capítulo 2

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Capítulo 2:

Eu acordei…

        Acordei desejando ver aquela mulher novamente, e sentir aquela energia percorrendo meu corpo como na vez em que segurei a mão dela. Era macia, quente e cheirosa, em minha opinião, por mais suspeita que seja, não haveria nada mais sublime do que o toque dela sobre mim. Mas, eu não poderia admitir tal coisa em voz alta, havia uma promessa a ser cumprida com Hailly, e com Hanna.
   — Espere Johnny, deixe- me ver se entendi bem. — disse Carl, meu amigo mais antigo. — Me conte... você não quer participar da minha festa de aniversário porque tem de cuidar de sua irmã que já é uma mulher crescida? — eu conseguia entender sua indignação, afinal... eu devia ao Carl, dois anos de amizade.
   — Eu preciso fazer isso. — respondi convicto. — Não posso deixar que Hanna cuide de Hailly sozinha. Você sabe disso.
       — Sua família não irá morrer se você tirar os olhos dela por um segundo, Jhonny. — insistiu.

Carl, era um homem medianamente alto com seus um e setenta e cinco centímetros de altura, apesar de termos a mesma idade e de eu facilmente admitir que ele é mais bonito, Carl deixou sua barba crescer o suficiente para competir com o seu cabelo castanho mel —, o que me lembrou o cabelo de outra pessoa. Seus olhos eram verdes como a superfície de um lago em dia de verão, o que sempre despertava o interesse de artistas, inclusive fora assim que conheceu sua esposa. Sua roupa era um terno mais informal, mas sempre bem ajustado ao seu corpo musculoso, o que muitas vezes era descrito pelas mulheres como o corpo ideal de um homem. O vi tirar o blaze e o colete azul, ficando mais à vontade comigo, com a camisa branca desabotoada na parte de cima.
    Muitas vezes eu o confundia com um jovem canguru disputando tamanho de músculos comigo, e sempre era ele quem perdia.

Tinhamos o costume de sempre bebermos juntos no horário das vinte horas da noite na minha parte preferida da casa dele, a varanda. A casa do meu amigo era simplesmente algo impossivel de sonhar em ter aos vinte e um anos, a menos que fosse herdeiro. Mas, Carl sempre argumenta que a herança não é nada na mão de um homem tolo. O que... infelizmente eu concordava com ele.
A humildemente chamada “casa” era na realidade uma imensa mansão, algo que só perdia para as residências de duques e barões, ela cobria um território pequeno apesar do tamanho, e recebia frequentemente a visita de duques e viscondes. Muitos inclusive já questionaram o porque de Carl não ser recebido na nobreza como um visconde ou barão.
A realidade é que ele evita até mesmo o próprio trabalho com o banco da sua família. Sempre preferiu aprender a ganhar dinheiro com a arte de sua esposa e a própria como músico e escritor. As mulheres se deleitam na sua escrita romântica e fantástica. A casa era de fato belíssima, principalmente no verão, e era do lado de um belo lago. Eu teria gostado de crescer ali, de crescer com ele. Não há amigo por quem eu mais zele, do que o Carl Ford, portanto... era impossível que eu não entendesse sua indignação ou a sua reclamação. Eu devia isso a ele.

           — Eu já disse, e repito, não poderei. — exclamei firme. — Por favor entenda isso.

— Muito bem... — suspirou inconformado. — Direi a Rita, para que tire o seu lugar à mesa. Ou quem sabe... deixe pra lá. — comentou desanimado.

Carl se pôs de pé, pegou meu copo, ainda cheio, e virou garganta dentro. Estava claramente magoado com a minha decisão. O observei em completo silêncio, ele ir para dentro, seus ombros caídos, indicavam o grau de seu desânimo. Pensei no quanto Penelope, ficaria sobrecarregada tentando animar aquele homem, mas Carl a amava como se seu amor pudesse preencher cada maldito centimetro de cada oceano. E ninguém poderia sequer ousar questionar isso.
Eu invejava o meu amigo, não por ter uma mulher tão bonita e tão inteligente ou simpática, eu o invejava por claramente ser capaz de amar outra pessoa de forma tão sublime, linda, vivida e arriscada, como ele a amava. Eu queria ser capaz disso. 
Como eu queria...

A Queda Das EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora