LUCKLESS | Paul Lahote. pt-br

28

CAPÍTULO 28

Batimentos cardíacos bateram contra minha garganta. Por que me senti tão na defensiva? Eu só poderia explicar o instinto de proteção em termos de lobo. Irônico. Meus filhos eram filhotes de outro macho. Se Paul estivesse tão destinado a ser meu companheiro, como ele reagiria aos filhotes de um desafiante? Fiquei instintivamente preocupado com o bem-estar de Tia e Eli. Foi esse medo que me fez proteger ambos da visão dele.

Eu não tinha motivo para me preocupar. Este não era o Paul intenso de antes. Sua forma tensa caiu quando ele me viu. Eu não relaxei até que ele falou.

"Kathryn." A palavra era um sopro que ele esperou anos para liberar. Foi uma mistura de emoções. Alívio, alegria, tristeza e excitação. Tudo retido ao som do meu nome. Minha alma estremeceu, como se também estivesse esperando a palavra. Eu não sabia como responder.

Como se preenchesse o silêncio, Elijah começou a choramingar nos braços de Kim. Gentilmente sentei Tia no sofá antes de pegar meu filho. É claro que Paul veio na hora da alimentação. Tentei ignorar a respiração vinda de sua direção enquanto revelava minha prole. Também ignorei os olhares penetrantes e cheios de tensão entre Kim e Jared. Deixei Tia com a tia dela enquanto subia para amamentar. Pude sentir um olhar quente nas minhas costas enquanto subia os degraus.

Depois de alimentar Eli, deitei-o para dormir. Era cedo, mas ele precisava cumprir sua agenda. Eu sabia que ele logo acordaria exigindo ser alimentado novamente. Até então, eu poderia lidar com Paul lá embaixo. Eu estava dormindo no sofá de qualquer maneira. Enquanto descia, pensei no que iria dizer. Como alguém abordou seu ex-que-não-era-realmente-seu-ex-porque-você-teve-medo-de-comprometer-se? Obviamente não com abraços e beijos. Eu me desculparia? 'Ei, Paul Desculpe por arruinar sua vida com minha estupidez!' Era impossível descobrir o que estava certo.

Eu não estava tão animada quando cheguei à sala. Tia e Jack estavam brincando no chão com Kim observando. Jared estava impacientemente sentado no sofá, observando minha filha com olhos atentos. Paul estava encostado na parede. Quando ele me viu, ele se afastou. Ficamos parados, olhando um para o outro sem jeito por um momento. Fui o primeiro a quebrar a tensão.

"Lá fora?" Murmurei e fiz um gesto com a mão. Paulo assentiu. Minhas mãos tremiam quando nos movemos para a porta da frente. Aqui vamos nós. Paul esperou até que eu fechasse a porta atrás de nós antes de falar.

"Você não está usando aliança de casamento." Corei levemente. Claro que ele havia notado.

"Eu sei." Minhas palavras foram suaves e hesitantes. Acho que nunca estive tão nervoso antes.

"Então, o que isso significa?" Suas palavras tinham um tom que me irritou duramente.

"Isso significa que Andy e eu não estamos juntos. Bem, na verdade não. Estamos de férias agora."

"Quantos anos tem Elijah?"

"Cinco semanas."

"Então você está fazendo isso sozinha agora? Andy não está ajudando? Ele deixou você vir aqui sozinha?" O tom de Paul era mais nítido. A aspereza fez meu lábio tremer.

"Por favor, Paul. Agora não." Belisquei a ponta do meu nariz. Eu estava cansado demais para lidar com sua raiva. Ele pareceu surpreso com minha reação. Eu pude ver por quê. A Kat que ele conheceu nunca teria quebrado tão facilmente. Eu teria lutado com o mesmo fogo.

"Tudo bem. Então me diga uma coisa, por que você está aqui? Por que você voltou?" Eu sabia que ele estava esperançoso. Pena que eu estava prestes a quebrar isso.

"Porque minha mãe nunca viu Tia ou Eli, e Tia já tem quase dois anos. Ela não merecia ficar longe dos netos por tanto tempo. E..." Eu parei.

"E?"

"E eu precisava de um tempo longe de Andy." Eu poderia dizer que Paul queria perguntar por quê. Pelo menos ele teve a decência de adiar o interrogatório.

"Como você tem estado? E não de uma forma amigável, quero dizer, como você realmente tem estado, Kat?"

Quase comecei a chorar. Acho que ninguém me perguntava isso há muito tempo. Meu lábio tremeu novamente.

"Honestamente? Terrível." Eu queria me abrir e me abrir para ele. Mas eu não consegui, certo? Não quando já fazia tanto tempo. Neste momento, parecia que absolutamente nada havia mudado. Parecia que Paul e eu ainda éramos melhores amigos, sentados no balanço da varanda e conversando sobre problemas triviais. Como foi possível que tanto tempo passasse e parecesse apenas alguns segundos?

"Você pode falar comigo." Suas palavras suaves me convenceram. Deixei-me cair no degrau da varanda, Paul se juntando a mim.

"Estou estressada. Frustrada. Aborrecida. Exausta. Solitária. Triste. E estou tão cansada. De tudo." Coloquei minha cabeça entre as mãos, suspirando pesadamente. Paul não disse nada, então continuei. "Sabe o que eu estaria fazendo agora? Eu estaria ficando tão chapada ou bêbada que não me lembraria da noite de manhã. Mas agora não posso. Eu tenho q ir estar aqui para Eli e Tia. Isso significa que tenho que sentir tudo. Isso significa que tenho que lidar com tudo o que quero eliminar. É difícil."

"Você é forte. Podemos ajudar com as crianças aqui. Todo mundo entende. Kim disse que você tem feito tudo basicamente sozinha já há algum tempo. Você merece um descanso. Ninguém deveria passar por isso sozinho." Concordei com suas palavras, ainda escondendo meu rosto. Não revelei as lágrimas quentes em meus olhos. Eu não queria parecer fraca.

"Obrigada." Eu murmurei. Quaisquer outras palavras me falharam. Fiquei em silêncio, respirando fundo na tentativa de me acalmar. Vários longos minutos se passaram antes que Paul falasse.

"Não vou me intrometer muito, mas apenas me diga uma coisa. O que aconteceu? Por que não funcionou? Você estava tão feliz." Suas palavras foram genuínas e cuidadosas.

Finalmente deixei meu rosto quente encontrar o ar da noite. Sorri ironicamente antes de responder.

"Ele não era minha alma gêmea."

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