𝐄𝐌𝐏𝐈𝐑𝐄 𝐎𝐅 𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓𝐒

𝅄২One -Summer

𝅄Melissa D'Laurent𝅄

Los Angeles
15 de Junho, 2020.

Acordei ao sentir um leve toque em meu cabelo e abri meus olhos dando de cara com intensos raios de sol contra minha face, escutei a voz de tia Louise e sorri olhando em sua direção.

— Querida, se levante. — a ouvi dizer e olhei ao redor percebendo onde eu estava, em um quarto do iate com a janela totalmente aberta — Estaremos te esperando na cozinha. — disse e ouvi seus passos em direção a saída.

Ontem a noite fiz uma viagem de iate com tia Louise, seu marido James, seu filho Killian e minha irmãzinha Annie. Anthony e Victor também vieram junto, já que Anthony era melhor amigo de Killian, e Victor era seu primo.

Era verão, todos os anos nessa época viajavamos juntos, já poderia ser considerado uma tradição de família, se realmente fossemos uma família.

Desde que minha mãe morreu, quando eu tinha 10 anos, tia Louise tomou como sua responsabilidade cuidar de mim e de Annie, já que nosso pai se afundou no trabalho e por muito tempo não se fez presente em nossas vidas, então por meio disso praticamente entrei pra família Locatelli. A não ser por o fato de Killian parecer não gostar de mim, nunca entendi seu comportamento indiferente.

Killian Locatelli, maldito Killian, o mesmo que sou completamente apaixonada desde quando comecei a compreender o que era o amor, o mesmo que ignora completamente a minha existência e me trata como um fardo.

As vezes eu só queria saber o que se passa em sua mente, talvez assim eu poderia compreender o seu desprezo por mim...

— Melissa. — ouvi tia Louise pronunciar meu nome me tirando dos meus pensamentos — Venha logo, quero todos na mesa.

Me apressei em me levantar da cama e rapidamente me direcionei ao banheiro, tia Louise me mataria se eu demorasse mais um segundo.

[...]

— Mel, deixa eu andar de jet ski com vocês. — Annie repetiu mais uma vez sua fala tentando desesperadamente me convencer — Eu prometo te dar toda a minha mesada por dois meses.

Balancei a cabeça em sinal de negação e olhei na direção dos meninos.

— Annie, você é muito nova pra isso, além do más, Killian mal deixou eu ir junto, imagina se você fosse, eu só estou indo porque o Anthony e o Victor me chamaram.

Sem dizer mais nada, Annie saiu irritada me deixando sozinha com os garotos, Anthony sorriu para mim e vi Killian me encarar com a sua típica expressão séria.

— Sabe pilotar jet ski? — ouvi Anthony me perguntar e se aproximar — Se não souber, eu posso te ensinar algumas coisas, ou até mesmo ir com você.

Pude jurar ter visto um vislumbre de raiva na expressão de Killian, mas com certeza foi fruto da minha imaginação.

— Anth, ela não precisa de ajuda, se precisasse não teria insistido feito uma criança para ir conosco. — Killian me cortou quando eu ia responder — Não é mesmo, Pêssego? — perguntou com seu tom carregado de sarcasmo ao pronunciar o apelido.

A droga desse apelido saindo de seus lábios com certeza tem um forte impacto sobre mim, ele deve saber disso, por isso continua me chamando dessa forma.

— Já falei pra não me chamar assim, seu idiota. — um sorriso ladino se formou em seus lábios e senti seu olhar queimar sobre mim — Anthony, respondendo a sua pergunta, eu sei sim pilotar um jet ski, não se preocupe.

Posso ter mentido um pouco, eu só sei na teoria, nunca tentei na prática, mas para tudo existe uma primeira vez.

[...]

— PUTA QUE PARIU — Anthony gritou quando quase bateu seu jet ski contra uma rocha, seu riso era alto e por o seu comportamento era perceptível o uso de alguma substância — KILLEEER, SE EU MORRER A CULPA É SUA.

Olhei na direção de Killian e o vi sorrir enquanto tragava seu baseado, Victor já tinha voltado pro iate, provavelmente estava tentando animar Annie, já que eles sempre foram bem próximos.

Quando voltei meu olhar para Killian e Anthony eles estavam apostando corrida.

— Mel, vem correr também. — ouvi Anthony dizer — Não seja medrosa.

Hesitei um pouco antes de aceitar, mas quando me dei conta já estava ao lado de ambos, Killian parecia não gostar da minha presença, mas se manteve calado, provavelmente não querendo estragar aquele clima de diversão.

Começamos a apostar corrida, como esperado Killian estava na frente, Anthony em segundo e eu em último. Mas por sorte consegui ultrapassar Anthony, faltava pouco para eu alcançar Killian.

Killian e eu estávamos lado a lado, se afastando cada vez mais do iate, mas sem o perder de vista. As manobras de Killian eram impressionantes e a cada aumento de velocidade meu, parecia que a dele aumentava o dobro, eu estava determinada a ganhar de Killian, nem que eu passasse o dia inteiro nisso.

Quando eu estava quase o ultrapassando, o jet ski parou, eu não conseguia ligar de volta, ele parou no meio do oceano e tudo o que eu conseguia pensar era em como eu iria sair daqui. Killian me odeia e Anthony está completamente chapado, sair nadando também não era uma opção, tudo o que eu poderia fazer agora era ficar sentada aqui e esperar ser engolida por algum tubarão ou sei lá que tipo de animal vive por aqui.

Surpreendentemente vi Killian dar meia volta vindo em minha direção.

— Não era você que sabia pilotar jet ski? — perguntou sem me livrar do seu ar de sarcasmo e seu sorriso convencido — Pelo visto, você andou contando mentiras.

— Eu sei andar sim, ok? A culpa não é minha se isso não funciona.

Seu olhar se direcionou ao veículo.

— Deve ter sido o combustível. — seu olhar analisava cada detalhe do local — Sobe aqui.

Ele parou ao meu lado e o olhei sem entender.

Ele falou mesmo o que eu acho que escutei?

— Quer mesmo que eu suba no seu jet ski? — perguntei verdadeiramente surpresa.

— Só vem logo antes que eu te deixe ai pra morrer.

Sem mais nenhuma palavra, subi no seu jet ski e passei meus braços em volta do seu corpo o abraçando por trás, mesmo através da sua camisa eu conseguia sentir perfeitamente os seus músculos, esse era o contato mais íntimo que havíamos tido.

Killian me levou de volta pro iate e foi junto de Victor buscar o meu jet ski, o olhei uma última vez e me virei me direcionando ao meu quarto. Borboletas estavam fazendo uma festa em meu estômago, apenas a imagem de ter o abraçado daquela forma me fazia sorrir que nem boba, eu odiava me sentir assim.