I - Capítulo Único

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“O céu está lindo, não está?” O homem de cabelos castanhos — Cellbit, aquele híbrido de gato — falou calmamente, porém, feliz, sorrindo genuinamente. Seu sorriso era o mais lindo que o híbrido de pato já tinha visto, principalmente pelo fato dele ter aqueles pequenos dentes caninos e pontudos extremamente semelhantes a de um gatinho — a qual era sua espécie, de certa forma. Aos olhos do “pequeno patinho”, o homem bem ali na frente dele era incrivelmente deslumbrante, uma obra de arte.

Sorrindo feito um bobo, Quackity se aproximou de Cellbit, o qual era o seu amado, envolvendo lentamente seus braços pela cintura dele, o abraçando por trás. Se moveu para mais perto, colocou levemente sua cabeça no ombro do mais alto, apoiando seu queixo ali, e então em sequência lhe deu alguns doces e curtos beijos na bochecha.

“Está tão deslumbrante quanto você, mi cariño.” Falou Quackity, um tom apaixonado tomando conta e forma de sua voz.

Se tinha uma coisa que o garoto Mexicano adorava era passar os finais de tarde com seu Brasileiro, o qual era o seu amor, o qual sentia que poderia finalmente ser sua alma gêmea. Eles passavam as horas desde o início do pôr do sol até o início da noite conversando, admirando os belos cenários; dizendo tchau para o astro sol e olá para a magnífica lua. Beijavam-se, abraçavam-se, trocavam carícias... tudo o que poderia fazer você se sentir no paraíso, no melhor dos melhores sonhos com a pessoa que você ama.

“Cariño...” Ele o chamou por Cellbit com um tom um pouco mais sério em sua voz, retirando-se do ombro do namorado, porém, ainda o segurando delicadamente na cintura. Quackity o virou para si para conseguir o encarar nos olhos — aqueles belos olhos claros; seu olhar apaixonado e todo bobo, como sempre. “Sei que já te disse isso milhares de vezes, mas, yo quero que saibas, que tenha a ciência, de que eres o homem mais belo deste mundo.” As mãos quentes de Quackity apertaram um pouco mais a cintura de seu amado, o trazendo para mais perto o possível. “Eres mi mundo, mi pasión. Eres mi novio, mas acima de tudo, eres a persona que quero passar o resto de mi vida.”

Por algum motivo, cujo Quackity não conseguiu captar, o Cellbit não o correspondeu com palavras, mas sim com um firme e quente abraço. Os dois braços dele envolveram Quackity por debaixo da jaqueta que ele estava usando, o aquecendo ainda mais no que estava a começar por ser uma noite fria ao redor do casal. Quackity então o abraçou de volta, o apertando firmemente contra o próprio corpo para senti-lo ainda mais perto, e novamente, pousou seu queixo no ombro de seu amor.

Quackity se sentia completamente aquecido e amado novamente. Seu coração pulsava rapidamente por conta da ansiedade de suas palavras românticas direcionadas ao seu quase cônjuge, mas seu corpo estava leve pela sensação de amor, pelo fato de que, depois de muito tempo, até depois da morte de Tilin, ele estava sendo amado; Quackity estavam sentindo amor novamente, e melhor, estava conseguindo amar de volta!

Mas então... uma sensação horrível começou a percorrer pelo delicado corpo do híbrido de pato. Ele já não estava mais se sentindo tão quente, mas sim gelado. O aperto de seu amado agora estava se tornando sufocante, ele sentia-se como se estivesse prestes a morrer. As palavras começaram a embolar na sua garganta até formarem um dor agoniante, não o deixando sequer engolir a própria saliva. E então, num piscar de olhos, tudo o que ele conhecia como um cenário bonito, escureceu, desapareceu. [...] Aos poucos em que ele foi conseguindo abrir os olhos, percebeu que toda sua visão estava turva, e tudo o que ele conseguia enxergar era a tonalidade azulada do que ele estava supondo ser água, provavelmente do mar ou algum rio. Ele via figuras que se pareciam como peixes, uma pequena quantidade deles, nadando próximo à ele. Também conseguia avistar algumas algas se movendo e dançando por debaixo d'água, as quais sua mente gritava que estavam rindo e comemorando sua dor que estara chegando.

