•Ezequiel•
Entre ruas um pouco vastas, eu me torno um mero passante entre elas. Ao redor, ainda podia se ver um pouco de gente, em bares de esquina como alguns velhos bêbados bebendo e escutando músicas bregas, e em outros cantos das calçadas passando.
A noite se tornava fria, o céu mantia ainda suas brilhantes estrelas em si, e eu andava até uma certa rua, tal rua essa que ainda tinha-se moradores diante de suas calçadas.
— Rua Mayara, casa 124. Cheguei mãe... — digo para mim mesmo enquanto me aproximo da casa de minha mãe.
Bato na porta e espero alguns minutos em frente a pequena casa.
Os minutos passavam e passavam, eu bato na porta mais uma vez e acontece nada. Eu decido adentrar a casa, mesmo achando que a porta estava trancada, eu mesmo assim tento abri-la sem esperança, mas para minha surpresa eu consigo abrir a porta.— Ela ainda não continua trancando essa porta?! Ela pode acabar correndo perigo desse jeito! Do jeito que esse bairro estar, a mamãe pode se deparar com um invasor ou com um assaltante aqui desse jeito! — digo enquanto atravesso e tranco a porta que já estava com a chave em si.
Depois de trancar a porta, me viro para frente e vejo minha mãe sentada no velho sofá vermelho que estava sujo. ao seu redor tinha inúmeras garrafas de cerveja e latinhas. Eu me aproximo calmamente de minha mãe e fico de frente a ela.
— O...O que? Você de novo?... Vá embora daqui, muleque nojento! — ela fala com dificuldade por conta de estar claramente bêbada. Suspiro um pouco aliviado, na última vez que vim aqui, ela arremessou uma garrafa de cerveja em minha direção, sorte que desviei na hora.
— O-Olá mamãe... Como está? — pergunto meio nervoso, eu tinha que pisar em ovos para falar com ela.
Ela que no momento estava de cabeça um pouco baixa, olha para mim. Um olhar bravo e um pouco enjoado eu vejo diante do rosto de minha mãe.
— O que você quer hein?! EU NÃO PRESCISO DE UM INGRATO QUE ME ABANDONOU IGUAL SEU PAI EM MINHA CASA!!! — ela grita furiosa. Já era de costume eu escutar esses gritos e berros vindo dela, dês de pequeno eu sempre escutei esses escândalos.
— M-Mas mãe, eu não lhe abandonei! Se eu tivesse à abandonado, eu não estaria aqui para te ajudar. — digo enquanto transpiro de tão nervoso que estou.
— O-Olha seu verme... eu não quero de jeito nenhum ver essa sua cara.. me diz o que tu veio fazer nessa porra logo! — ela fala enquanto abre uma latinha de cerveja e dá um gole.
Limpo minha garganta com um gole seco e tento disfarçar meu nervosismo diante dela.
— Bem... Eu só vim dar uma visitinha para você e... Eu ontem a noite liguei para a senhora e o número não prestou, por acaso você trocou o seu número mãe?... — falo e por fim faço uma pergunta para mamãe.
Mamãe se levanta e silenciosamente vai em direção a cozinha. depois de um minuto ela me traz um papel velho e que possuía um número de telefone escrito.
— Eu.. Eu troquei de número... Agora vai embora seu merda! — ela diz enquanto me entrega o papel e me expulsa de sua casa.
No lado de fora, ouço a porta bater com força acompanhado com um som de tranca. Bem, pelo menos ela trancou a porta e me deu seu novo número, isso é ótimo!
Andando de volta para casa, penso sobre como minha mãe ficou devastada após o papai à abandonar.
Foi logo após eu completar meus 10 anos de idade, ele largou a mamãe e foi embora de casa com o objetivo de ser um músico famoso. Nunca mais soubemos notícias dele. A mamãe que antes era uma mulher boa e que nunca era agressiva comigo, entrou no alcoolismo nessa época e passou a ser agressiva e briguenta comigo. era horrível passar aquele sofrimento nas mãos dela, mas sempre sei que no fundo ela não é a culpada por todo seu inferno pessoal... Foi ele que a feriu e a deixou para trás, eu odeio tanto ele, ele nem sequer tem o merecimento de se chamar de pai...
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E por falar em saudade, onde anda você?
RomanceEm Fortaleza CE, num bairro chamado Conjunto palmeiras, no ano de 2014, vive um jovem de 21 anos chamado Ezequiel. Ezequiel é um jovem negro trabalhador e que mora em seu pequeno apartamento. Ele tem uma rotina de estudos, trabalho e ajuda no susten...