CAPÍTULO 32

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               ANTHONY FERRAZ

                  DIA SEGUINTE


Eu acordei bem cedo para correr pelo condomínio e passei em uma floricultura perto do condomínio. Comprei dois vasinhos de cactos para Melinda e um buquê de rosas vermelhas. Não acho elegante dar cactos por serem espinhosos, mas se ela ama, também vou aprender a amar os espinhos. Ela começou o curso teórico técnico para tirar a CNH, mas disse que só a de carro. Nas palavras dela, andar de moto seria apenas como passageiro e confiaria somente em mim para isso.
Chego em casa e encontro Marlucia na cozinha.
— Bom dia, Marlucia. — Beijo sua cabeça.
— Bom dia, Tony. O café já está pronto.
— Obrigado, Marlucia. Vou acordar minha mulher maravilha para tomarmos café juntos.
— Ok. — Deixo Marlucia sorrindo na cozinha e vou atrás da minha Melinda. Ela ainda está dormindo. Eu a acordo com vários beijinhos por todo o rosto e ela sorri.
— Sabe que já me acostumei com esse tratamento, não é mesmo?
— É para se acostumar mesmo, mulher maravilha.
— Ah, não, Anthony. Não começa.
— Com o quê?
— Com essa história de mulher maravilha. Da última vez, você ficou estranho comigo, e não gostei da forma como tem me tratado desde então. — Ela faz um bico com o rosto fechado. Ela nunca fica brava, e é muito lindo vê-la fazer beicinho. Eu vou até ela e dou um selinho em seu bico.
— Estou apaixonado pelo seu biquinho. — Ela busca meus olhos e depois fica envergonhada. Vou me declarar para ela de uma forma grandiosa. Ethan tem razão, não se pode fugir do amor quando já se está amando. É meio burrice lutar contra algo que não tenho a menor chance de vencer.
— Te comprei mais dois vasos de cactos. Eles estão lá na sala. — Seus olhos brilham.
— Sério?
— Muito sério.
— Muito obrigada, Anthony. — Ela me beija com entusiasmo, e eu a agarro e a levo para o banheiro.
— Quero meu pagamento. — Ela gargalha, e então nos tranco no banheiro.
Depois da nossa brincadeira deliciosa debaixo do chuveiro, vamos juntos para a sala e tomamos nosso café juntinhos. Ela vai comigo para o mercado, e de lá ela vai com Tom para a aula na autoescola.
— Animada para sua aula teórica? — Pergunto a ela, beijando seus cabelos.
— Ansiosa e apreensiva, animada não. — Ela sorri para mim.
— Vai dar tudo certo. Estou torcendo por você. — Falo, beijando sua boca.
Descemos de elevador e, diferente de todos os dias, eu a chamo para irmos andando. Quero mostrar para ela a floricultura.
— Por que estamos andando por aqui? — Ela pergunta confusa. A floricultura fica a uma quadra do apartamento em que moramos, um bom lugar para vender flores, e estou contando que meu plano dê certo.
— Quero te mostrar uma coisa. — Falo, beijando sua testa. Caminhamos juntos de mãos dadas. Demoramos 10 minutos para chegar à floricultura. Ela me olha sem entender o que estamos fazendo ali, já que acabei de comprar os cactos e as rosas. Uma senhorinha muito simpática chamada Vera me vendeu a floricultura. Tá certo que paguei o dobro do valor avaliado, mas acredito que compensou.
— Bom dia, Melinda. — Vera saúda Melinda, que sorri para a senhorinha alegremente.
— Bom dia, Vera. Como a senhora está? — As duas se tornaram amigas há alguns dias, quando eu a trouxe para comprar alguns cactos e flores para enfeitar nosso apartamento. Eu me afastei mentalmente de Melinda, não fisicamente, apesar de sentir que ela notou meu distanciamento. Estava confuso comigo mesmo.
— Estou bem, Linda. Seu namorado me disse que você tem desejo de trabalhar com flores, ele está certo? — Ela pergunta, conduzindo a conversa de forma agradável. Não quero que ela se assuste no início.
— Sim, sinto falta de estar em contato com as flores. Sempre tive contato com elas e acredito que me acostumei com os cuidados.
