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CHASINA CIRCE,
PASSADO 23 ANOS

No Complexo, apesar de termos segurança, deveríamos aprender que em qualquer momento poderíamos ser mortos. Esse era o fato mais aterrorizante, eu diria, por isso que eu sempre estava com minhas pupilas, para que ninguém as matasse enquanto elas não aprendessem a se defenderem devidamente. Com Daisy e Lin, eu treinava seus movimentos de forma calma e precisa.

Eu não gritava ou xingava quando eles erravam, não. Eu apenas mostrava o que estava errado e pedia para eles repetirem até acertarem. As crianças daqui são subestimadas, mas sempre mantenho um olho aberto com aqueles que eu não conhecia bem. Como pupila alfa desse lugar, desde que tive minha iniciação, as pessoas começaram a me olhar com mais admiração e desprezo. Era algo simples, não somente tinha eu como pupila alfa, tem Cindy, Sophia e Conrad — que graças a Deus está em outro país. Ele me odeia porque eu não retribuo seus sentimentos, mas, novamente, não era algo que eu me importava.

Sentada com Daisy e Lin no tatame, eles brincando um com o outro, um dos treinadores fala que May está esperando por mim em seu escritório. Era inusitado já que eu não tinha nada com ela hoje, mas me levantei mesmo assim. Eu tinha receio que deveria voltar para Wilmington em breve visto que minha irmã está se metendo em encrenca, deve ser isso que May quer discutir.

Já em seu escritório eu bato em sua porta, eu entro me deparando com uma May de feições tristes, duas crianças sentadas na cadeira a sua frente. Uma linda menina de pele negra, com cachos rebeldes, mas feições dolorosamente bonitas e um menino ao seu lado, o tom de pele um pouco mais profundo do que o da menina. Tinha restos de comida na frente deles e as crianças pareciam querer fugir, porém não tinha medo em seus olhos.

Eu vou mais para perto e May finalmente diz:

— Essa é a Liz — aponta para a menina que me encara friamente. — E esse é Knox — o menino me encara, mas diferente da menina, seus olhos são mais gentis e desconfiados.

Eu inclino a cabeça e engulo o suspiro ao ver o braço da menina, cheio de cicatrizes, queimaduras, cortes, arranhões e roxos. Seu braço estava completamente destruído, eu engulo minha reação e me viro para May que apenas acena. Eu sei o que ela queria que eu fizesse. O menino me olhou esperançoso, eu me agacho na frente dos dois e digo:

— Meu nome é Chasina — a menina nem mesmo pisca. — Vocês podem confiar em mim.

— Prove — a menina sussurrou finalmente me encarando, o menino pareceu querer repreender ela por tal coisa. — Prove que podemos confiar em você.

— O que você quer que eu faço para provar? — questionei. O que ela quisesse, eu faria. A menina olhou para os seus braços e disse:

— Sangre — um pedido curioso, mas eu entendia o porquê. Acenei com a cabeça e peguei uma tesoura da mesa de May, então, olhando para ela, eu fiz um corte em meu braço igual ao seu. O sangue pingou no chão, e a menina, ao ver que eu nem mesmo gemi de dor, sorriu.

— Não —o menino pulou segurando meu pulso. — Desculpe — sussurrou. — Ela não queria dizer isso...

— Eu queria — a menina retrucou.

— Agora, você confia em mim? — questionei. O menino me olhou com pena, e pediu desculpas novamente, eu sorri para ele dando uma piscadela dizendo que não doía. Não mais.

— Vamos ver — foi tudo que a menina, Liz, disse.

PRESENTE

Meu coração batia violentamente contra meu peito, meu corpo ardia e parecia que eu não estava com voz. Eu só conseguia pensar nele. Em suas mãos, em seus lábios, em seu toque, em seu calor.

DARK ANGEL (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora