Meu Coração é Laranja

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Decisões importantes.

Suas pálpebras tremem enquanto abre seus olhos devagar, deitada numa maca em um quarto iluminado por uma luz suave e artificial que permeia as cortinas brancas, Leana tenta se mexer, mas o corte abaixo da barriga doi, impedindo-a.

Ela repara que está num quarto com paredes pintadas em tons neutros, transmitindo uma sensação de tranquilidade.

Quando olha para o seu lado direito, a ligeira surpresa a faz por sua mão direita na boca, há um pequeno berço feito de acrílico com um recem nascido dormindo profundamente, ela sorri encantada, seu bebê é a coisa mais linda que já viu na vida: ruivo, com bastante cabelos, lisos, e uma pele bem branquinha, assim como ela.

Entre lágrimas de emoção, ela tenta se aproximar dele, com cuidado, para lhe fazer um carinho no rosto macio dele. Não viu o momento do nascimento, mas o mais importante, é ve-lo ali, saudável, perfeito, e vivo.

- Leana? - ela segue a voz sussurrada e feminina com o olhar, avistando uma jovem mulher. Seus cabelos estão presos, mas ao mesmo tempo despenteados, resultado de uma noite em claro no hospital. Olheiras de preocupação marcam seu rosto, vestindo uma blusa de moletom branca e calça jeans. Kesse estava numa poltrona e se aproxima com um largo sorriso - seu filho é tão lindo!

- Obrigada! Que bom que está aqui comigo. - um tom de alivio é nítido em sua voz . - Pensei que estava sozinha.

- Fiquei muito preocupada, amiga! - Kesse segura firme as mãos dela.

- Mas o que aconteceu? Eu não me lembro de nada!

- Você teve uma pré eclâmpcia. Foi movida às pressas para o centro cirúrgico. Quase morri de preocupação.

Leana abaixa seu olhar com pesar, lembrando-se que sua mãe morreu por essa condição.

- Mas deu tudo certo! - Kesse aperta as mãos dela com um sorriso vitorioso. - Você e seu neném estão bem!

Leana assente, concordando, e sorri suavemente para ela. Ambas voltam a olhar o bebê ruivo.

- E ai? Vai ser aquele nome mesmo? - a morena pergunta, sem deixar de olhar o pequeno e segurar as mãos dela.

- Sim. Vai ser mesmo Theo, mas eu estou preocupada. - solta um suspiro triste - Meu pai ainda quer que eu o doe. Tão pequeno e frágil assim, ele vai precisar da sua mãe biológica, que sou eu.

- Verdade, mas o que você poderia fazer? - a encaracolada lança um olhar tristonho, cheio de dúvidas. - Ele é seu pai, e você... menor de idade, né?

- Sinto que poderia fazer mais alguma coisa, mas eu não sei o que. Espero que Theo não tenha mágoa de mim quando crescer.

No momento de angústia, os olhares trocados entre as amigas revelam uma profunda preocupação. No entanto, Leana encontra um porto seguro nos olhos de sua amiga de infância. Kesse não é apenas uma confidente; ela desempenhou um papel crucial, oferecendo suporte constante e demonstrando uma preocupação genuína durante toda a gestação dela.

Na verdade, ela é mais do que uma amiga comum; ela é a melhor amiga que Leana já teve em toda a sua vida. Essa conexão especial e a história compartilhada tornam os olhares trocados mais do que simples expressões de preocupação; são vínculos de confiança e amizade duradoura.