O que acontecerá se tu não estás?

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* Baseado nos episódios 30, 31, 32, 33 e 34 de Bir Zamanlar Çukurova

"Não lamentes os prazeres do passado,

Garante que se hão de repetir de uma outra forma.

Um bebé satisfaz-se com o leite materno

Mas, assim que cresce, descobre uma nova alegria no pão e no mel.

A alegria surge de diversas formas,

Move-se de um sítio para o outro.

Pode aparecer subitamente na chuva que cai

Ou nas pétalas de uma rosa;

Surge agora como água,

Como encanto ou alimento nutritivo,

Mas, de repente, a sua face revela-se por detrás do véu

E destrói todos os ídolos que te impediram de alcançar o divino.

Durante o sono,

Quando a alma abandona o corpo, tu podes sonhar que és um enorme cipreste

Ou uma bonita rosa,

Mas tem cuidado, amigo,

Todos estes fantasmas se dissipam no ar

Assim que a alma ao corpo retorna.

Não confies em nada a não ser no teu coração".

Rumi

Quanto amor pode ser contido nas páginas de um livro ou dentro de um coração? Não há limites para as palavras, nem para a intensidade com que um amor pode ser gravado dentro de um coração ou dentro das páginas de um delicado livro amarelado pelo tempo, composto por inúmeras letras que refletem a verdadeira expressão dos nossos sentimentos. As palavras, tal como os sentimentos, podem atingir a eternidade, contendo em si toda a essência e a pureza de uma das emoções mais bonitas que um ser humano pode sentir e viver. O amor! O amor, quando é verdadeiro, sobrevive às impensáveis tempestades que nos escurecem o coração e a alma ao longo da nossa existência. Se nos colocarmos diante da imensidão e da pureza de um sentimento verdadeiro como o amor, tornar-nos-emos uns pequenos seres de luz que caminham pela terra, mas, se não encontrarmos o amor, passearemos por pequenos trilhos da vida, tentando encontrar o sentido ou a alma da própria existência humana. Haverá, por isso, vida sem amor? Sem amor caminharíamos como seres inanimados, sem alegria e sem qualquer ambição de existência de um futuro. Será possível vivermos parte da nossa vida sem sermos felizes? Podemos até viver sem nunca nos perguntarmos se somos verdadeiramente felizes, se conhecemos o significado da palavra felicidade, mas a dúvida existirá sempre dentro de nós como uma corrente que nos agarra e aprisiona.

Claro que podemos viver uma felicidade enganadora! Podemos até viver uma vida inteira sem sabermos qual o significado da palavra felicidade... Nós construímos a nossa própria felicidade, sustendo-a nas pequenas alegrias do dia-a-dia, mas isso não significa que possamos alcançar ou sejamos verdadeiramente felizes nesta vida. Às vezes seria necessário serem vividas muitas vidas para que pudéssemos afirmar que somos felizes. Para podermos dizer, com clareza, que em uma das nossas vidas, fomos realmente felizes! A Sra. Hünkar Yaman é um claro exemplo disto. Desde o momento em que foi obrigada a casar com Adnan Yaman, no auge da sua juventude e beleza, que passou a viver uma aparente felicidade. Numa vida luxuosa dentro da Mansão Yaman, tornando-se na Grande Dama de todos, criou o seu próprio modelo de felicidade. Se era uma felicidade real ou aparente, ninguém a podia questionar ou descobrir, pois apenas a Grande Dama sabia se a vida que tinham escolhido para ela um dia lhe trazia alguma réstia de felicidade. Teria sentido a luz da felicidade espreitar alguma vez por entre os dedos das suas delicadas mãos? Em tantos anos ao lado de Adnan e, sobretudo, como viúva de Adnan Yaman, a única real fonte de felicidade de Hünkar foi o nascimento de Demir, o seu único e amado filho. O motivo pelo qual alguma vez tinha acreditado na palavra felicidade foi, sem dúvida, a existência de Demir! Demir foi a alegria da sua vida, a luz dos seus olhos. A aparente felicidade da Sra. Yaman nunca foi percebida por ninguém, o quão ela era boa a omitir a angústia e dor que viviam dentro dela por anos e anos! Agora, aos 54 anos de idade, no outono da sua vida, quando poderia viver tranquilamente com um filho criado e formado, continuava a viver no seio da própria felicidade, daquela que ela criou na sua juventude para esconder os seus segredos mais íntimos. Mas uma luz tinha surgido na sua vida e tentava quebrar toda a escuridão que vivia dentro da sua alma e do seu coração. Esta pequena, mas intensa luz, chama-se Ali Rahmet Fekeli, o seu eterno amor de juventude.

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