Lágrimas da Ascensão - Matar ou Morrer (1ª Temporada)

Capitulo 10

Radu

Acordo de mau jeito ainda largado pelo chão sentindo dores fortes por todo o corpo ... Confuso e desorientado eu tento me ajeitar e me sentar, quando então vejo um resquício de luz vinda de uma pequena rachadura que havia sobre o alto da parede de pedras da cela escura , deduzo que já havia amanhecido e suspiro em lágrimas, sem forças e já sem esperança...

— Sultana?! ..

— Abra! .. — Ouço o portão de ferro da cela se abrir e vejo então a forma dela adentrar a cela e parar diante de mim ... — Como pode? ... — Ela se abaixa me olhando com desprezo! ... — Como você, tão jovem assim conseguiu se livrar da morte? .. — Ela então segura firme o meu rosto! .. — Mas agora você não escapará, é o seu fim escravo!... — Sinto suas unhas cravarem em meu rosto e então a encaro de igual ...

— Você pagará por tudo o que está fazendo sultana, o Sultão regressará, e quando esse dia chegar ele saberá de tudo o que você fez ... — Viro e tiro meu rosto com força de seu toque e cuspo no chão a sua frente ...

— Hahaha tarde demais escravo imundo , há essas horas o seu Sultão já foi envenenado e logo dormirá para sempre em um caixão, e você apodrecerá aqui sem nunca mais ver sequer a luz do dia ... Mas mesmo assim, se acaso Murad regressar da morte, você nunca terá como provar suas acusações , não se esqueça que eu sou a sultana mãe deste império e estou no comando há mais de 30 anos, será a palavra de um escravo rebelde e fujão contra a minha... — Ela se levanta olhando torto ao meu redor e se vira saindo de cabeça erguida... Sem forças para lutar e ainda amarrado eu apenas tombo de lado no chão em lágrimas ...

Um dia já havia se passado desde que fui jogado e largado aqui ... a minha boca seca só se molha com as lágrimas que sempre voltam a rolar quando me lembro da humilhação que eu havia passado, em meus ouvidos as palavras da sultana, os comentários maldosos das escravas do harém, os olhares de reprovação e os risos alegres diante da minha humilhação me perturbavam em meio ao silêncio ensurdecedor da masmorra... Fraco eu me encosto sobre a parede fria de pedra e em lágrimas acabo adormecendo ...

Desperto novamente, e agora tossindo, sinto minha respiração falha, ainda deitado no chão de mal jeito, não sinto meus braços que continuavam amarrados para trás, sem forças para me levantar fico ali alguns instantes deitado de forma totalmente desconfortável até pegar no sono novamente ...

— O, Oque você está fazendo aqui? Sabe muito bem que as escravas não tem permissão para visitarem a masmorra ... — Fraco e quase desacordado ouço o que pareciam ser vozes....

— Oras, cale-se seu insolente, acha que eu não sei que você troca bilhetes com a cozinheira Valka? ... Então deixe-me ver o Radu agora, ou então contarei a Janet e a Gulag e você será decapitado pois sabe muito bem que no palácio ninguém pode se relacionar com nenhuma mulher a não ser o sultão! ... — Abro meus olhos lentamente e sinto minha respiração fraca, mas olho pela luz que adentrava por debaixo da porta duas sombras, de longe ouço a voz de Nilufer e sinto toda minha pele se arrepiar com um resquício de esperança ...

— Desculpe Nilúfer eu, eu ... Está bem ! Só um pouco ... Mas antes , deixe-me ver o que tem aí ... 

— Rum... São somente pão e água ... — Ouço a porta se abrir e Devido a claridade novamente tenho dificuldade para enxergar , mas sinto um toque e ouço, mesmo que abafado devido a fraqueza e a pressão baixa, a voz de Nilúfer ....

— Radu? Graças a Deus te encontrei ... — Nilúfer se ajoelha desamarrando minhas mãos e coloca minha cabeça em seu colo ... — Beba , por favor beba ... — Ela segura meu rosto e vira uma bolsa de couro cheia de água em minha boca ... O líquido desce rápido sem parada e eu seguro a mão de Nilúfer enquanto desesperadamente matava minha sede até quase me afogar... — Calma, vai ficar tudo bem ! ... — Nilúfer abraça minha cabeça e então puxa meu corpo para cima sobre o dela! Ela pega um pão e o corta sorrindo... — Trouxe para você! Você está há dias aqui sem comer ou beber nada! Fiquei muito preocupada , Maria e eu pensamos que o pior poderia ter acontecido ... Mas não! Você está aqui e logo ficará tudo bem....