CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS

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■KARA POV ■


____ Como estava?— Pergunta Lena.
As duas estão sentadas à grande mesa de jantar, Kara na cabeceira, onde nunca tinha se sentado, apreciando a vista do mar.

_____ Delicioso. Você é uma mulher de muitos talentos.

_____ Você nem imagina... Diz Lena secamente, a voz um pouco rouca.

E por algum motivo seu tom de voz e a maneira como ela a olha fazem com que Kara fique sem ar.

_____ Ainda quer dar uma volta?
_____ Quero.
_____ Está bem.

Pegando o celular, Lena disca um número, Kara se pergunta para quem está ligando.

_____ Eve. —diz Lena.

_____ Não. Estamos bem. Pode providenciar um par de galochas ou botas de caminhada ....—Lena então olha para o rosto de Kara. —Qual tamanho? —Pergunta.

Ela não tem ideia do que Lena está falando.

____ Quanto você calça? —Explica Lena.
____ Trinta e oito.
____ Isso é, um ... tamanho cinco, e meias, se tiver alguma. Sim. Para uma mulher.... Magra. Pequena.  O mais rápido possível. —Lena ouve por um instante. —Fantástico –Diz, e desliga.

_____ Eu tenho casaco.
_____ Mas não vai esquentar  você direito. E não sei como  é o esquema das meias na Albânia, mas está frio lá fora.

  Ela fica sem graça. Só tem dois pares de meias porque não pode comprar mais.
—E não podia pedir outra para Nia. Ela já tinha feito muito.

Dante e Ylli confiscaram a bagagem de Kara,e quando ela chegou em Brentford. Nia queimou a maioria das roupas Porque não tinham mais condições de serem usadas.

_____ Quem é Eve?
_____ Ela mora aqui perto—responde Lena,voltando a atenção para os pratos vazios e ficando de pé para tirar a mesa.
_____ Pode deixar—diz kara,chocada ao ver que Lena esteja fazendo aquilo.
_____ Vou lavar os pratos também.

Kara pega os pratos da mão de Lena e os coloca na pia.

_____ Não. Eu vou fazer. Deve ter um secador de cabelo na cômoda,dentro do armário do seu quarto. Vá secar o cabelo.

_____Mas ...
Claro que Lena não vai lavar a louça! Nenhuma  madame  faz isso!

_____ Sem "mas". Eu vou arrumar. Você já cuidou da minha bagunça muitas vezes.

______ Mas é o meu trabalho.
______ Hoje, não. Você é minha convidada. Vá. — Articula cada palavra. Seu tom é ríspida. Um arrepio de apreensão percorre suas costas.

_____ Por favor. —Acrescenta Lena.
_____ Está bem—sussurra kara e corre para fora da cozinha,confusa e sem saber se Lena está brava com ela.

POR FAVOR, NÃO FIQUE BRAVA.

_____ Kara—chama Lena.
Ela para diante da escada e olha para os próprios pés.

_____ Você está bem?
Ela faz que sim,então sobe correndo.





■LENA POV■



Que porra foi essa?
O que eu disse? Observo a silhueta dela se afastando e reparo que evita me encarar de propósito.
MERDA.

Eu a magoei, mas não sei como nem por quê. Fico tentada a ir atrás dela, mas decido não fazer isso e começo a encher a lava-louça e a limpar a cozinha.
Vinte minutos depois, enquanto estou guardando a frigideira, o interfone toca.

Eve.

Olho para o alto da escada,torcendo para que Kara apareça, mas não há sinal dela. Aperto o botão para liberar a entrada da Eve e desligo a música, sabendo que ela não vai aprovar.


■KARA POV■

O ruído agudo do secador ecoa em seus ouvidos enquanto Kara penteia o cabelo sob o vento quente. A cada escovada, seu batimento cardíaco se acalma mais um pouco.

LENA FALOU IGUALZINHO AO  PAI DELA.

Pensou Kara. E ela reagiu como sempre fazia com o pai, saindo de perto. Baba nunca a perdoara,nem à sua mãe,pelo fato da única filha ser menina.Mas era a sua pobre mãe quem suportava o peso da raiva dele.

Mas Lady Lena não tem nada a ver com seu pai.
NADA.

Ela termina de secar o cabelo e sabe que o único jeito de se recompor e esquecer a família por um tempo é tocar piano. Música é sua fuga. Sempre foi sua única fuga.

Quando ela desce, Lena sumiu. Ela se pergunta para onde ela se foi,mas seus dedos anseiam por tocar. Senta-se diante do pequeno piano vertical branco, abre o tampo e, sem preâmbulos, começa o " Prelúdio em Dó Menor", de Bach. A música brilha pelo cômodo em tons de laranja e vermelho, afastando qualquer pensamento sobre seu pai e libertando-a.

Quando ela abre os olhos, vê que Lena estava observando.

_____ Foi incrível —sussurra Lena.
_____ Obrigada.

LENA dá mais um passo na direção de Kara e acaricia seu rosto com as costas dos dedos, então ergue o queixo dela, fazendo-a se perder naquele olhar magnético. Os olhos de Lena tem uma cor espetacular. De perto, ela percebe que o contorno das íris é de um verde mais escuro — da cor de um pinheiro de kukes, enquanto, perto da pupila dilatada, o tom é mais claro,como uma  samambaia na primavera. Quando Lena se inclina, ela acha que vai baijá-la. Mas não a faz.

_____ Não sei o que fiz para magoar você. —Diz Lena.
Ela leva os dedos à boca dela, silenciando-a.

_____ Você não fez nada de errado—sussurra.

Os lábios de Lena se comprimem para dar um beijo em seus dedos, e ela puxa a mão.

_____ Bem, se fiz, me desculpe. Quer dar aquela voltinha na praia agora?
Kara sorri.
____ Sim.
____ Está bem. Vai ter que se agasalhar bem.



LADY-LUTHOR -KARLENA Onde histórias criam vida. Descubra agora