Voltamos pra Zona Militar antes que alguém notasse nosso sumiço. Ethan estava mais tenso do que em qualquer outro momento, como se o encontro com Lara tivesse levado toda sua paciência embora. Queria poder dizer alguma coisa pra ele, mas tinha certeza de que nada do que eu falasse iria adiantar naquele momento. Então nós três voltamos para o dormitório dele em silêncio.
—Oi, pessoal. —Sawyer abriu um sorriso assim que entramos. Ele estava deitado na sua cama, encarando o teto como se de repente ele passasse a ser muito interessante. Balancei a cabeça negativamente, me arrastando até o beliche antes de subir pra cama dele e me deitar ao seu lado. —Onde vocês estavam? Eu sai do banheiro e vocês tinham sumido.
—Dando uma volta por aí. —Eliot se sentou na cama de Ethan embaixo da nos, enquanto Ethan encarava a cama de Gates, como se pensasse longe. —O babaca não veio pro dormitório ainda?
—Hm... não. Eles ainda estão procurando por Gia. —Sawyer girou a cabeça, me lançando um olhar tenso. Mas eu sorri pra ele, passando meu braço pelo dele, querendo deixar claro que estava tudo bem. Não iria entregá-lo. Não depois de ele literalmente matar ela quando estava tentando me ajudar. —Laís esteve aqui.
—Procurando por mim? —Eliot indagou na mesma hora, fazendo Ethan lançar um olhar curioso na direção dele.
—Que cara é essa? —Ethan se sentou na cama de Gates, ainda olhando para Eliot. —Laís voltou a te ignorar depois que vocês dormiram juntos?
—Você sabe? —Questionei, enquanto Sawyer erguia a cabeça atrás de mim, soltando um "o que?" incrédulo, como se imaginar Eliot e Laís fosse algo impossível pra ele. Era impossível pra mim também, até eu vê-los juntos.
—Eu contei pra ele. —Eliot murmurou, soltando um suspiro abafado. —E não, ela não está me ignorando. Mas também não está facilitando as coisas.
—Uau! —Sawyer se ajeitou ao meu lado, voltando a encarar o teto. —Bom, ela não estava te procurando. Ela estava atrás da Hannah, na verdade. Mas ela disse que não era nada importante, então... acho que está tudo bem.
Me sentei na cama de Sawyer, cruzando minhas pernas embaixo do meu corpo, enquanto observava a silhueta de Ethan e Eliot na cama de baixo. Não conseguia pensar no que Laís poderia querer comigo, além de falar sobre Cold, ou talvez até mesmo sobre Gia. Mas não queria falar sobre qualquer um dos dois, com qualquer pessoa que fosse.
Eliot se recolheu para o próprio dormitório, enquanto eu apenas desci para a cama de Ethan, me agarrando a ele antes de tentar dormir. Sonhei que Gia havia voltado e tentado me matar, aparecendo sobre a minha cama com aquela faca na minha garganta. Acordei assustada e com o coração na boca. O dormitório ainda completamente escuro. Podia ouvir o som da respiração de Sawyer na cama de cima, mas não havia qualquer sinal de Gates na cama ao lado.
Não dormi mais depois daquilo, sentindo uma sensação estranha na boca do meu estômago. Depois do que ouvi de Gates, estava começando a esperar que o presidente ia aparecer a qualquer momento e atirar na cabeça de Ethan e eu. Talvez acabássemos da mesma forma que Tyler, sem nem fazer ideia da verdadeira história por trás de nossos pais e dos rebeldes.
Quando amanheceu eu me arrastei para o meu dormitório, antes de ir para o treinamento. Fiz tudo no modo automático, enquanto escutava os sussurros pelos corredores, de que Gia não havia sido encontrada e já havia sido dada como morta. Não me senti nem um pouco mal com isso e me perguntei se estava me tornando Cold de alguma forma. Mas então me lembrei do que ela havia feito comigo e parei de pensar no que deveria ou não estar sentindo com essa morte dela.
Lara deu sinal de vida mais rápido do que eu estava esperando, enviando um recado pelos amigos de Eliot da cozinha. Iríamos falar com Amara essa noite, quando todos estivessem dormindo. Era uma tentativa, que tinha grandes chances de dar errado. Ela ainda deixou claro que deveríamos desistir, mas vi pela expressão no rosto de Ethan a determinação irredutível, de quem não estava pronto para desistir agora.
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Em Destruição
Ficción GeneralO mundo sucumbiu as guerras e os países se tornaram ruínas. Agora, décadas depois, as pessoas precisam viver em zonas de contenção no subsolo, impedidas de ir além dos muros que cercam o complexo em que vivem. Cada um tem um papel crucial nessa nova...