Clary Davis, uma figura invisível na tessitura social, se via na posição desfavorecida de ser a filha de um zelador alcoólatra, cuja existência estava marcada pela miséria desde que sua esposa o deixou, deixando-o com a responsabilidade de criar sua...
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San Diego, Califórnia Dezesseis de julho, de 2023
— Por que você aparenta estar tão cansada?
Kaleb me questionou assim que cheguei à escola.
— Esta é a minha única aparência. - Tentei disfarçar o desconforto a cada passo que dava. — Parece que apanhou. — Apenas fiz alguns alongamentos ontem. — Espero que não esteja se envolvendo em coisas loucas novamente. — Não estou. - Suspirei, observando ao redor.
Poucos alunos estavam presentes, e tudo parecia calmo. Hanna não estava à vista, o que era um alívio.
— Tem certeza? - Ele me olhou desconfiado. — Tenho. — Clary... — Vou ao banheiro. - Ignorei-o, virando em direção ao corredor.
Não queria discutir a complicada situação na qual estava envolvida com Kaleb. Ele não entenderia, e não precisava de julgamentos naquele momento. O banheiro estava vazio quando entrei. Fiquei alguns minutos lá dentro, reunindo coragem para enfrentar mais um dia naquela escola. Ouvi vozes e risos de algumas garotas, mas o local logo voltou ao silêncio. Respirei fundo e, ao sair, algo líquido e pegajoso caiu sobre mim da cabeça aos pés. Fiquei paralisada no lugar, prendendo a respiração.
— Isso é para você aprender a não se achar demais. E é apenas o começo, sua vira-lata.
Hanna cuspiu palavras venenosas antes de sair do banheiro. Com as mãos, tentei remover a tinta vermelha do rosto. Era uma situação humilhante. A tinta não sairia facilmente, e eu não poderia assistir às aulas daquele jeito.
— Se aquele marginal tentar me humilhar mais uma vez, eu acabo com a sua raça, sua miserável.
Ela ameaçou antes de sair. Me aproximei do espelho, observando minha imagem desfigurada, e, em seguida, desviei o olhar para o corte em meu pulso. Tudo aquilo era culpa dela. Por que eu não podia ser uma garota comum? Por que Hanna tinha que escolher justamente a mim como alvo de seus tormentos? Comecei a chorar em silêncio e, com água e papel toalha, tentei ao máximo remover a tinta. O tempo era curto, a aula estava prestes a começar, e eu precisava agir rapidamente. Depois de tirar o excesso de tinta, ainda estava suja, mas o uniforme estava irremediavelmente manchado. Precisava limpá-lo com água e sabão, o que não seria possível naquele momento.
— Nossa, o que aconteceu com você? - Selena entrou no banheiro, preocupada, e lançou-me um olhar analítico. — Foi um acidente. - Sussurrei, evitando encará-la diretamente. — Acidente? Você está toda suja de tinta.
Ela observou, e minha resposta lacônica não bastou. Estava prestes a revelar mais detalhes, mas, antes disso, saiu com pressa do banheiro. Fiquei parada, cheia de incertezas e suspeitas. Selena era amiga de Hanna, então por que deveria confiar nela? Selena sempre foi gentil, inteligente e discreta. Nunca prejudicou ninguém e parecia inofensiva. No entanto, eu sabia que não podia subestimar Hanna. Não queria esperar Selena, mas também não podia faltar às aulas. Meu conflito interno continuava a me atormentar. Quando percebi, ela havia voltado ao banheiro, trazendo um uniforme de reserva.