The Change - A Mudança

Capítulo 1 -

27 de Novembro
8:15 a.m Rochester, MN

Nunca pensei na morte, pelo menos não pra valer.
E acho que meu pai também não, nem mesmo quando máquinas faziam o trabalho do qual seu pulmão era responsável, 1 mês atrás.
Mas agora, enquanto coloco meu retrato favorito em uma caixa de papelão escrito "MUDANÇA" penso tanto na morte que quase chego a desejá-la.
O retrato se trata de uma foto minha e do meu pai no verão de 4 anos atrás: estou sorrindo e meu cabelo brilha como chamas por conta do sol, papai está sorrindo olhando para mim ao meu lado que seguro um grande peixe, ambos vestidos como pescadores com chapéis verde-musgo na cabeça.
Era aniversário dele, mamãe quem tirou a foto e ao olhar mais ao fundo vejo Luke brincando na areia.

Uma lágrima escorre sobre minha bochecha, logo fecho a caixa e seco a lágrima usando a manga de meu moletom bege. Moletom do meu pai.

- Judi. - assusto ao ouvir uma voz fina e me viro, Luke.

- Luke! - me levanto - quantas vezes preciso te pedir para bater na porta? - seus olhos pousam em minha roupa e logo seu rosto se entristece.

- desculpa, mamãe perguntou sobre a caixa que resta.

- Tá, eu resolvo. - digo e espero ele sair mas não acontece.

- Você estava chorando de novo? - ele olha para a caixa.

- Fora. - vou até a porta e a fecho.

Suspiro e me viro me deparando com um quarto quase completamente vazio, olho ao redor em busca de pelo menos um pequeno vestígio de que a Pequena Raposa esteve ali, mas não encontro.

Finalmente fecho a caixa com fita e sigo pelo corredor parando quase que de imediato na porta do antigo quarto dos meus pais, vazio.
Um silêncio ensurdecedor percorre o quarto como um fantasma e isso é suficiente para me fazer sair dali na mesma velocidade com a qual entrei.

Desço as escadas e um caminhão com um grande letreiro escrito "MUDANÇAS" está parado em frente minha casa.
Universo irônico, quase rio de sua ousadia.
Talvez eu faça uma tattoo com essa palavra.

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2:04 p.m

Estamos no avião a caminho para Los Angeles, cidade das estrelas. Deveria ser emocionante, o que tem de errado comigo?
São cinco horas de voo de Rochester, minha cidade natal, à Los Angeles o que é tempo o suficiente para eu calcular a possibilidade de esse avião cair e matar todos nós.
Ainda restam duas horas até o pouso, estou no acento da janela assistindo Piratas do Caribe enquanto Luke dorme ao meu lado e mamãe ao lado dele.
Olho para ele e vejo seus cabelos loiros caindo sobre os olhos, ele é igual a mamãe.
Cabelos cor de mel, bochechas gordinhas e grandes cílios.
Sempre foi assim: Luke a cópia de mamãe e eu a cópia de papai. Éramos divididos em duplas mas agora, estou sem a minha.

Meu estômago embrulha e afasto o pensamento e volto minha atenção ao lendário Jack Sparrow.

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4:31 p.m

"Life is a Highway" toca em meus fones enquanto observo as placas passarem do lado de fora do carro mas uma em específico chama minha atenção "Welcome to Los Angeles", tiro um dos fones e olho para mamãe que me retribui um olhar de conforto.

- Sejam bem-vindos a Los Angeles pessoal! - O taxista diz contente.

Em pouco tempo ele estaciona em uma rua movimentada.