Reki comemorava o início de fevereiro de forma festiva. Os corpos quentes, amontoados e suados dançavam e cantavam ao som de Ivete Sangalo e milhares de músicas mais, escolhidas anonimamente, que vinham da caixa de som.
As ruas de Copacabana eram tomada pela multidão saltitante e alegre. O carnaval era verdadeiramente uma época contagiante. Com um copão na mão, amarrado numa pulseira junto ao seu braço, Kyan festejava numa só folia. Engolindo bebidas de origem duvidosa e balançando a sainha de tutu da fantasia que vestia.
De longe, avistou um rapaz atraente. Cabelos azuis chamativos e uma pele pálida como quem nunca havia posto a cabeça no sol.
─ Eu vou ali, já é? ─ Soou o sotaque carioca.
─ Porra Kyan, sossega. ─ Reclamou seu amigo, quase babá.
Reki se fez de desentendido. Chegou no garoto que parecia estrangeiro e completamente perdido.
─ E aí? Acho que nos completamos. ─ Ele disse, seguido de uma risada estridente. O garoto o olhou assustado, jogou a bituca de cigarro no chão e a pisou.
O de fios azuis se fantasiava de anjinho, uma saia de tutu azul, auréola, asinhas e muita purpurina. Já ele se fantasiara de capetinha, saia de tutu vermelha chifres e uma gravatinha charmosa. Pareciam feitos um para o outro, era quase o destino.
─ Acho que sim. ─ Ele riu, tímido. Kyan percebeu o sotaque estrangeiro.
─ De onde 'cê veio? ─ O ruivo deu uma golada no só deus sabe o que ele tomava.
─ Vim do Canadá. ─ O português mal pronunciado parecia fazer sentido agora.
─ Longe pra caralho irmão, veio fazer o que em Copacabana?
─ Longa história.
Após um intervalo silencioso, ele se prontificou a buscar mais bebida.
─ Acho que vou pegar uma cerveja, 'cê curte?
─ Curte? ─ Pronunciou com o sotaque britânico e como quem não entendesse entortou a cabeça depois da fala.
─ É, curte, gosta, bebe. ─ Kyan era horrível explicando qualquer coisa, mas o estrangeiro pareceu entender.
─ Ah, desculpa, eu não bebo. ─ Ele negou com a cabeça.
─ Não bebe? Caralho gostei de você. ─ O ruivo já bêbado embaralhava as palavras e abraçava o desconhecido como um amigo de longa data. ─ Vou buscar uma cervejinha de qualquer jeito, como você se chama? ─ Perguntou.
─ Langa. Langa Hasegawa.
─ 'Ta chave, se ver uma cabeça vermelha gritando pelo seu nome sou eu. ─ Ele riu da própria fala. ─ Muito prazer, Languinha.
─ O prazer é meu...?
─ Ai que cabeça a minha! Eu sou Reki. Reki Kyan. ─ Bateu na própria testa.
─ O prazer é meu, Kyan. ─ Ele falava formalmente, e aparentava ser muito quietinho. Reki se perguntava o que alguém como ele fazia na bagunça do carnaval.
Os fios azuis se entranharam na mente de Kyan, ele era lindo, emocionado era pouco para alguém que se apaixonava em um bloquinho de rua.
A bebida desceu amargo, sacudiu a cabeça e sem pensar muito dançou até onde Langa estava.
─ Curte Anitta? ─ Ele tinha total de zero assuntos, mas não perderia a chance de ficar com o azulado nem que tivesse que montar despacho na encruzilhada.
─ Quem não? ─ Ele acompanhou a dança, e, agora os dois dançavam ao som de Marília Mendonça, uma cena icônica.
─ Aí. ─ Chamou Kyan, já bêbado pra caralho. ─ Te contar, tu é gato pra caralho. ─ Langa ficou vermelho, ele estava infelizmente sóbrio.
─ Obrigado...? Eu acho. ─ Ele gaguejava sem saber o que dizer.
─ 'Tô te secando a maior tempão. ─ Ele se aproximou, sorriu travesso. ─ Não vai me beijar nunca? ─ Hasegawa deu um passo pra trás.
─ Eu... eu... ─ Gaguejou novamente.
O álcool já havia tomado conta de todo senso comum e vergonha que o ruivo tinha. Agarrou o de fios azuis pela cintura e lhe beijou, um beijo sedento, sem amor, era fútil.
Assim que se separou, a poucos centímetros de seu rosto, os olhos de Langa brilharam, como quem encontra um verdadeiro amor. Era um santo milagre de carnaval.
Um garoto baixo e de fios escuros chamou por Reki.
─ Eita, tenho que ir. ─ Ele deu um sobressalto. ─ Qualquer coisa, vou te passar meu número. ─ Tirou um bloquinho de notas de sabe se lá deus aonde e anotou seu número. Lhe entregou o papel dobrado.
Reki Kyan
(21)980171613
Reki ajeitou seu cropped e saiu em direção à multidão.─continua no capítulo 2.
─notas do autor: escrever isso é simplesmente terapêutico.
essa vai ser uma história bem curtinha, comecei a escrever meio na ironia, é só algo que criei pra me distrair. não esperem muito.
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Carnaval ─ Renga
FanfictionOnde Reki conheceu Langa em um bloquinho de carnaval. • • •Anime: Sk8 The Infinity •Shipp: Renga (Reki x Langa) •Iniciado: 15/09/2023 •Terminado: 17/09/2023 •Longfic •A arte da capa foi pega no pinterest, caso saibam quem é o autor peço que me avise...