O som dos saltos batendo no assoalho de carvalho ecoam pelo silêncio da mansão Mills enquanto Regina desce as escadas para conferir o seu assado na cozinha. Pelo tempo que gastou ao tomar em seu banho, combinado ao que passou para se arrumar, já deve estar pronto e ela precisa desligar para que a carne continue suculenta.
Enquanto confere se tudo está milimetricamente perfeito, assim como tanto gosta, sua mente volta ao pensamento que agarrou em sua cabeça hoje cedo, quanto ao impasse que vem encarando toda santa vez que encontra com uma certa loira de olhos verdes.
Não, obviamente não era a primeira vez que Regina sentia suas estruturas balançarem por ela, mas depois de mais de duas décadas de convivência, ela acreditava piamente que a loira não abalaria suas estruturas mais do que um dia já o fez. De fato, ela não pode negar, que nos últimos meses ela vem procurando por isso.
E quem procura, acha.
Na semana anterior, Henry II, aquele que ela trouxe da Floresta Encantada na última vez que esteve por lá, relembrou o quão ele estava errado sobre ela merecer a solidão, ou merecer morrer sozinha. Não que ele não tenha se arrependido antes, até mesmo pedido perdão à mulher que entendeu ser uma de suas mães, mas por algum motivo ele quis reforçar isso.
Ele quis enfatizar que Regina não era uma mulher que merecia migalhas e estava certo.
Estaria ele ciente de tudo o que está acontecendo às escuras? Estaria tudo tão às escuras assim o quanto ela imaginava?
Dos seus dois Henrys, o mais novo era aquele quem tinha o ímpeto real correndo por suas veias, e apesar de muitas vezes Regina ter que ensinar um pouco mais de humildade, o mais novo era o que sempre acaba lhe lembrando que ela era uma rainha e, não mais uma ex-prefeita que estava sempre buscando redenção por seus erros do passado. Já havia passado a prova para todos que ela era boa. Ela já estava tendo sua segunda chance, estava ocupando o lugar que ela merece, o da realeza, só que dessa vez bem mais pacificamente.
Abriu sua garrafa de vinho e derramou vagarosamente em sua taça. Bebeu um gole e depois outro com os olhos fechados, apreciando o sabor da uva cultivada em seu reino, aqueles benditos camponeses realmente faziam um ótimo trabalho, pois esse vinho estava incrível! Sentindo o gosto dissipar nos cantos de sua língua, ela olha o relógio na parede que se aproxima da hora tão aguardada.
Mas a realidade é que ela estava bem mais ansiosa do que nas últimas vezes.
Andou até o armário e pegou uma segunda taça, colocou em cima do mármore e derramou o líquido tinto. Sentiu uma presença mágica forte e acolhedora, que tilintava em sua pele, aquela que faz seu coração se acalmar de uma forma perturbadora. Aquela magia de luz que sempre lhe fez tão bem e que apenas uma pessoa possui.
Emma estava perto.
Ora, ora, olha quem chegou cedo. Pensou.
Ela respirou fundo desfrutando da sensação incrível que lhe causava e andou até a porta. Era inacreditável o quanto ela havia adquirido a habilidade de senti-la mesmo sem se esforçar nessa prática.
Olhou pela janela lateral lá estava a loira, dentro de sua viatura, distraída e mexendo no celular. Alguns segundos depois, quando ela achou que Emma iria entrar, a mulher simplesmente inclinou o banco para trás e se recostou, como quem precisava descansar, ou até mesmo pensar.
Resolveu deixar a loira tomar seu tempo, pois não tinha tanta certeza do que teria aborrecido ela durante seu expediente hoje. Se Emma quer clarear a mente, tudo bem por ela também.
Alguns minutos se passaram e Regina estava sentada em sua poltrona, balançando o pé e esperando que Emma anunciasse sua chegada à porta, mas nada aconteceu. Ela bebericou mais um pouco de sua bebida e passou a mão pelos cabelos ondulados nas pontas, que resolveu cultivá-los um pouco abaixo dos ombros novamente.
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Ode à Rainha | Swanqueen
FanfictionStorybrooke desfrutava da era da paz sob o comando da "Boa Rainha", até o momento que algo aconteceu e Regina precisou de uma proteção extra. Emma, xerife da cidade, fazia seus turnos de guarda real como quem, de fato, protegia a vida da melhor amig...