11| Mudanças

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Dulce bebeu o café fumegante, após bocejar, seus olhos ardiam de tanto cansaço. Até seu corpo mostrava sinais de fadiga.

― Amiga! Por onde você andou? ― Anahí sentou-se ao seu lado. ― Pelo jeito, estava bem ocupada ― disse entre risadinhas.

A moça espiou ao seu redor, o armazém possuía poucas pessoas a essa hora. Graças a Deus!

― Nós ficamos uma semana na fazenda. ― Esboçou um sorriso travesso.

― Quero todos os detalhes. ― A jovem loira se ajeitou no banco, animada.

Antes de começar a contar, Annie fez seu pedido para o desjejum. Ela aguardou servirem a amiga para não correr o risco de alguém escutar.

― Você tinha razão, eu me sinto tão confiante. É como se uma aura de liberdade e poder envolvesse cada fibra do meu ser, sabe? Tornando-me capaz de enfrentar qualquer desafio. ― Seus olhos brilharam entusiasmados. ― Não sei explicar, dessa vez algo especial aconteceu. Não que das outras não, mas... foi perfeito!

― É porque você superou seus bloqueios, Dul. É libertador mesmo!

― Em alguns momentos eu jurei que não conseguiria.

― Então, acho que você pode partir para uma nova etapa. ― Anahí arqueou uma sobrancelha.

― Nova etapa?

― Você possui algum lenço?

― Lenço? ― Dulce repetiu confusa.

A amiga riu, achando engraçado seu jeito desconexo. Por isso, resolveu esclarecer seu ponto de vista.

― Penso que está na hora de você confiar no seu marido. ― A jovem loira bebeu o líquido de sua caneca. ― De olhos fechados.

― O quê? Mas eu confio nele.

― Olha, tudo bem se não quiser tentar. É algo além disso, sabe? Da ousadia de um momento a dois... Daquela gana de ser apertada, entende? ― Ela pigarreou. ― Você tem que experimentar! Dul, deixe-se ser guiada por ele, pelos toques mais brutos. ― Mordeu um pedaço da broa de milho enquanto a moça refletia sobre o assunto. ― E, falando no bonitão, cadê o homem?

― No trabalho, ele precisará viajar. ― Desenhou círculos na mesa ao mesmo tempo que mencionava.

― Qual o problema? ― Annie indagou curiosa.

― Não gostaria de acompanhá-lo. Eu ando muito cansada, esses dias. ― Suspirou. ― Creio que esgotei todas as minhas forças. ― As duas gargalharam.

― Amiga, por que você não fica comigo? O Poncho também está viajando a negócios.

― Sério?

― Claro!

― Então, depois do café, passarei na delegacia para conversar com o Christopher.

Meia hora mais tarde, as duas saíram do estabelecimento. Elas discutiam alegres acerca dos próximos planos.

― Vejam só, as comadres juntas ― Lourenzo comentou. ― Pensei que a desonrada já tivesse partido.

― Por que não cuida da sua vida, energúmeno? ― Annie resmungou. ― Vamos, Dul! ― Puxou a amiga pela mão.

― Quer saber? ― A mulher parou de caminhar, retornando. ― Você não possui mais nenhum poder sobre mim. ― Olhou-o de cima a baixo. ― Nada mais pode acabar com a minha felicidade, muito menos o seu espírito de porco!

― Não cante vitória antes do tempo, docinho. Talvez eu possa...

― Do que você está falando?

― Deve ser um blefe desse mau-caráter ― Anahí disse desacreditada.

― Pois, eu creio que está na hora de cobrar uma dívida. ― Examinou Dulce passando uma mão no queixo.

A Dama de Vermelho - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora