Uma noite no alto de um prédio.

Todos os meninos e meninas que eu já amei.

Quando chegamos no quarto, a garota loira fechou a porta e se sentou no chão, Murilo se sentou ao lado dela e bateu a mão ao seu lado no chão para que eu fosse ali. Me sentei ali olhando a garota tragar e passar para ele.

- Meu nome é Lina, prazer - ela estendeu a mão até mim.

- Eu sou a Helena.

Ela sorriu e concordou com a cabeça. De duas a uma, ou eu havia bebido muito e por isso eu estava com a garganta seca e tremendo ou talvez eu estava assim porque havia duas pessoas extremamente bonitas do meu lado que eu não conseguia olhar por mais de dois segundos se não eu surtava.

Me descobri bi quando tinha por volta dos meus quatorze anos, mas hoje toda a dúvida que eu tive antes, todas as vezes que eu pensei que estava confusa, definitivamente deixaram de existir. Caralho como eu amo amar meninos e meninas.

Finalmente chegou minha vez de fumar, eu já havia fumado cigarro então eu sei que pelo menos passar vergonha tossindo eu não iria.

Traguei um pouco e soltei olhando para frente, me virei para eles e os dois estavam rindo baixo, dei um sorriso um pouco bobo e traguei novamente. Entreguei para Lina e me deitei no chão um pouco na frente deles. Estava tudo bem, pelo menos, eu acho.

- Qual o maior medo de vocês? - Lina disse logo depois de tragar e passar para Murilo.

- Acho que morrer sozinha.

Disse baixo fechando meus olhos.

- Sério? Acho que o meu maior medo é não conseguir ser eu mesmo, talvez não me sentir bem com as pessoas julgando as coisas que eu faço e me prender em algo que não seja real.
Murilo parecia triste dizendo aquilo, por parte eu entendo ele, tenho medo de não poder fazer as coisas que eu gosto, por sentir medo de como isso pode chegar no final.

- O meu com certeza é morrer virgem.

Eu e Murilo começamos a rir enquanto olhávamos para Lina, ela começou a rir logo em seguida.
Ficamos um tempo em silêncio, fumavamos um pouco e passamos um para o outro ao lado. Quando me toquei já eram onze da noite e nós estávamos ali fazia algumas boas horas.


- Eu vou pegar um pouco de bebida, querem algo?

Lina disse enquanto se levantava com um pouco de dificuldade.

- Pode ser aquela bebida verde de kiwi.

Murilo apontou para mim concordando.

- Ok, duas bebidas de Kiwi.

Ela disse e saiu do quarto em seguida. Murilo estava deitado ao meu lado agora, meu coração estava um pouco agitado, diferente do moreno, ele estava bem calmo.

- Helena?

- Hm? - olhei para o lado encontrando seus olhos com os meus.

Antes que eu pudesse dizer algo de novo, senti seus lábios colados ao meu, confesso que fiquei bem surpresa com aquilo. Continuei o beijo um pouco calmo, ele sorriu um pouco e voltou a me beijar. Me levantei fazendo com que ele fizesse o mesmo e levei minha mão até seu rosto fazendo um leve carinho em seu rosto.

- Eu sabia que vocês iriam se beijar - Lina estava na porta com as bebidas na mão rindo.

Me afastei rápido dele, eu juro por tudo, senti meu coração quase saltar pela boca naquele momento.

- Ta com ciúmes?

Olhei para Murilo um pouco vermelho e quando eu esperava, Lina estava beijando ele na minha frente. Comecei a rir baixo olhando aquela cena em minha frente e comecei a beber o que ela havia trazido antes.

- Ok, agora sou eu quem estou com ciúmes.

Os dois olharam para mim rindo, e meu Deus, aqueles dois sorrisos juntos pareciam flechas em meu coração, de tão perfeitos que eram.

Lina não perdeu tempo e me puxou pela camiseta me beijando um pouco intensamente. Ela segurou em meus fios e os enrolou nos dedos, de todas as meninas que eu havia beijado, nenhuma me deixou tanto sem ar, eu estava louca por esses dois. Depois de terminarmos o beijo nós três nos deitamos no chão rindo de algo, eu não sei do que estávamos rindo, mas eu sei que era impossível parar de rir, parecia que nosso corpo nos forçava a fazer isso sem parar.
Um bom tempo se passou e decidi sair dali para tomar um pouco de ar, Lina e Murilo continuaram no quarto, provavelmente iriam se pegar um pouco mais.

Fui até a cozinha beber um pouco de água gelada, enquanto isso vi alguém se aproximando de mim enquanto enchia o copo.

- Helena, podemos conversar?

Sabia de quem era aquela voz, olhei para Nicolas atrás de mim e apenas passei por ele como se estivesse sozinha na cozinha o tempo inteiro. Ele estava chateado por eu estar ignorando sua existência, mas ele devia ter pensado nisso antes de beijar alguém na minha frente, Nicolas sabia muito bem como aquilo me afetou por muito tempo, eu não queria ouvir suas desculpas, não queria saber o motivo dele ter feito isso. O que eu queria era fingir que nunca nem amei ele, em momento algum.

Fui até a rua e me sentei no meio fio. Eu devo ter ficado um bom tempo lá, porque quando me dei conta, não havia quase ninguém na festa.

Lina e Murilo passaram por mim e se sentaram um em cada lado de mim.

- Helena, bebe mais um pouco, nós te levamos embora depois. Fica tranquila.

Murilo disse me entregando um copo, pelo o que parecia ser, eu chuto que era uma caipirinha que inclusive estava maravilhosa. Lina fumava um cigarro enquanto olhava para seus all star um pouco sujos.

Ficamos conversando sobre algumas bandas que ouvíamos diariamente, tínhamos os mesmos gostos.

Ouvi alguém andando para fora do portão e olhei para trás, Nicolas Pimento estava saindo segurando uma garrafa de alguma bebida que achou por aí. Ele olhou para mim e quando seus olhos foram de encontros com o meu senti um choque percorrer por todo o meu corpo. Talvez seja ódio, decepção, tudo de ruim que possa existir.

Ele deu um sorriso pequeno, parecia estar triste, mas eu não me importava. Saiu andando sem dizer nada.

– Acho que vou embora.

Murilo e Lina se levantaram e olharam para mim dando aquele sorriso de sempre.

– Nós te levamos!

Concordei com a cabeça e fomos para minha casa, abri o portão e Lina se aproximou de mim indo até meu ouvido falar algo.

– Não vai morrer sozinha, ok?

Senti meu corpo se arrepiar por inteiro, antes que eu pudesse dizer algo, os dois já haviam ido embora.

Quando entrei em casa e tranquei a porta, Nina veio se esfregar em minha perna, essa é a minha gata, ela é meio carente e sempre quer atenção. Peguei ela no colo e fui até meu quarto, me joguei na cama e respirei fundo. Estava sentindo falta de algo, meu celular estava comigo, me lembro de tirar uma foto de algo que vi na festa.. Olhei para o meu quarto ao redor e percebi, minha bolsa.

– A bolsa..

Nina resmungou e começou a amassar pãozinho em minhas costas. Mandei mensagem para Ana, falando para amanhã de manhã ela passar aqui deixar minhas coisas.

Joguei o celular na cama e fechei os olhos, eu precisava urgentemente dormir.