Helô seguia sentada em frente à Stenio, ouvindo atentamente tudo que ele falava. Prestando atenção em cada pequeno detalhe do que ele lhe contava, tentando absorver o máximo das informações.
Ela percebia o olhar preocupado que ele trazia no rosto, a maneira como falava de modo áspero. Como ele parecia fora do eixo, nervoso. Ela seguia próxima a ele, sentada quase na ponta da cadeira, as pernas se encostando davam a sensação de terra firme, o contato acalmava de leve o caos dentro dos dois.
- Helô, me deixa ficar perto de você. – Ele disse desesperado, pegando a mão dela, querendo tocá-la.
- Stenio, eu sei me cuidar, não precisa disso – Ela tentou soar confiante, mas não sabia se havia convencido. A mão dela não soltou a dele.
- Não é só sobre isso – ele olhava pra baixo, balançado a cabeça. Ela nunca iria entender, iria?
- Stenio, que que ta acontecendo? – Ela podia ver a agonia no rosto dele quando ele a encarou de volta. Ele soltou a mão dela apenas para segurar seu rosto, puxando-a para perto, encostando as duas testas.
- Eu não consigo suportar a ideia de algo acontecendo com você – ele falava baixo, a voz soando fraca enquanto os olhos permaneciam fechados – Não consigo suportar a ideia de eles chegarem perto de você.
- Eu vou tomar cuidado, não vai acontecer nada. - Ela respondeu igualmente baixo, colocando a mão sobre a dele, querendo aproveitar a segurança e a calma que o toque lhe trazia.
Quando Stenio abriu os olhos e encontrou os dela o olhando firme, ele só conseguia pensar em como a amava mais do que qualquer coisa. Será que ela sabia disso? Será que ela entendia? Será que ela sabia que a única coisa que o manteve vivo foi a vontade de voltar para ela? Como estava o matando por dentro ter metido ela no meio de tudo isso?
Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, ele puxou o rosto dela para junto dele, finalmente, dando o beijo que ele tanto precisava. Enquanto ele e beijava e as mão dele faziam carinho em seu rosto, ele esperava que ela entendesse. Não demorou muito para sentir que ela retribuía o beijo. Foi calmo, foi leve, diferente de todo o desespero que eles se encontravam naquele momento.
Eles sempre seriam o ponto de paz um do outro.
- Helô – disse ele quando se afastaram. Era um sussurro, quase implorando para ela o ouvir. Para ela o entender.
- Stenio, não tem nada que você possa fazer no momento. - Ela se afastou um pouco, retirando a mão dele do seu rosto, mas ainda as segurando entre as suas - Eu vou tomar cuidado, eu vou fazer tudo que estiver ao meu alcance.
- Me deixa... – ele tentou dizer, mas ela interrompeu antes.
- Tu não vai se mudar lá pra casa. – ela disse suave, antes de levantar da cadeira e pegar sua bolsa indo em direção à porta. - Não apareça com malas e escova de dentes lá.
- Helô, por favor.... - Ela se virou tentando parecer irritada, mas derreteu quando viu novamente o desespero em seu rosto - se cuida.
- Eu vou – ela se aproximou, dando um selinho demorado nele, encostando a cabeça em seu ombro depois, aproveitando o cheiro enquanto ainda estava ali - Eu juro que vou.
Assim que chegou em casa, pegou o celular e viu a mensagem de Stenio "me avisa quando chegar. Só uma mensagem". Ela sorriu olhando para a tela.
Apesar de todo o desespero e medo que sentia, sentir a preocupação de Stenio ainda viva por ela, fazia o coração dela bater um pouco mais rápido. Dela já havia experienciado isso algumas vezes com ele. Durante o quase assalto, ela percebeu quando ele tentou de tudo para atrair a atenção do assaltante para si mesmo, mesmo ela sendo a policial. Ela ainda conseguia se lembrar de quando ela sofreu um atentado e seu carro foi explodido pela máfia do tráfico humano.