CAPÍTULO ÚNICO!

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"Meu bem, você me dá, água na boca;

Vestindo fantasias, tirando a roupa!

...





Brasília, Sete de Setembro de Dois Mil e Vinte e Três. Para quem, há meses, não se encontrava publicamente e menos ainda pessoalmente, as duas acabaram por se reencontrar de novo rápido demais. Simone teria de comparecer ao desfile cívico por obrigação, ela sabia bem, mas Soraya não tinha nada que fazer ali se não quisesse. Só que as lembranças daquele fim de dia em Campo Grande, e para coroar da volta para Brasília que as duas dividiram no jatinho na manhã seguinte... porque a viagem tinha que durar só uma hora e meia mesmo? Essa distância não podia ser maior? Menos de duas horas juntas lá em cima, sem ninguém pra atrapalhar mais alguns momentos, pra elas era pouco demais. Seus devaneios sobre essas quase duas horas de loucura foram atrapalhados pelos latidos das duas mascotes pela casa. Uma delas era pequena ainda, portanto impossibilitada de sair junto com ela no meio da multidão que ela sabia que enfrentaria, então a sua tutora resolveu deixá-la em casa. Soraya se olhou, no espelho do quarto onde podia ver seu corpo inteiro, e gostou do que viu. O macacão verde tinha o zíper na frente, as alças nos ombros não eram muito largas e deixavam os ombros de fora. Comprido, como mandava o figurino, mas o tecido leve ajudava um pouco no frescor porque o clima em Brasília estava simplesmente... insuportável. Depois de se certificar de que ela estava impecável, foi até a cozinha antes de sair de casa.


Simone T, 08:35.

"Você já está pronta?"

Simone T, 08:37.

"Você vai mesmo assistir ao desfile? Você sabe que você não precisa ir."

Simone T, 08:40.

"Eu só vou porque, bem, eu não tenho outra opção. A Janja não me deixaria em paz, o Presidente não me deixaria em paz, até a Marina me perguntou sutilmente ontem no fim do dia se eu realmente iria comparecer."


"Pra quem não gosta de comparecer a esses eventos oficiais, você aparece sempre bem felizinha e sorridente junto dos seus novos amiguinhos, não?"

"Como é que a internet diz? Que a esquerda te cai bem?"


Soraya respondeu, pouco depois da última mensagem de Simone, enquanto tomava um pouco de água e respirava fundo ao mesmo tempo. Era provocação, a outra mulher sabia. Finalmente, depois de muito tempo, era uma implicância apenas pelo prazer de brincadeira com ela. Gostava de cutucar a outra mulher, como se fosse ela a onça, para ver como ela ia reagir. Mas a parte da mágoa dela, a mágoa de verdade, tinha suavizado bastante com o passar dos últimos tempos. E Simone sabia disso, então ela se sentia confortável o suficiente para fazê-lo.


Simone T, 08:46.

"A frase é essa mesmo."

Simone T, 08:47.

"O que você acha de um terninho vermelho?"

"Do que você tá falando? Porque vermelho?"

Simone T, 08:50.
"Pra eu usar hoje, no evento cívico. O que você acha da cor vermelha?"


"Você tá falando sério?"

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