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Roman

   Hoje é dia 17 de dezembro. Um dia antes do aniversário de Billie, ela não sabe que eu sei do aniversário dela.

   Não faço ideia do que vou dar para ela.

   Está tarde, Billie está dormindo no meu colo enquanto assistimos ao filme. Eu tenho que resolver as coisas com minha irmã, eu não vejo ela desde o dia do hospital. Conversei com a Billie sobre eu morar com ela, ela adotou a ideia super bem. Estou explodindo de ansiedade para falar com minha irmã.

   - Bils.- Falo encostando em seu ombro tentando acordá-la de uma forma não tão invasiva.- Eu tenho que falar com minha irmã.

   Ela se senta ao meu lado coçando os olhos, com a cara inchada e com sono.

   - Mas porquê agora?- Billie fala sonolenta.

   - Porque tenho que resolver de uma vez. Não aguento mais adiar.

   Eu me levanto, me espreguiçando e Billie se levanta me dando um abraço.

   - Por favor, volte inteira.- Ela diz com o rosto afundado no meu peito.

   Eu beijo o topo da cabeça dela dando um sorriso.

   - Eu prometo.

   Billie me emprestou um de seus carros para ir à minha casa. Enquanto eu dirijo, não consigo pensar em nenhuma palavra que eu possa dizer para minha irmã. Estou com medo, ansiosa e com um enorme nó na garganta.

   Quando eu chego, vejo as luzes da casa da minha irmã acesas. Respiro fundo. Paro o carro. Desço do carro e vou até a porta dela. Toco a campainha. Olho no meu relógio e são 2 da manhã.

   Anne abre a porta e me olha com surpresa, depois com desgosto.

   - Ah, você. Achei que nunca mais iria voltar.- Ela não dá espaço para eu entrar. Ela só fica escorada no batente da porta me encarando.

   - Eu não vou voltar. Só vim pegar minhas coisas.- Eu tento falar com o mínimo de emoção na voz.

   Anne me encara com raiva.

   - Então é assim? Eu dou um lugar para você morar, mesmo depois de você ter matado um homem e dado vergonha para toda nossa família. Você simplesmente vem pegar suas coisas?- Ela fala e eu consigo ver a ira em seus olhos.

  - Já que eu sempre fui um peso morto, eu vou embora. Vou te deixar em paz.- Tento esconder o quanto minha voz está quebrada.

   - É a Billie? Você seduziu ela. Porra Roman. Por que você sempre faz tudo para extorquir e destruir as pessoas?- Anne fala e o pingo de paciência que eu tinha guardado se esgota.

   Eu empurro Anne, ela cai no chão. Eu entro na casa olhando para meu quarto. Meu olhar se desvia para o sofá da sala. Eu paraliso quando vejo minha mãe e meu padrasto sentados no sofá tomando um chá.

   - Mas que porra...-Eu sussurro para mim mesma.

   - Filha...Você cresceu.- Minha mãe fala com a voz quebrada e meu padrasto me encara com raiva.

   - Não. Vocês agora não.- Eu falo e corro para meu quarto, me trancando lá.

  Meu corpo ferve. Ferve como um vulcão prestes a entrar em erupção. Aqueles malditos sentimentos 'enterrados' voltam. O desespero. Eu me encolhi no canto do meu quarto. Chorei como uma criança. Abracei meus joelhos sentindo meus pulmões explodirem. Me assusto ao ouvir meu padrasto socando a porta. Em um impulso de raiva, me levanto rapidamente. Comecei a juntar minhas coisas, roupas, sapatos, o que não era muita coisa. Eu tinha uma gaveta lotada de cigarros, estiletes, uma faca grande, lâminas sujas com meu sangue e cartas de suicídio. Eu peguei tudo que tinha naquela gaveta e enfiei na minha bolsa.

Maybe i love you-BILLIE EILISHOnde histórias criam vida. Descubra agora