Anos antes
— Você não pode fazer isso!
— É claro que eu posso.
— Você não pode se casar com outra
— O que eu não posso é me casar com você.
— Mas nós temos uma filha.
O olhar de desdém era mais cortante que uma faca.
— E quem sabe disso Eu nunca registrei a menina
Os dois adultos se digladiavam enquanto pequenos olhinhos assistiam a tudo, de dentro do móvel da sala em que estava escondido.
— Eu vou contar. – a mãe levantou uma revista e começou a balança-la – Vou contar para a sua noivinha quem você é de verdade!
Pela primeira vez, o pai pareceu surpreendido e quase assustado. Arrancou a revista da mão da mulher.
— Não se atreva!
— Vou me atrever sim! Eu vou atrás dela e vou contar!
— Cale a boca!
— Vou contar que já tem uma família! Que tem uma filha e que vai nos abandonar para ficar com ela e...
— Cale essa maldita boca!
Laminas desceram sobre a garganta da mulher a fazendo finalmente se calar.
E quando os olhos da filha viram o corpo da mãe cair, ela finalmente acordou.
Levantou da cama banhada em suor. Aquele sonho sempre a deixava agitada.
Sonho não, lembrança.
Por mais que tivesse apenas quatro anos quando tudo aconteceu, tinha absoluta certeza que o que vira era real.
Mesmo que os adultos que a encontraram e depois os que acolheram e cuidaram dela no orfanato, lhe dissessem que nunca tivera um pai.
Não havia o registro de um em sua certidão e tão pouco era sabido que sua mãe tivesse uma relação com alguém, nem antes, nem após seu nascimento.
A casa onde vivera a primeira infância era afastada, dentro de uma floresta urbana. O pouco contato que ambas tinham com outras pessoas era no pequeno bairro que se formara aos pés da vasta serra em que sua casa isolada existia.
Nenhum vizinho nunca soube de homens visitando ela e sua mãe.
No atestado de óbito, a causa morte fora ataque de animal selvagem.
Mas sabia o que tinha visto.
Não fora um animal qualquer. Fora um homem com mãos que se transformaram em garras.
Mas é claro que ninguém dera ouvidos a pobre criança traumatizada. Nunca dariam.
Cresceu sabendo que precisava de provas. Por isso estudou, se formou e foi atrás de provas.
Hoje, anos depois, tinha muitas pistas e uma certeza de que lobisomens sim existiam. E que o assassino de sua mãe era um deles.
Já havia rastreado como as matilhas se organizavam em clãs e se escondiam atrás de instituições familiares, mas não conseguira identificar o que buscava já que, por sorte ou azar ela não tinha lembrança alguma do rosto do algoz de sua mãe, nem do nome, já que só o chamava de papá.
Dessa forma, também não sabia quem era a mulher que fora o pivô da briga, embora tivesse levantado alguns possíveis nomes, baseada na data em que tudo ocorrera...
Ela estava perto... muito perto.
E não pretendia descansar enquanto não encontrasse aquele mostro e finalmente o fizesse pagar pelo que fez.
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FantasyOlá, olá, olá!! Faz tempos que não apareço por aqui, eu sei. Perdão. Mas tenho novidades, estou em um projeto sobre lobisomens e gostaria de saber quem aqui gostaria de acompanhar a produção da história. Segue o prologo, (sem correção ainda). Me dig...