Montado em um Cavalo Pálido

Capítulo 27

"Para onde devemos ir a seguir?"

Rick balança a cabeça, esfregando os dedos da mão boa nos cabelos. Ele sempre se esquece do pulso machucado, embora seja sempre rápido lembrá-lo de como ele é burro por fazer isso. Enquanto eles se afastam das instalações em outra viatura, ele não pode negar que se sente melhor. Suas pernas não doem tanto e ele pensa que talvez, se colocarem distância suficiente entre elas e o corpo de Pestilence, o controle sobre sua mente desaparecerá e ele será capaz de andar livremente novamente.

Ele precisa ser capaz de começar a se mover o mais rápido possível. Assim, eles são lentos e desajeitados e não é preciso ser um gênio para descobrir que alguém em uma cadeira de rodas não dura muito no mundo em que vive agora. De vez em quando ele dá um empurrão cauteloso nas pernas, tentando se esticar no banco de trás. É um ajuste desconfortável, já que a cadeira de rodas está do outro lado do banco traseiro, prendendo-o e dobrada desajeitadamente, colocada ao lado dele.

Daryl se vira no banco do passageiro, olhando para ele enquanto ele flexiona os dedos dos pés e solta outro silvo agudo de dor. "Rick?" ele arrisca, e Rick levanta os olhos. Desde que Daryl confessou a ele o que tinha visto, como ele pensava que Rick estava morto, Rick não consegue se livrar da sensação de que Daryl está finalmente sentindo aquela dor e saudade que Rick sempre sente quando estão muito distantes um do outro. Daryl parece preferir ficar enrolado no banco de trás com Rick, mas a cadeira de rodas não caberia no banco do passageiro com Merle e eles precisam de tantos olhares para frente quanto puderem.

Rick dá um sorriso fraco e balança a cabeça, fechando os olhos. "Não sei", ele responde.

Daryl aperta os lábios e acena com a cabeça, os olhos desviando por um momento antes de pousarem no rosto de Rick novamente, como se ele não conseguisse desviar o olhar por mais de um segundo de cada vez. "A guerra é tudo o que resta", diz ele calmamente.

Rick acena com a cabeça, pressionando os lábios. Guerra, depois a própria Morte. Ou pelo menos o recipiente físico da Morte, o que significa ele. Ele não sabe se Daryl simplesmente esqueceu o que Rick lhe disse, ou se ele deliberadamente não está mencionando o assunto na esperança de que, com um alvo diferente, Rick possa perder o controle. Como ele poderia. Desde que começou a ter seus sonhos, Rick sabe exatamente qual tem sido seu destino. Ele deve morrer, o último prego no caixão do mundo, antes que possa haver paz.

"Eles provavelmente foram se juntar àquele outro grupo de quem vocês estavam falando," Merle interrompe, mastigando um pedaço de carne seca ruidosamente no banco do motorista. Ele está voltando para onde o caminhão foi desmontado para que eles possam pegar a motocicleta de Daryl e o resto dos suprimentos. Esperemos que não tenha sido tomado ou eliminado por oportunistas. Há caminhantes alinhados nas estradas e eles atacam e rosnam para o trio enquanto eles passam na viatura, mas é quase como se eles estivessem com muito medo de realmente persegui-los. Talvez eles percam o interesse muito rapidamente, ou talvez estejam bem alimentados, mas Rick gosta de pensar que eles sabem exatamente quem está no carro, quem está matando seus mestres.

Rick sabe que deveria ter algum poder sobre eles, mas por mais que tente, não consegue cair nessa mentalidade que às vezes vem a ele tão facilmente. Quando ele levanta a arma e atira para matar, quando está pronto para receber uma nova alma pela porta da Morte, ele se sente frio e seguro. Ele tem certeza , mas agora se sente tão fraco quanto um cordeiro recém-nascido e quase igualmente perigoso.

"Devíamos ir," Daryl diz depois de outro momento, virando-se novamente em sua cadeira. "Tente encontrá-los."

"Eles não vão acreditar em nós", responde Rick. "E estou ferido. Mesmo que eu possa andar novamente em breve, não posso atirar com a mão direita. Minha mira é uma merda com a esquerda, se eu conseguir descobrir como atirar. Sou um risco."