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Seonghwa estava obcecado. Estava tão maluco por aquele caso especialmente, que dedicou uma parede inteira de seu escritório em casa para cruzar as informações que encontrava durante a investigação minuciosa a fim estruturar um instrumento metodológico científico visual cronológico, amplificando a ordem dos fatores e evolução no âmbito jurídico.

Realizava anotações em um caderno e folhas soltas, post-its coloridos, e recortava matérias jornalísticas ou grifava parágrafos da sentença que considerava requerer uma atenção extra, colando no mural usando tachos e linhas. Havia fotos de ministros, políticos, vítimas, pessoas de interesse e teorias visando montar provas circunstanciais.

Ele bufou frustrado ao perceber que já havia anoitecido e mesmo assim, não foi capaz de se impedir de ficar em um impasse. Analisou pela milésima vez o mapa mental exposto em sua parede larga e de cor neutra, acariciando a pelagem de Prada, o gato, no processo.

— Há tantas brechas que acho que estou começando a ser afetado pela parcialidade, e por isso estou inventando cada uma delas — reclamou sozinho, desviando o olhar fatídico para a parede de vidro que dava vista para o jardim encharcado pela tempestade.

Ele ponderou se o cheiro de terra e folhagem era o remédio perfeito para o atrofiamento de seu cérebro exausto.

Era perigoso postergar suas atividades na corporação que trabalhava e também ações básicas relacionadas a sua sobrevivência, no entanto, Seonghwa simplesmente não conseguia dormir tendo em mente que pessoas inocentes estavam tendo suas casas tiradas sem um único motivo plausível. A corrupção naquele país matava mais do que as estatísticas ousavam acompanhar.

Iria dar uma pausa para tomar um banho e, quem sabe, fazer sua primeira refeição do dia. Porém, foi interrompido pelo vibrar incessante de seu celular abandonado sob a mesa do escritório bagunçado. Seonghwa se sentia incomodado com o quão desorganizado aquele cômodo se encontrava, mas não dedicou muita energia a isso e atendeu a chamada, palpitando ser San e mais uma avalanche de problemas.

Seonghwa, olá. É a Chaewon — a voz feminina do outro lado soou abafada, sendo possível constatar que ela estava em um local público de acordo com a movimentação ao fundo.

— Oi, eh... Por que você me ligou? — Seonghwa perguntou, direto feito o de praxe. — Você não costuma querer falar comigo.

É claro que... Ah, enfim — Chaewon suspirou, desistindo de se permitir ser desestabilizada por Seonghwa e sua falta de tato social. — Eu marquei de encontrar o San em uma cafeteria hoje, para conversarmos. Ele te conta tudo, então você deve saber que não estamos bem. Mas... já se passaram mais de duas horas do horário marcado e ele não chegou.

— Hum... já tentou ligar no celular dele?

Sim, mas cai sempre na caixa postal. Deixei uma mensagem e nada — ela gemeu em frustração. — Ele não costuma fazer isso. San se preocupa muito com compromissos e responsabilidades. Ele nunca deixa de comparecer a nada sem comunicar antes.

— Um atraso de duas horas seguidas de um desaparecimento não é normal mesmo. Será que estamos tratando de um crime aqui? — Seonghwa assombrou.

Idiota. É sério! Você falou com ele? Sabe se ele... se ele está bem e só simplesmente não quer me ver?

— Chaewon, você é muito melhor do que isso... — disse, dando trégua para seu humor ácido. — Se tem alguém que pode te responder, é ele. Pra ser sincero, San comentou que iria encontrar você e só. Não sei o que pode ter feito ele desviar o caminho.

RAINBOW  |  WOOSANOnde histórias criam vida. Descubra agora