06 * Assim se passaram meses

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A manhã seguinte foi interessante. Rômulo e Hugo combinaram de se encontrarem na frente da empresa e assim fizeram. Sete horas em ponto, os dois entram juntos no elevador. Os funcionários não ficam intimidados, está mais para um olhar de admiração. Todos acenam quando os chefes passam, dando bom dia de forma sincronizada. Em alguns é visível o interesse para além do profissional…

— Então vamos questionar a senhorita Santos sobre ontem, certo? - Rômulo confirma com o amigo, arrumando os óculos de sol.

— Esse é o plano. - Hugo sorri, terminando de ajeitar a manga de seu terno rosa.

Ambos se admiram no espelho do elevador. Estão tão lindos como sempre. A roupa formal feita sob medida para cobrir aqueles corpos definidos, deixa tudo melhor. É verdade que o senhor Campus tem um físico mais magro que o de Hugo, contudo ambos parecem ter sido esculpidos pelo diabo, de tão deliciosos que são.

A pele negra do senhor Alves contrasta bastante com suas vestes coloridas, o que lhe dá um ar mais jovial e descolado. Enquanto isso, seu sócio sempre prefere os ternos escuros, evidenciando mais a sua pele clara e os olhos azuis penetrantes. Mesmo seus corpos sendo diferentes, compartilham uma coisa em comum (não estou falando do pau, embora possuam também). Deixa, uma hora vocês descobrirão.

Quando a porta do elevador abre, saem juntos em direção ao grande balcão. Estavam prontos para ter que esperar a secretária chegar, contudo ela se encontra lá, com seus fones rosa de gatinho. Eliza está de costas para os chefes e parece imersa em alguma música. Ela dança de um lado para o outro, cantando alguns versos. Infelizmente eles não entendem suas palavras, mas se divertem com sua apresentação.

Eles param a poucos metros dela e encaram o pouco de seu corpo que não está coberto pelo balcão. Hoje a baixinha está com o cabelo todo preso num baixo rabo de cavalo. Ela usa uma camisa social lilás e branca, com uma calça jeans boca de sino. Claro que seu all star vermelho não sai de seu pé, contudo isso os dois homens ainda não conseguem enxergar.

— Senhorita Santos? - Hugo retira o fone, assustando a secretária.

— Essa música deve ser boa, nem reparou que chegamos. - Rômulo complementa, se aproximando do balcão.

— Perdoem, senhores. - Eliza se recompõe rapidamente, guardando o fone. — Achei que demorariam mais, esse erro não acontecerá novamente.

Ela desmancha o sorriso que tinha há segundos enquanto dançava, substituindo por uma expressão impassível. Ergue duas sacolas iguais de café da manhã e entrega aos homens, dispensando-os com a promessa de ler a agenda de hoje após eles comerem. Não há tempo para discussões, pois a baixinha pega uns papéis na mesa e sai com pressa em direção ao elevador.

Dessa forma, a senhorita Santos sempre tem a última palavra. Quando não sabe o que dizer ou como encará-los durante muito tempo, corre e desaparece. Não é do seu feitio fugir, contudo acredita que essa é a única forma de não se deixar levar pela boa aparência dos chefes. Pois sim, ela tem olhos e consegue enxergar o quão belo eles são, embora para ela apareça um enorme red flag em cima da cabeça dos dois quando estão sozinhos.

Ela não é inocente e conhece a fama que aqueles homens possuem. Diferentemente das suas antecessoras no trabalho, não deseja ser um número fácil na lista dos riquinhos. Afinal, fácil não é um adjetivo que a atraia. Ela coloca um sorriso no rosto e aperta os papéis na mão. Sai do elevador assim que a porta abre no setor de contabilidade. Poderia ter enviado apenas um email? Poderia, mas…

— Buongiorno, Júlio! - Eliza gosta de praticar línguas, então tratou de fazer amizade com a única pessoa que sabia italiano na empresa.

— Buongiorno, piccola. - Júlio responde, a tratando pela palavra carinhosa que representa fofura e pequinês.

Uma secretária nada convencional [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora