𝐋𝐈𝐕𝐈𝐀, point of view.
castanheiras, lado vila/torre.—
Talvez o Residencial Verona não seja só poluição como é comentado do outro lado do bairro, é na verdade, um lugar obcecado com boas aparências.
Os jardins são verdes, floridos e bem cuidados, os prédios, ruas e calçadas sempre em perfeito estado.
Talvez eu estivesse um pouco obcecada pela vista da varanda, mas se não olhasse pra ela, só veria o mar de caixas na sala vazia do novo apartamento.
Eu não sabia oque aquela ideia me causava, mudar pra tão longe dos meus amigos.
Eu me sentia culpada por estar vivendo a vida de uma mimada, pra entender a dimensão do problema, o andar em que nos mudamos é como uma cobertura.
Não digo que é exatamente uma corbetura, mas só é dividida com apenas um apartamento, consequentemente com um hall de entrada ligado ao elevador fazendo a divisória.
Os apartamentos ainda são interligados, só não sabemos por onde, mas, pelo bem da minha mãe, devemos ter uma boa relação com os novos vizinhos.
Avisto com minha visão periférica um panfleto encima de uma cômoda, ao analisar de mais perto esta escrito "atividades de lazer do residencial verona."
Oque mais me chama a atenção é uma sala de cinema, que funciona de DVD á fita k7, até streaming.
Fato curioso sobre minha família e eu são que somos obcecadas por DVD, e o dia era perfeito pra assistir A Princesa e o Sapo.
A sala de cinema era totalmente escura, fria, e aconchegante, eu, minha caixa de chocolate e meus filmes íamos adorar passar boas tardes ali.
Eu gritava a música "quase lá" a plenos pulmões quando Alex Ferrari me encarava com uma expressão debochada.
— Tem talento pra ser cantora, pena que é marrenta. — diz o idiota com um sorriso sacana.
— Melhor que você, que não tem talento nenhum.
Ele senta do meu lado roubando um doce
da minha caixa, fingindo nem ouvir meus resmungos.— Eu prometo não te atazanar se você calar a boca, e colocar o filme.
Alguma coisa dentro de mim só obedeceu, acho que era o cansaço que me vinha a cabeça só de cogitar em discutir.
Chegou um determinado momento onde o tempo só passava, acabou se tornando um ambiente tão confortável.
A gente em algum momento se aproximou, ele entrou dentro da minha manta que era meu lugar sagrado e eu deixei.
Por alguns segundos eu me peguei admirando ele, mas é claro que não era com segundas intenções, ele era um babaca, meu inimigo, e ainda por cima mesquinho.
Eu acabei baixando minha guarda, mas não o suficiente pra que ele pudesse ler minha mente como as pessoas próximas a mim faziam.
Antes da cena final eu já dormia, me lembro vagamente dos meus últimos pensamentos serem uma lista de insultos
pra pessoa que estava ao meu lado.Eu acordei já sozinha, encolhida e com um chocolate a menos na caixa. Subir até minha casa foi uma memória turva na minha cabeça, até agora não sei como conseguir andar ou pegar um elevador com tanto sono.
Meu telefone cheio de mensagens perdidas e telefonemas não atendidos, oque foi meio mancada da minha parte.
Eu estava a exatos um dia do lado torre e simplesmente sumi, meus amigos deveriam ter achado que eu fui sequestrada ou mudei de lado.
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fourth floor, lilex. ✓
Fanfiction. ׁ 🎧 𝐅𝐎𝐔𝐑𝐓𝐇 𝐅𝐋𝐎𝐎𝐑 ! ⟆ ❝ a gente pode perder oque for, mas a gente sempre terá esse andar, e o mais importante, um ao outro. ❞ inimigos que se tornaram amantes, os que usam provocação como demonstração de afeto, os que guardam seg...