De novo, ao contrário

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Nayeon

Uma das coisas que eu gosto, é que a Momo é meio idiota como eu. Então quando eu corro da chuva, ela corre junto. Quando eu corro em um pega pega, ela morre mas vem atrás de mim. Acho que em uma retrospectiva do nosso relacionamento, antes mesmo até de virar um relacionamento sério, passamos provavelmente uma parte grande dele correndo.

Mas agora, bom, é um motivo de força maior. Não estamos correndo da chuva. Porém ainda é uma tempestade, de certa forma. A grande tempestade Chou Tzuyu, que vem com um alerta vermelho enorme piscando na testa. Alguém deveria chamar a defesa civil.

— Caramba, eu não achei que a bicha ia ficar tão irritada assim! — Momo diz olhando para os lados e checando o perímetro.

Tomo um pouco de ar assim que nós conseguimos nos esconder atrás de um muro na esquina.

Tzuyu tem umas pernonas longas mas pelo visto só servem de charme, já que é a segunda vez que eu e a Momo conseguimos uma vantagem nessa perseguição, graças a um idoso que a brutamonte da Tzuyu quase derrubou no chão. Antes de tudo, eu vi em câmera lenta, a bonitona beijar a Sana como se o mundo fosse acabar e em seguida sair correndo atrás de nós duas.

— É mas você viu a cara dela quando ela esbarrou no velhinho? Foi de capeta a madre Teresa em segundos! — Dou risada com a Momo. Até ela colocar a cabeça pra fora do muro.

— Ah merda. Ela tá vindo.

Momo me puxa e nós atravessamos a rua antes da Tzuyu. E consigo ouvir o grito alto dela quando ela espera os carros passarem.

— É HOJE QUE EU FAÇO UMA SALADA DE FRUTA!

Desgraçada. Não consigo segurar a risada e nem a Momo consegue. E fica muito difícil correr dando risada!

Por sorte nós vimos uma van grandona perto e ficamos abaixadas atrás dela. Tzuyu não passou reto como era pra ela fazer. Maldita estrategista. Eu não estou nem um pouco afim de apanhar dela.

E depois dela ter corrido atrás da gente por metade do bairro, não tenho nenhuma dúvida de que ela vai descer o sarrafo em nós duas.

Até que por um milagre, eu vejo o fusca branco.

— Momo, aquele não é o fusquinha da Chaeyoung?

— É mesmo. Ela esqueceu o porta-malas aberto...

Eu não ia ter essa ideia. Mas a Tzuyu parece um touro brabo no rodeio. E eu não tenho um lencinho vermelho aqui pra ela. Dou uma olhada pra Momo, e ela intercala o olhar entre mim e o porta-malas aberto.

— Tem certeza? — Momo também vê a Tzuyu, e muda de ideia na hora. Ela entra no porta-malas rapidinho. Entro logo depois. — É. A gente não precisa nem fechar.

— Claro né. Tá querendo ficar pre-

Bem quando eu abro a minha boca, só escuto o cabum da porta fechando com nós duas dentro.

— NAYEON!

— SÓ PODE SER BRINCADEIRA!

Tento forçar a porta, Momo começa a chutar, mas de nada adianta. É uma patifaria mesmo. Essas desgraças só acontecem comigo. Se eu não tivesse a obra de arte que é a Momo na minha vida, já ia achar que o universo tá de preconceito comigo.

Começo a ficar angustiada com esse cubículo escuro que só tem uma frestinha de luz, todo fechado e quente.

— Ai jesus. Momo. Eu sou claustrofóbica. Me diz que você tá com o celular aí.

— Estou. — Ela pega o celular e inicia uma ligação. Outra. E outra. — Chaeyoung não atende. Nem a Mina.

Que grande desgraça.

Uma Troca de Favores [NaMo]Onde histórias criam vida. Descubra agora