Quando a noite caiu, todos entraram na igreja, e apenas a luz das poucas velas iluminavam o local. Eu estava sentada no chão, com as pernas esticadas, enquanto afiava meu bastão de madeira que tinha manchas de sangue na ponta.
As crianças já dormiam, e apenas os adultos ficaram acordados, preocupados, haviam muitas assombrações em suas mentes para conseguirem caírem no sono.
Meus olhos foram para a cruz, analisando cada detalhe, pensando se realmente existia algum deus, e se ele fosse real, será que ele nos ouvia? Isso passou pela minha mente, enquanto passava os dedos pela minha corrente, em meu pescoço, que tinha uma cruz cravejada, não estava limpa, mas ainda tinha o significado que tinha quando minha avó me entregou antes de morrer.
- Seu pé tá melhor? - Daryl surgiu do meu lado, fazendo meu olhar deixar a cruz e o encarar.
Ele se sentou no chão, ficando mais próximo. Havia algo no ar, uma tensão, como se a gente não soubesse mais como agir perto um do outro.
- Ta. - respondi, me ajeitando.
Um pequeno silêncio se instalou, até que ele decidiu falar.
- Você me beijou.
- Você retribuiu.
- Mas você me beijou.
- Não foi a primeira vez. - respondi, o deixando quieto e levemente pensativo.
- Mas dessa vez, teve... sentimento.
- E nas outras não?
- Tiveram, mas não como dessa vez.
- É porque estávamos sóbrios.
- É verdade. - ele mordeu a bochecha, pensativo.
O encarei, e avistei sua mão, que estava em seu joelho, sem pensar duas vezes, coloquei a minha sobre a dele, fazendo-o me encarar, surpreso, mas um sorriso de canto surgiu em seus lábios comprimidos.
- Você acredita? - ele perguntou baixinho, enquanto apontava para a cruz.
- Não sei, acho que sim. Minha avó acreditava, e ela era bem... você sabe.
- Sei...
- Acho que as condições diminuem a fé.
O silêncio novamente se instalou no ar, apenas as vozes de Rick, Michonne e Carol eram ouvidas ao fundo, eles aprontavam as crianças para dormir. Estava frio, a igreja não era o melhor lugar para ficar escondido, não havia camas, não havia comida, apenas os vinhos que o Padre Gabriel mantinha escondido e bebia em seu quartinho, mas que havíamos descoberto e não sobrava muito agora.
- Amanhã Rick disse que vamos tentar achar comida.
- Você contou pra ele? - o encarei novamente.
- Não. Sabia que ia ficar brava se contasse pro seu irmão. E ele disse que você podia ir comigo.
- Não contou pra ele só pra gente ficar sozinhos?
- Que? Não! Claro que não! Eu não contei porque sabia que você ia sair escondida e acabaria machucando mais o seu pé.
- Ai que fofo, tão preocupado. - zombei, acariciando sua mão. - obrigada, por não ter contado.
- De nada.
Analisei a sua feição satisfeita. Como eu queria o beijar naquele momento, mas não podia, pois já era tarde e não éramos os único no local.
- Acho que eu vou dormir.
- Ah claro. - ele ia se levantar, mas puxei o seu braço, o fazendo ficar.
- Fica aqui. Lembrou que eu não posso correr? Caso algo aconteça. - Ele ficou quieto, enquanto eu apoiava minha cabeça em seu ombro, ainda abraçada em seu braço. Era confortável, não tanto como uma cama, mas era melhor do que dormir no chão. - boa noite.
- Boa noite. - sua mão descansou em minha cabeça, a acariciando até que eu adormecesse.
continua...
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Oi gente!
Espero que tenham gostado.
desculpe o atraso, eu queria muito escrever um imagine do Negan e da Sn, mas eu não consegui, mas quem sabe eu consigo.
Beijos, amo vocês :)