Quando chego, minha mãe está arrumando a casa correndo.
- Mãe?
- Ah, meninas! - Ela corre até nós. - Vão tomar banho, vamos ter um jantar com o proprietário.
- Mas nós também precisamos ir?
Ela para de pegar as coisas no sofá e olha para mim.
- Mas é claro! Você não estava reclamando que deixei vocês sozinhas em casa?
Retiro o que eu disse mais cedo. Esse jantar vai ser um saco!
Me jogo no sofá.
- Não, não! Vai amassar a minha roupa!
Me levanto correndo.
Olho para onde sentei.
Vejo dois vestidos longos esticados. Um preto e o outro vermelho. São lindos.- Para que tudo isso, mãe?
Ela bufa.
- O restaurante que vamos é algo mais sofisticado. E eu quero causar uma boa impressão.
Alice, que ficou o tempo todo olhando e sorrindo para a nossa mãe, finalmente diz:
- Que legal! - Ela se senta e sua alegria vai embora. - Mas não seria mais legal se nós víssemos um filme?
Minha mãe para e a olha um tanto comovida.
- Que tal se nós vermos um filme quando chegarmos? A mamãe precisa ir nesse jantar, entende? É coisa de gente grande. - Acaricia o rosto da Alice.
- Tá bom! - Ela da um sorriso.
- Agora vá para o banho, ok?
Ela assente e corre para o banheiro.
- Esther - segura os dois vestidos perto do corpo - qual desses?
Reviro os olhos.
- Por que você não vai mais simples?
- Eu já expliquei! Me ajuda, filha.
Aponto para o vestido preto.
- Esse. Acho que com um salto ficaria legal.
Ela sorrir e me puxa até o quarto dela.
- Me ajuda na maquiagem? - Junta as mãos e faz uma cara de cachorro pedão.
Rio.- Tá bom! Senta aí.
- Eba! - Se senta correndo.
- Ok, você quer... algo mais simples? Ou algo mais formal? Talvez mais chamativo?
Ela me olha confusa.
- Existe a opção milagre?
Rio.
- Vou dar o meu jeito.
Ela ri.
Eu acabo de ajudar ela e vou para o meu banho.
Nós nos arrumamos e vamos para o carro.
Não demoramos para chegar ao restaurante.
O proprietário já está em uma mesa. Ele se levanta e puxa três cadeiras para nós quando nos vê.
- Olá! - Ele dá um abraço na minha mãe. - Como vai, senhora Smith?
- Bem, e o senhor? - Mesmo sem vê-la, posso saber que está sorrindo de oroa orelha.
- Senhor, não! - Ele ri.
- Estou bem. - Ele vem até Alice. - E você, pequenina? - Ele se abaixa e estende a mão para Alice.
- Bem. - Sorri e aperta a sua mão.
Depois, ele vem até mim.
- E você, Esther? Como está? - Me abraça.
- Estou bem, senhor.
Ele me olha um tanto estranho.
- Senhor não, por favor.
- Desculpe.
Ele ri e estende a mão para as cadeiras para que possamos nos sentar.
Ele e minha mãe estão conversando. Alice está colorindo e eu estou no celular.
Lembo-me do número de Ayla.
É uma lenda besta, mas acho melhor ter certeza.
Ouço ele dizer algo sobre um bom espaço.
Não messo as palavras, só as ouço sair:
- Com licença. - Raspo a garganta até vê-los prestar atenção em mim. - O senhor sabe o que vem causado tantas mortes no local em que a casa se encontra?
Ele arqueia as sombrancelhas.
- Já lhe encheram de baboseira?
Pelo visto, ele é mais burro do que eu imaginava.
- Então o senhor sabe das lendas? Pensa que são reais?
- Mochinha, você não acha que está grandinha demais para acreditar nisso?
Levanto uma das sombrancelhas.
- Mas eu não disse que acredito.
Ele ri e esfrega as mãos. Quando me vê reparando, as esconde.
- Crianças sempre acreditam no que dizem a elas.
Alice olha para mim.
- Pensei que o senhor tivesse dito que eu sou grande demais para acreditar nisso.
Ele morde os lábios com força.
- E não deveria mesmo!
- Sim, claro. - Respondo com um certo ar de deboche e vejo a minha mãe me repreender.
- Desculpe pelo encômodo, Sr. Miller. Esther anda muito estressada ultimamente.
Não ouço a resposta dele.
Volto para o meu celular.
É, talvez eu não esteja tão interessada, só estava afim de colocar fogo no parquinho.
Nós comemos, eles conversam por horas e vamos embora.
Quando chegamos, minha mãe está brava.
- Se troque e vá para cama, Alice.
- Mas nós não iríamos ver um filme?
- Vá para a cama. - Ela se irrita.
Percebo que Alice quase chora enquanto saí.
- Você não precisava ter falado daquele jeito com ela.
- A única que anda falando o que não deve é você! Onde já se viu, ser burra assim! - Ela está gritando, sem se importar com quem esteja ouvindo.
- Fale baixo, por favor.
- Você ficou maluca? Olha a vergonha que você me fez passar!
Por dó da Alice, não retruco.
- Desculpa. - Não deveria ter pedido desculpas, mas sempre pesso por hábito.
- Vá para a cama também. Estou cansada, não vou discutir com você agora.
Estou saindo quando ela diz:
- Mas amanhã vamos resolver isso.
Ferrou.
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Os Desejos Mais Sombrios De Uma Alma
Mystery / ThrillerEsther, uma garota de 16 anos mora com a sua irmã mais nova, Alice de 8 anos e a sua mãe, Fernanda. Após sete anos da morte de seu pai, sua mãe decide mudar para uma cidadezinha para conseguir trabalhar um pouco menos e passar tempo com as filha...