Capítulo 7

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— Isso está gelado, e aquilo está quente! — ele resmungou, tal como uma criança pequena a aborrecendo, mas ao mesmo tempo movendo um pequeno e gracioso sorriso. As maçãs da face masculina estavam rosadas febril, enquanto ele parecia se recusar a sair debaixo dos cobertores.

— Não reclame, não está em posição aqui, coronel — ditou, quando empurrou outra colherada de mingau direto para a boca dele.

— Tão megera, não se compadece nem mesmo dos doentes — Naruto resmungou enquanto abria a boca por mais do mingau, que, mesmo diante de tantas reclamações dele, continuava a comer mais e mais apenas porque aquele sabor lhe era bom e prazeroso ao paladar. Um sabor que lembrava... sua mãe, cuidado e lar.

Ele estremeceu sob o toque mais frio da mão dela contra sua testa, mas ao mesmo tempo que lhe arrepiava, o fazia ansiar pelo contato que causava alívio a alta temperatura que seu corpo irradiava. Naruto então agarrou-se a mão de Hinata sem deixá-la escapar

Coitado, o jovem coronel delirava febril, derramando a ternura que jamais demonstraria.

— Sua pele é tão macia e... cheirosa, 'Nata... — balbuciou. Se a senhora Uzumaki pudesse rotulá-lo naquele instante, então Naruto seria uma bela torta de amora doce. E se por um instante ela sentiu o coração acelerar de repente, do outro lado, totalmente envergonhada pela intimidade e falta de decoro do homem, sentiu suas bochechas incendiarem enquanto tentava a todo custo tomar a mão de volta para si antes que algum criado visse e considerasse o que não devia.

Mexericos destruíram uma reputação.

— Oras, coronel! — brusca, ela tomou para si, apoiando a pequena mão contra o peito enquanto esse sentia as batidas fortes e firmes do seu coração, e o calor de Naruto dissipava-se.

— Eu sonhei com você... e... tinha flores e... e tinha pasto, você não era tão megera, e...

— Pare por aí mesmo! — ergueu-se de forma brusca. Deus, estava tão, mais tão constrangida, chocada com aquele delírio do homem — está muito doente e delirando. Não fala coisa com coisa. E... não confunda a minha pessoa com as suas paixões juvenis do estrangeiro, coronel. Com sua licença.

Ela retirou-se, mas diferente do habitual, Hinata largou a bandeja com o resto da tigela de mingau na cozinha. Em seus olhos havia uma certa fúria selvagem, e pensamentos tão destoantes de si, alguns da qual ela jamais fora capaz de sentir. De repente, para Hinata, era como se o dia fosse o mais quente do ano, como se seu corpo precipitasse uma ebulição desesperadora enquanto seus pensamentos eram invadidos por aquele toque, por aquelas palavras tão tolas.

— Senhora Uzumaki? — a voz de Tenten a fez sobressair-se em susto. Ela não disse nada a criada, pelo contrário, como um grande furacão negro, afastou-se dali indo direto para o estábulo.

Konohamaru, que limpava alguns cochos, assustou-se com a entrada dela, que, claro, exalava uma irritação fora do normal. Como uma mulher intrépida e fora do comum, ela rapidamente selou sua égua e sem dizer nada a ninguém, a viúva Uzumaki saiu disparada em um rápido galope pelos campos.

Os ventos chicotearam as mechas soltas dos fios escuros, desfazendo o coque que ela tinha. Arrastaram-se como um véu enquanto o corpo curvilíneo era jogado para cima e para baixo ao ritmo do galope forte. As paisagens abertas dos campos de gado foram se fechando um pouco, ocultando o pequeno paraíso dela: um riacho.

Ela amarrou o equino, o deixando confortável para pastar enquanto se aproximava da água fria. As mãos mergulharam captando a água cristalina e molhando sua face. A respiração estava lentamente normalizando enquanto o rubor parecia decidido a ficar.

A viúva do coronelOnde histórias criam vida. Descubra agora