capítulo 4

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Eu estava em um quarto sujo, mas que eu conhecia bem, era a casa na montanha, as coisas estavam quebradas e sujas, eu estava com medo.

A porta se abriu e você entrou, com uma faca nas mãos, se curvou e me chamou para dançar uma música que só agora eu percebi que tocava, vinha de uma rádio velho que havia ali.

Eu dancei, dancei temendo pela minha vida, aquela valsa era fúnebre e não tinha o mesmo brilho de quando eu dançava com meu marido nas manhãs que a gente cozinhava junto para nossos filhos. Você me girou e então eu senti a faca ser colocada em meu pescoço.

A faca gelada fazia um contraste com o quente do meu pescoço, eu sentia as mãos firmes dele me segurando para que eu não me movesse, esse seria o meu fim.

Eu não esperava perder minha vida nas mãos do homem que eu tanto achei que amava. Carreguei comigo por muito tempo o seu  olhar doce,  que não se parece nada com o olhar frio e morto que me observa pelo pequeno espelho do quarto.

Ele havia se matado,ele havia matado o homem que me amou, agora era apenas o homem que me machucou, ele era apenas uma carcaça vazia, tudo por um vício doentio

Eu eu seu vício, eu sempre fui seu vício, uma doentia obsessão, você não era e nunca foi o homem que eu amei, você era o homem me matou e me machucou.

Você largou a faca e isso me deixou surpreso, mas isso foi antes que você me olhasse novamente e assim desse fim a minha vida.

Naqueles momentos finais eu gritava o quanto eu amava meus pais, meu filho e meu marido, eu queria lutar para sobreviver, queria ver novamente o rosto daqueles que eu amava.

Meus olhos se fecharam, eu não via mais aquele quarto, eu me sentia morto, mas um barulho insistentemente me chamava.

- Jimin !

- Jimin!

- acorda por favor amor!

Abri meus olhos, mesmo que achasse que não tinha forças para fazer tal coisa, eu estava em uma quarto branco, meu quarto na minha casa.

Meu marido me olhava com lágrimas nos olhos, não me importei com o que estava acontecendo, eu pulei nos braços do homem que eu amava, jamais soltaria ele.

- o que aconteceu ? - eu coloquei a mão no pescoço, mas não havia cicatriz ou machucado.

Jeon segurou minhas mãos e me beijou com fervor, parecia querer me tirar dos meus pensamentos.

- foi apenas mais um pesadelo meu amor, você sabe que está abalado após a notícia que recebeu a dias atrás - ele me olhou com amor - nada vai te acontecer.

A dois dias atrás eu recebi a notícia de que você tinha morrido, a sensação de alívio foi instantânea, mas minha mente ainda me pregava peças, entretanto meu marido e amigo estava ali para me lembrar que eu estava bem e nada poderia me atingir.

Eu estava bem, longe de você.

Eu tinha uma família feliz, sem você.

Alguém me amava e esse alguém não era você.

Jeon nunca seria você, por que ele era muito melhor, ele jamais me machucaria, sempre seríamos felizes com nossos filhos e na nossa casinha.

Abracei meu marido mais forte e ali eu me acalmei, logo amanheceria e eu veria meus filhos e podia abraçar e beijar eles.

Vício DoentioOnde histórias criam vida. Descubra agora