Seus pulmões estavam se enchendo completamente de água, o fazendo gritar e jorrar bolhas aquáticas por toda a região em que e encontrava — o que apenas piorou o seu estado. Quackity começou a ficar ainda mais sem ar, o que querendo ou não, o fez se “acalmar” e parar quieto, parade tentar gritar; afinal quem o ouviria?

Toda aquele sensação boa de estar quente, de estar com Cellbit, não se passava de uma ilusão criada na sua cabeça para tentar o confortar — ou o torturar ainda mais — enquanto se afogava, se asfixiava lentamente debaixo d'água. Internamente, Quackity implorava para sua mente trazer as memórias boas de volta, para tirá-lo de sua atual realidade, porém, sua mente apenas bloqueou a fantasia em seu modo inconsciente, deixando apenas o desejo ardente e dolor de querer voltar para aquele tempo, àquelas memórias.

Mais lembranças martelaram a cabeça de Quackity, assim como a culpa por seus pecados. Talvez se ele tivesse cuidado melhor de Tilin, se ele tivesse sido um pai melhor, talvez ela estivesse viva. Se ele não tivesse sido tão rude, ou tão estranho como se julgava, talvez seu amado não tivesse escolhido outro. — A maldita lembrança do casamento de Cellbit com o outro ainda o machucava. Mas o que ele poderia fazer agora? Nada. Absolutamente nada.

Quackity sentiu o seu batimento cardíaco ficar mais rígido, como se seu coração estivesse implorando por ajuda junto de seus pulmões, e realmente estava. Ele sentiu todo o corpo pulsando...

e pulsando...

e pulsando...

E então, tudo parou. Seus olhos não estavam mais ardendo pelo escorrer e sentir da água, seus pulmões não estavam mais o cortando e sufocando, e seu corpo não estava mais gelado — contudo, longe de estar quente. Ele não conseguia mais enxergar nada na sua frente. Algas, Peixes, pedras... nada; Apenas um grande borrão. Porém, algo estava em começara a se formar perto dele, o decepando na guilhotina como o seu juízo final.

Quackity podia enxergar um borrão maior, como se fosse o formato de uma pessoa, e ele tinha certeza que era Cellbit, não em sua mente, mas bem ali na sua frente, por mais absurdo e louco que pareça. Obviamente sua mente estava brincando com ele, mas ele não parecia saber, ou simplesmente ligar para isso.

Quackity estendeu a mão dele bem na direção de Cellbit que logo a agarrou e começou a trazê-lo para perto, o arrastando levemente até si mesmo com a ajuda da água. Quackity sentiu o toque quente de Cellbit envolta de seu torso, e quando ergueu o olhar percebeu que seus rostos estavam próximos, mais próximos do que nunca tinham ficado antes. Um sorrisinho mínimo surgiu nos lábios do “patinho” enquanto algumas bolhas de ar saíam dentre seus lábios, a visão de seu amado ali bem na sua frente era simplesmente o seu paraíso, e ficou ainda mais quando percebeu que Cellbit começara a se aproximar ainda mais.

Os olhos de Quackity se fecharam lentamente, seus ser apenas ficou na espera pelos lábios de Cellbit encostarem nos seus e formarem o mesmo beijo apaixonado que se deram uma vez no passado, porém, tudo o que de fato recebeu foi um aperto ainda mais gelado dentro de seu peito que fez seu corpo ficar ainda mais leve; e assim como antes, Quackity não podia mais ver ou sentir alguma coisa, pois tudo tinha simplesmente escurecido e desaparecido novamente.

Sweet Illusion - ChaosDuo QSMPOnde histórias criam vida. Descubra agora