dia 3 da dangal week \o/
essa tem bastante referência ao clássico rock dos anos 70/80. se alguma delas faltar para você, é bem interessante dar uma colinha rápida no google.
boa leitura!· palavras: 1.442.
· gatilhos: menção à drogas.[...]
“Os anos 1980. A pior porra de década da história da humanidade. Então o que você faz quando nasce na época errada? Você a domina.”
- Precisa largar as drogas.
- Vou te dizer o que eu vou largar. – O encarou com certa raiva. Odiava que lhe dissessem o que fazer. – Você.
Dante suspirou. Sabia que era só da boca para fora, já tinham discutido milhares de vezes. Vinha cuidando da organização e planejamento de sua agenda desde quando tinha ingressado nessa carreira arriscada, então o conhecia bem o suficiente para saber. Mas agora, os estádios lotados, o sexo, as drogas, tudo acontecia tão rápido que mal conseguia acompanhar.
- Eu só me preocupo, Tom.
- O meu nome – respondeu pausadamente, dando um passo mais perto a cada palavra. – não é Tom.
Qualquer rockstar bem-sucedido precisa de um nome artístico que cause impacto. Ninguém se lembra do pobre Reginald Dwight ou o reprimido Farrokh Bulsara, mas se disser Elton John ou Freddie Mercury, orelhas ficam em pé. Se Nikki Sixx apagou Frank Feranna da história, Gal-Sal fez o mesmo, ou pior, com Tomas Vicare.
- Gal. – Se corrigiu dando um suspiro incomodado. Independentemente de ser Tomas, Tom, Gal, o que quer que fosse, nunca dava ouvidos a ninguém além de si mesmo, e Dante esgotava seus esforços todos os dias para tentar mantê-lo na linha. – Na verdade, esse Gal vai acabar te matando.
- Tarde demais, não? – Deu um sorriso de canto, servindo whiskey em seu próprio copo. Já não parecia mais ter tanta raiva em suas palavras. – Querido, em algum momento você vai entender. Você precisa matar quem você era para se tornar quem quer ser.
- Isso não é necessariamente verdade. – Desviou o olhar. – Eu gostava do Tom.
Gal deu uma risada. Uma risada sincera, com os olhos fechados e o cabelo caindo sobre o rosto. Levou uma das mãos até a boca, tentando segurar, as bochechas ficando levemente avermelhadas com seu riso. A reação de Dante foi deixar escapar um sorriso despercebido, desencadeado pelo som agradável daquela delicada gargalhada. Era tão saudosista dela, ainda mais quando parecia se distanciar a cada novo álbum. Aquilo sim era música. Gal podia escrever a mais sentimental das letras, uni-la à melodia mais adorável e cantá-la na mais bela voz, e ainda assim não chegaria perto do singelo som da sua risada – era o que Dante pensava.
- Mas o mundo, não. – Terminou, recuperando o fôlego enquanto tirava alguns fios de cabelo do rosto e dava um gole na bebida. Teve uma época na qual Tom não podia se importar menos com o que o mundo achava dele, mas hoje em dia as coisas não funcionam mais do mesmo jeito. Tempo é dinheiro, dinheiro é imagem, imagem é “sexo, drogas e rock n’ roll”.
- Você é muito sozinho. – Dante apagou o sorriso em um instante. Gal levou seu olhar até ele, esperando que completasse seu pensamento, mas já com uma expressão de reprovação. – Precisa de amigos.
- Eu tenho amigos! – Exclamou quase indignado.
- Todas aquelas pessoas que te procuram em festas de hotéis não são seus amigos, Gal. Você sabe disso. – Suspirou, ousando tomar uns passos à frente.
- Você também não é. Qual o seu ponto, então? – Aquele olhar mais carregado de ódio voltou a marcar presença. A verdade é que Gal sempre teve um pavio curto com alguns assuntos. Ele não era impaciente com todas as coisas, mas havia tópicos que não tolerava.
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"companhia" | #DanGalWeek2023 dia 3 - música.
Fanfictionem que os anos 80 ensinam lições.