Capítulo 1 - Corpo

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Nós dois na cama, no meu quarto

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Nós dois na cama, no meu quarto

Me dá só meia hora de amor com o relógio parado

Na cama, no meu quarto

A gente dorme se pegando e acorda apaixonado

Pedaço de amor pra todo lado

Diego & Arnaldo – Relógio Parado

No começo foi no corpo.

Quando Ramiro voltou no bar, ele queria mandar aquele Kelvin parar de dar em cima dele. Ele tinha decidido que devia o agarrar pela gola da camisa e dar um susto. Dizer que não aguentava mais. Que ia acabar fazendo alguma besteira.

Ele ameaçou porque foi Kelvin quem tinha feito ele começar a sentir aquelas coisas. Então Kelvin era o responsável por fazer aquilo parar. Ele achou que estava dando um jeito.

Mas quando ele pegou na blusa – a blusa transparente – suas mãos tremeram e sua voz não saiu como uma ameaça. Seu estômago queimou. E não era de raiva, era de desejo. O atingiu mais do que atingiu Kelvin. Porque Kelvin só olhou pra ele, impacto nenhum, medo nenhum. O corpo de Ramiro só entrou nos eixos depois que ele dirigiu o suficiente para não ouvir mais a música do bar.

Ele se assustou.

Mas curiosidade é como uma praga na plantação. E Ramiro estava curioso. Foi por isso que ele pegou o telefone de Kelvin em primeiro lugar. Mas ele se arrependia e mudava de ideia na mesma velocidade. Ramiro decidiu que podia ir no bar só pra conversar com Kelvin. Conversar era mais seguro, não importava quanta vontade o invadisse como erva daninha, independente de quantas vezes ele a arrancasse.

Porque toda vez que Kelvin chegava com o rosto muito perto, a respiração de Ramiro sumia. Seu corpo inteiro parecia inquieto. A barriga ficava quente como se ele tivesse engolido rum.

Alguma coisa em Kelvin mexia com ele.

E era isso que o deixava confuso, pensando no que não devia. Ele ficava sem jeito e com vergonha. Preocupado com o que os outros iam falar. Pensando que se fosse macho de verdade não sentiria nada daquelas coisas.

Mas ao mesmo tempo Kelvin era o único amigo que ele tinha. Ao mesmo tempo Ramiro gostava de ficar perto dele. Gostava das conversas, da atenção. De ser tratado como gente. Gostava de como sentia que estava fazendo uma coisa nova... e proibida.

Uma vez ele ficou mais corajoso depois de beber e convidou Kelvin para entrar no carro com ele. Ele não estava bêbado, só relaxado o suficiente para praticar uma omissão. Anestesiado o bastante para não pensar demais. Ele nem sabia direito o que queria fazer. Só que queria fazer.

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⏰ Última atualização: Apr 08 ⏰

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Se eu falar que eu não quero, eu minto - KelmiroOnde histórias criam vida. Descubra agora