Eu sou alguém que morreu há muito tempo atrás...
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Já li sobre reencarnação em algumas histórias de livros, mas acreditava que só existia na mente criativa das pessoas, nos filmes, nas páginas... Sua existência não se passava de uma imaginação fictícia.
Mas eu lembrava da minha morte, ela havia sido real! Os últimos suspiros, o desejo desesperado de viver e o sangue quente que beijava minha pele fria. Eu havia morrido naquela rua após um acidente de trânsito, sozinha e sem ser aparada por braços familiares, mas pela morte.
Todavia eu renasci em outro mundo.
Meu choro cheio de lamúrias saiu de minha boca pequena, experimentei as primeiras lufadas de ar em meus pulmões e deixei o oxigênio correr para dentro do meu corpo, me enchendo de vida. Estava viva, mas habitava em um corpo de um bebê.
Um rosto feminino de olhos cor de mel e orelhas pontudas me encarou com cautela, seus braços tremeram quando me pegaram e por um momento eu achei que ela tremia de felicidade e fadiga. Porém, seus olhos se arregalaram quando me olhou mais de perto, suas feições foram de surpresa para pavor.
- Diga a todos que minha criança morreu. - falou com uma voz arrastada.
Eu não sabia quantas pessoa estavam naquele recinto, meus olhos ainda não haviam se acostumado totalmente ao ambiente, apenas conseguia enxergar aquela mulher que tinha o medo estampado na face. Não compreendi suas palavras, não entendi a razão do seu medo e nem de pedir para que contassem que eu estava morta. Meu coração batia forte em meu peito, um símbolo que eu realmente estava vivia - não morta- mas aquela mulher, minha mãe, havia dito para espalhar a notícia para todos que eu era um cadáver.
Meu choro parou, engolido pelo desconforto de suas palavras, atenta sobre tudo que que ditaria do meu futuro.
- Querida...
Um rapaz de pele clara, cabelos negros, olhos azuis e alto, caminhou até onde minha mãe estava. Ele parecia hesitar nas palavras, seu silêncio delatava que estava escolhendo as palavras que ajudassem a melhorar o clima, mas não sabia se ele estava se decidindo se aceitava aquele pedido egoísta ou se descartava ele.
Esperava que estivesse a favor de me manter viva.
- Ela é um mostro! Olhe para esses olhos vermelhos sangue, tão vividos e líquidos, é um mal presságio! Não, minha filha não nasceria dessa forma... Ela está morta e foi engolida por esse mostro. - sibilou a mulher com uma voz raivosa.
- Então pelo menos, deixa-a viver. - replicou ele.
Eu encarei os dois sem poder dizer uma mísera palavra, sem poder gritar pela minha vida, sem poder me debater pela minha sobrevivência.
Era assombroso aquele silêncio que se instalava naquele ambiente, queria chorar e fazer que entendessem que eu estava viva e querendo viver, mas aquela mulher me queria morta e eu temia que se fizesse barulho ela cogita-se a proposta do seu marido e logo me atirasse as feras.
- Está bem. - concordou ela. - Não sou uma fêmea desprezível que mata um bebê indefeso. - replicou com uma voz banhada de falsidade.
Suas palavras haviam sido como facas, ela havia confirmado que realmente não me via como filha, que só me criaria porque aquele homem havia a impedido de ter desejos mais perversos. Tentei não me agarrar a tristeza, saber que iria viver era o suficiente. Não importava onde eu estivesse, ou o que era, mas eu iria sobreviver e me segurar a essa vida.
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Corte de sombras e tormentas
FanfictionAzriel podia ser descrido de várias formas: Bonito, inteligente, quieto, mas eu gostava de dizer que ele tinha o poder de tocar na alma de alguém com aqueles seus dedos ásperos e marcados. Toda minha vida eu precisei lutar por mim mesma, ser vista c...