Só Não Deixa Saudade

Coração Bipolar

Ana:

Quando o Gustavo disse que queria conversar, meu estomago gelou, eu senti um medo absurdo que ele terminasse tudo o que tinhamos ali.

Quando ele finalmente falou e, na verdade, era que ele sentia algo por mim, eu me senti aliviada por não ser nada do que as minhas paranoias haviam criado. Sempre que estávamos juntos, todas as minhas dúvidas pareciam sumir, eu me enchia de coragem para sentir o que eu sentia.

Conversamos enquanto eu me arrumava, mas logo tivemos que nos separar.

Enquanto fazíamos a parte da imprensa, uma repórter entrou animada.

Repórter: — Oi Ana... — Cumprimentou.

Ana: — Oi. — Respondo de volta na mesma animação.

Repórter: — Sabe que encontrei o Gustavo agora pouco e ele me disse que estava muito feliz de cantar com você hoje. — Provocou e eu sorri.

Ana: — Disse nada. — Tentei fingir, mas o sorriso com certeza já tinha me delatado.

Repórter: — Disse sim, você vai ver na gravação depois. — Afirmou e eu ainda desconfiei.

Ana: — Disse nada, me mostra. — Pedi.

Repórter: — Eu mostro, eu mostro depois da gravação. — Prometeu.

Ana: — Agora é sério, eu tô muito feliz de cantar com o Gu hoje porque eu sou muito fã dele, há muito tempo e por isso eu vim até mais cedo, para ver ele cantar antes de mim. — Disse sincera. 

Assim que finalizei meus atendimentos no camarim corri para ver seu show, cantei todas as músicas o mais alto que consegui e em determinado momento não me aguentei e invadi o paco para ficar ao seu lado.

Assim que entrei as pessoas começaram a gritar e ele se virou, quando me viu sorriu e eu sorri de volta. Coloquei meu chapéu nele e comecei a dançar a música que ele cantava. 

Estar ali com ele era uma sensação estranha, saber o quanto eu era sua fã e agora estávamos juntos. Era uma loucura lembrar que tudo isso começou de uma forma tão maluca.

Quando seu pai entrou para a minha equipe, eu jamais imaginei que estaria aqui hoje.  

Ele me puxou para dançar, e meu coração acelerou, eu sentia uma confusão de sentimentos e sensações. Por um lado eu tinha medo das pessoas descobrirem, de trazer coisas ruins pra vida e pra carreira dele, mas, por outro lado, estar ali parecia tão certo.

Eu sempre me sentia tão bem com ele que perdia o medo de tudo. 

Quando chegou a parte do seu show que ele faz a famosa Mioterapia eu senti meu estomago gelar ouvindo cada palavra do texto. 

"O amor de verdade ele vem sempre assim, na contramão."

Engoli seco ao final, mas tratei de voltar a ver o show apenas como uma fã e não como a pessoa que tinha dormido abraçada com ele durante toda a noite.

Fizemos mais algumas brincadeiras durante o meu show, cantamos alguns modões juntos e voltamos para o hotel juntos assim que finalizamos o show. Outra vez tivemos uma noite incrível e precisamos nos separar de manhã. 

Era estranha a sensação de ter que me separar desse assim, pra não dizer triste, eu já começava a sentir sua falta assim que saia do quarto. 

Assim que cheguei no hotel onde minha equipe estava, recebi uma mensagem dele, abri ansiosa pra ler. 

Gustavo:
Já to com saudade gata! 

Senti meu coração amolecer só de ler a mensagem, sorri em reação automática. O apelido em qualquer outro momento e vindo de qualquer outra pessoa soaria brega pra mim, eu tenho certeza, mas agora eu sorri feito boba me lembrando direto da cantada furada eu joguei nele no TVZ. 

Rudi: — Nem preciso perguntar... - Disse me encarando segurando o riso. 

Ana: — É ele mesmo... - Respondi logo dando ombros, fingindo não me importar. 

Rudi: — Vão começar a namorar quando? - Perguntou se divertinho com a provocação. 

Ana: — Não vamos namorar! — Respondi. 

Rudi: — Olha Ana, juizo... — Jogou. 

Não respondi, mas a verdade é que não era uma bobagem minha não querer ter nada sério, o que acontece é que o Gustavo me faz sentir coisas que me dão muito medo, a cada dia tenho mais certeza que nunca senti isso por ninguém e vai ser muito mais fácil se as coisas não passarem disso.

Ana:
Também já tô com saudades gatinho!