the dry martini chronicles

wait for me to come home

Era difícil de acreditar que momentos assim fossem possíveis de serem reais. Eles aqui, deitados nos braços um do outro, Ascânio cantando na cozinha e apenas a vida acontecendo ao redor deles. Mas rinha sido tão fácil se acostumar com tudo isso, tão natural. Eles se bastavam.

- Romero?

- humm

- Qual que é o maior sonho da tua vida?

- Que que é?

Estavam deitados na cama, em silêncio sem falar nada. Romero assistia televisão, com a cabeça apoiada no ombro de Atena, enquanto a loira fazia carinho de leve em seu cabelo. Depois de tantos desencontros, depois de tanto se machucarem, o que vivam agora era calmo. E era mágico poderem se dar ao luxo de apenas existirem um lado do outro. Sem mais amarras, apenas se permitindo amar.

- Qual é o teu maior sonho agora? Se você pudesse ter qualquer coisa... o que seria?

- Um filho.

Atena parou os carinhos pensando na resposta direta de Romero.

- Tá pensando na tua filha com a Tóia, né?

- É difícil não pensar. Mas a gente sabe que eu nunca vou ver minha filha com ela. Essa criança nunca vai saber que sou pai dela.

Eles sabiam que era verdade, sabiam que a filha dele seria criada por Juliano. Mas também sabiam que se Romero tivesse a chance, amaria e daria para aquela criança todo o amor que nunca ele mesmo nunca recebeu. Todo o carinho e apoio que sempre lhe foram negados.

- Maaaas, eu tô falando de um filho teu mesmo. Um filho nosso. Te ver grávida.... Ver crescer, ver falar as primeiras palavras, sabe? Ver os primeiros passos...meu sonho dar pro meu filho todo o amor que eu não tive. E eu quero isso contigo... tu ficaria linda grávida.

Atena tinha agora os olhos cheios de lágrimas, ela sempre soube que o amor deles era grande demais pra não virar algo maior. Ela sempre soube que um dia eles seriam uma família, que o amor deles daria frutos. Inconscientemente as mãos dela haviam retomado os carinhos na cabeça de Romero que fazia, por sua vez, leves carinhos na perna da loira. Havia se tornado um hábito, eles gostavam se sempre encostar um no outro.

- Tua pensa em ser mãe? De verdade mesmo?

- Penso. Eu sempre quis um filho teu, Romero. Sempre.

Ficaram assim mais um tempo, num silêncio confortável que só vem de duas pessoas que se amam e se conhecem. Secretamente imaginavam a vida que ambos queriam. Os filhos, os momentos, a casinha com quintal grande para as crianças brincarem. Eles, que tanto precisaram de uma família e nunca tiveram, teriam a chance de criar algo pra chamar de deles.

Algo real.

- Romero?

- hmm?

- Eu tô grávida.

Romero parou os movimentos que fazia na perna dela, quase de maneira automática. Ele tinha ouvido certo? Ela estava...

- Grávida? Cê tá brincando comigo, Atena? Não brinca comigo. - Ele disse levantando a cabeça do ombro dela pela primeira vez, para olhar nos olhos da mulher da sua vida. Ela pode ver, então, os olhos dele brilhando, cheios de lágrimas. Lágrimas de felicidade que teimam em extravasar pelos olhos quando ela transborda do peito.

- Tá bem louco você? Brincar com uma coisas dessas. Eu tô grávida. Vou ter um filho teu.

Ambos se olhavam chorando, o choro mais feliz das suas vidas desde que disseram "sim" um para o outro, Enquanto Atena apenas balançava sua cabeça com um sinal de "sim" incapaz de dizer mais uma palavra, Romero delicadamente colocou a mão em sua barriga, sorrindo. Olhava para onde agora estava a maior prova de amor deles, sem ser capaz acreditar no que tinha acabado de escutar. Puxou Atena para um beijo apaixonado, para depois abraçar a loira com toda a felicidade que tinha dentro dele.

-Atena, você me faz o homem mais feliz do mundo. Eu te amo. Eu te amo.

- Eu te amo, Romero. Sempre amei. Até o fim da vida.

A história deles estava apenas começando. Longe da facção, longe de Tóia. Um ponto de recomeço para eles que mereciam, mais do que ninguém, viver esse amor que tanto haviam lutado para conquistar.

Um amor e uma vida que eles mereciam viver.

- Romero?

- Que foi? - disse ele, com a cabeça afundada no cabelo da loira enquanto ainda abraçava ela e o filho, sem ter coragem de soltar.

-Tô com desejo.

- De que?

- Do macarrão com salsicha do véio.

Ambos gargalharam enquanto Romero gritava pra que Ascânio fosse preparar o macarrão pra Atena. O véio ia ser avô e nem fazia idéia.

Eles tinham, finalmente, encontrado seu lugar no mundo