Deve ser bom e até mesmo extraordinário ter uma alma livre e leve. Acordar todos os dias e se sentir grato, não ser esmagado pelo peso das preocupações. Em um outra vida talvez eu tenha sido assim, em outra vida eu poderia não me sentir oprimida como me sinto agora... Mas se assim eu não fosse eu não seria de fato eu mesma, não é? Ah, como queria poder ser qualquer outra pessoa.
Desejo não me preocupar tanto, não me sentir engasgada com tudo aquilo que não digo e que vai me asfixiando aos poucos, a cada instante de cada dia. Há dias verdadeiramente bons, poucos, mas existem, porém vivo na espera de que tudo que sinto agora volte. Aguardo o momento em que o peso da minha consciência vai cair sobre mim, como se eu brincasse de roleta russa comigo mesma.
Parecem palavras desconexas e provavelmente são mesmo, mas são palavras de uma mente em polvorosa e desorganizada. Uma mente que não mais é capaz de lidar com tudo que sente e tudo que estar vivo significa.
São nestes momentos que a fraqueza vem e sei que não posso me render porque o que cabe em um instante muitas vezes é o fim e não posso me dar a esse luxo.
Finalmente tenho alguém a quem amar incondicionalmente, mas é desesperador pensar que não sou o suficiente ou boa o suficiente e que nunca serei. Não que ele se importe com isso no auge dos seus 2 anos de idade. Nunca me dei ao luxo de desejar isso, porque no fundo não posso lidar com a possibilidade de que as coisas acabem e que as pessoas vão embora. Sinto um vazio tão grande, um vazio que sinto que não é de todo meu. O que cabe em um instante é a eternidade, mas as vezes nem ela é o suficiente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tudo o que eu não digo
Short StoryPalavras que engasgam e nos esmagam. Relatos de uma ansiosa.