Minha Ruína

Capítulo 111

Joshua

Acordei com a luz do sol batendo forte em meu rosto logo cedo.

Ou não tão cedo assim.

Oito e meia.

Para quem tem o hábito de acordar às cinco, a bebedeira me deixou na cama por mais tempo do que gostaria.

Preciso ir ao médico e fazer novos exames. Meu fígado vai acabar colapsando de tanto álcool.

Só que... é impossível não beber tendo Gracie tão perto.

Essa é minha forma de cair na cama e dormir uma noite inteira sem passar a madrugada toda revivendo tudo aquilo que passamos nos últimos meses. Sem ser atormentado por meus pesadelos que me assombram acordado.

Menti para Gracie ontem ao dizer que não queria deixar a senhorinha que encontramos no mercado constrangida. A verdade, é que foi extremamente satisfatório ouvi-la dizer: seu marido, o bebê de vocês.

Porra.

Como eu queria que essa fosse a nossa realidade.

Mas Gracie também mentiu para mim ontem. Quando perguntei se estava com desejo de outra coisa.

Então me lembrei do dia que liguei para Linda, e Chris quem atendeu. De ouvir ao fundo seu chamado por meu melhor amigo, dizendo que estava com desejo dele...

Caralho.

Não posso pensar nisso. Em uma Gracie cheia de desejo por sexo.

Eu mesmo já estou no meu limite depois de tanto tempo sem transar. Me tocar pensando nela jamais foi o suficiente. Nunca será.

Tive tempo apenas de vestir uma roupa e ir ao banheiro antes de passar pela porta do quarto aberta onde Gracie dormia e ouvi-la.

Me ajoelhei ao seu lado no vaso sanitário segurando seu cabelo com uma mão e massageando suas costas com a outra.
Quando acabou de vomitar, ela se sentou sobre os tornozelos e permaneceu por alguns segundos de cabeça baixa entre os braços.

- Tudo bem? - Perguntei ainda alisando suas costas.

- Desculpe. Só preciso de um minuto e já limpo a bagunça que fiz. - Assim que fechou a boca ela vomitou de novo.

- Vou chamar um médico. - Ofereci.

- Não é necessário, faz parte. Minha obstetra pediu que fosse vê-la apenas caso os episódios durassem mais tempo que de costume.

- Acontece sempre? - Perguntei aflito.

Não gostava de imaginá-la passando mal de forma recorrente.

- Tem sido assim de duas semanas pra cá. Geralmente no período da manhã. - Contou fazendo careta, muito provavelmente por causa do gosto ruim na boca.

- Tome um banho. Vou preparar alguma coisa leve pra você comer. - Gracie me encarou e pude jurar que segurava o choro. - Deixe a porta aberta. Qualquer coisa me grita. Tudo bem? - Ela acenou.

Ajudei-a a levantar, logo, pegando seu roupão e toalha, e antes que tirasse a roupa para entrar no box, sai do banheiro.

Não senti nojo ao limpar o quarto. Em muitas noites de bebedeira com Chris ainda quando estudávamos, ele quem sempre passava mal e eu quem sempre limpava suas bagunças.

- Você... limpou o quarto. - Gracie disse constrangida ao sentar à mesa vestida com roupas leves e de cabelo molhado.

- Não precisa ficar envergonhada por isso. - Servi seu prato com ovos mexidos, mas essa foi uma péssima ideia, já que ela colocou a mão tapando o nariz e a boca, e afastou o prato.