— Que maravilha, Melinda! Porque estou precisando de uma ajudante aqui na floricultura. Eu comentei com Anthony e ele me indicou você. — Ela olha para mim com tanto carinho e admiração que acho que ganhei o meu dia. Meu coração bate forte. Esse sentimento que tenho por Melinda só cresce a cada dia, e não tenho para onde correr. Só peço a Deus para que seja recíproco e que dure.
— Você... você... — Ela me abraça, chorando.
— Eu espero que essas lágrimas sejam de alegria, Melinda. — Eu falo, abraçando-a forte e até tirando seus pés do chão, e ela sorri.
— É sim, você acabou de me fazer a mulher mais feliz do mundo, Anthony. — Ela fala emocionada. Eu beijo seus lábios.
— Que bom que contribuí para sua felicidade, meu amor. — Ela suspira em meus braços, eu a coloco no chão, e ela vai abraçar a senhora.
— Muito obrigada por me dar essa oportunidade, Dona Vera. A senhora não vai se arrepender. Eu vou fazer tudo com muito carinho e quero ser uma aprendiz dedicada. — Ela se embola e fala tudo sem parar, sorrindo e chorando. Vera concordou em ensinar tudo o que sabe a Melinda. Ela também confessou que ama trabalhar na floricultura, mas que estava velha e cansada demais para continuar à frente dela. Demoramos para sair de lá, para que as duas pudessem combinar tudo direito, e Melinda começará a trabalhar na segunda-feira que vem.
— Anthony, eu estou tão feliz. Aos poucos estou me encontrando. Eu não sou mais uma inútil. Vou ter meu emprego e ganhar meu próprio dinheiro. — Ela expressa, eufórica.
— Não sei se você se lembra, mas ofereci para você trabalhar no mercado. — Falo enquanto sentamos no carro.
— Eu tive medo. Lá é uma aglomeração muito grande de pessoas, e bem... me preocupo com todo aquele movimento. Os meninos não poderão me proteger se caso Ricardo ou Susana aparecerem. — Entendo o temor dela, por isso até ofereci um cargo dentro do escritório onde eu trabalho, e ela negou, dizendo que eu estava inventando um cargo que não existia. Sorri de sua ousadia em se impor, deixando-me orgulhoso. E por saber que ela quer ser independente e seguir seu próprio caminho, comprei a floricultura. Assim que ela estiver apta, poderá tomar conta dela como achar melhor. É um presente meu para ela. Tomara que ela aceite.
— Entendo, porém não estou dizendo apenas o do mercado. Te ofereci um emprego no meu escritório. — Ela faz biquinho.
— Você chama ficar sentada na sua sala, olhando você trabalhar, de um emprego, Anthony. — Ela fecha a cara e eu não resisto e roubo um beijo.
— Não era só isso, você bem sabe.
— Sim, sim. Você disse que eu ficaria ao seu dispor para dar beijinhos nos intervalos. — Eu rio do jeito que ela fala.
— Vou levá-la lá para o meu escritório para fazer uma demonstração, que não seria nada mal. Venha. — Assim que Tom estaciona, nós descemos e eu a puxo para o elevador. Seguimos para o 10º andar, agarrados um ao outro. Quando o elevador para no nosso andar, nós dois seguimos de mãos dadas para a minha sala.
— Bom dia, senhorita Melinda. Bom dia, senhor Anthony. — Fala Regina.
— Bom dia, Regina. — Melinda diz sorrindo para minha secretária.
— Bom dia, Regina. Eu terei uma reunião com minha garota e não quero ser interrompido. Tudo bem? — Regina sorri e confirma com a cabeça.
— Claro, Anthony. — Melinda aperta minha mão e está com rubor nas bochechas, tão linda. Eu a conduzo para minha sala e tranco a porta.
— Você ficou maluco, Anthony? — Ela fala, querendo soar brava, mas falhando.
— Se eu disser que sou maluco por você, conta? — Falo, já avançando para agarrá-la pela cintura.
— Sou louco por você, Melinda. — Falo sério, e ela se derrete em meus braços, e eu a beijo. Ficamos nos beijando, sentados no meu sofá, por bastante tempo. Ela está sentada no meu colo, como de costume.
— Por que você estava diferente comigo, Anthony? — Ela indaga, e eu fico meio sem jeito.
— Eu já estava com as malas preparadas para ir morar com minha tia. — Ela diz, virando o rosto e colocando seu rosto na base do meu pescoço. E sua confissão me pegou desprevenido.

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