Princess Without Royal

Capítulo 2 - Coração Ferido

Castelo das Fadas

20h12

Inspirei profundamente, tentando encher meus pulmões com o oxigênio que parecia escasso naquele momento crucial. Cada inalação era como um esforço desesperado para trazer calma aos meus sentidos exaltados. Minha respiração se tornou audível, um som áspero e irregular que ecoava em meus ouvidos, como se fosse o único som no universo naquele momento tenso.

Enquanto minha mente se esforçava para encontrar uma saída pacífica, comecei a contar devagar, cada número pronunciado mentalmente ressoando como um eco em uma caverna silenciosa. Um... dois... três... Os segundos pareciam se esticar enquanto eu lutava contra a avalanche de emoções que ameaçava me inundar. Minhas mãos tremiam, e eu podia sentir a pulsação rápida das veias em minhas têmporas.

Quatro... cinco... seis... O suor brotou em minha testa, como pequenas gotas de desespero. Minha visão se tornou turva, e minha mente se debateu em um mar de conflitos internos. Sete... oito... nove... Cada número era um degrau na escada frágil que eu construía para me manter sob controle.

Mas, apesar de todos os meus esforços, o número dez nunca chegou. A sensação de explosão iminente continuou a crescer, uma pressão interna que ameaçava me rasgar por dentro. Era como se uma tempestade feroz estivesse se formando dentro de mim, e eu estava prestes a perder o controle, como um vulcão em erupção, pronto para explodir a qualquer momento. Meus olhos se encheram de lágrimas de frustração enquanto eu lutava contra o inevitável, sabendo que a contenção estava prestes a falhar.

- O que foi, priminha? - Ela disse com um sorriso de satisfação, como se estivesse se divertindo com o fato de ter conseguido me tirar do sério. Seus olhos cintilavam com malícia enquanto aguardava minha resposta, como se ansiasse pelo momento em que minha contenção desmoronaria. - Não aguenta a verdade? - Sua provocação cortou fundo, e eu senti minha paciência se esgotar.

- Sinceramente, perdi o apetite. - As palavras saíram dos meus lábios com os dentes cerrados, uma fina camada de raiva cobrindo cada sílaba. Olhei ao redor da mesa, vendo rostos que variavam entre o desconforto e a surpresa. - Desejo um bom jantar a todos, mas infelizmente não estou me sentindo muito bem, então terei que me retirar. Com licença - Declareii, tentando dissipar o clima ruim que pairava sobre nós.

Ao sair da sala, lutei para conter as emoções que ferviam na minha mente. Era uma luta que travava há anos, uma batalha silenciosa contra as provocações constantes. Raiva, amor, medo - todas essas emoções se misturavam em um turbilhão dentro de mim, mas eu não podia permitir que ninguém visse minha vulnerabilidade. Nevra franziu a testa ao me ver, seus olhos transbordando de preocupação e compaixão. Ele era um mestre em me ler, não que precisasse de palavras para perceber que algo estava errado.

- O que houve lá?- Ele perguntou, sua voz suave e acolhedora, enquanto mantinha seu olhar fixo em mim. Seu rosto mostrava uma preocupação genuína, como se ele sentisse a minha dor como se fosse sua própria. - Sua prima ou seu tio?

- Os dois! - Minha resposta saiu carregada de frustração, as palavras escapando com um peso que eu não conseguia mais suportar. A voz trêmula refletia a turbulência interna que eu mantivera escondida por tanto tempo. - Eu já estou farta deles. - Nevra moveu-se um pouco mais perto, como um farol de esperança em meio à escuridão que me envolvia. Sua mão tocou levemente meu braço, buscando acalmar as tempestades que rugiam dentro de mim.

- Calma, vem, vou te levar para casa. - Mas minhas emoções estavam à flor da pele, e a sensação de sufocamento era quase insuportável.

- Não quero! - Meus olhos brilhavam com lágrimas não derramadas, a voz trêmula quase se quebrando. - Eu quero ir para um lugar onde eu possa ser eu mesma! - A urgência nas minhas palavras revelava a intensidade do meu anseio por liberdade, por um refúgio onde pudesse finalmente ser quem eu era, sem as amarras das expectativas e pressões familiares.