse a avó um pouco zangada
- Avô, a avó tem razão! É melhor não correr que o senhor pode cair, pois como o avô mesmo disse "já não tenho idade para andar a correr"-disse eu a conter o riso
- Ah ah ah que engraçadinha a minha menina... e eu falei que não tinha idade para correr como tu! Eu ainda sou um homem bastante atleta!
- Claro avozinho, claro...
- Não tinham fome? Comam e deixem de piadinhas! -disse a avó
- Sim senhora! - dissemos ao mesmo tempo
Terminamos de almoçar, levantei a mesa e fui para o quarto. Deitei-me e comecei a fitar o tecto e a pensar no dia de hoje até acabar por adormecer.
***
Acordo, e vejo as horas pelo telemóvel.
- Meu deus já são 22:34! Dormi tantoo... - disse ainda cheia de sono
Levantei-me e fui à cozinha comer e vejo os meus avós no sofá a ver televisão, aliás acho que já estavam era a dormir!
Fiz leite com chocolate e umas torradas com manteiga, arrumei tudo e fui à sala desligar a televisão, cobri os meus avós com um cobertor e voltei para o quarto.
Lavei os dentes, vesti o pijama e continuei a dormir.
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Olá! Como podem ter visto chamo-me Carolina. Este é o primeiro livro que escrevo e espero que corra bastante bem! Gostava que votassem nele e que principalmente comentassem o que estão a achar, o que é preciso melhorar... sejam sinceros! Espero que gostem!
Beijinhoos!
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Livro escrito e publicado por Ana Carolina B. em Wattpad.com
Os piores anos de SEMPRE!, direitos autoriais resguardados pela LEI Nº 9.610, DE 1998. Diga não ao plágio!
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Os piores anos de SEMPRE!
Teen FictionSofia é órfã, tinha perdido os pais aos 6 anos num acidente de carro no qual ela foi a unica sobrevivente. Desde então os avós ficaram a tomar conta dela. A rapariga tem 16 anos e já passou por muito, sofria de bullying no colégio por simplesmente n...