Prólogo - O Fim

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Thornfall, ano 1391

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Thornfall, ano 1391

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— Minha senhora. — Aisha se curvava em respeito à garota que olhava fixamente para o reflexo de seu rosto, maximizado pelo espelho de pérolas cintilantes. Apesar disso, a menina não parecia prestar atenção ao que fazia. Seus olhos opacos demoraram a deixar o atual foco de sua atenção, deslizando lentamente pelas paredes de cor âmbar até encontrar a figura corpulenta que lhe chamava. 

— Já te disse que não precisa de toda essa formalidade, Aisha. — Emilli abanou as mãos, exibindo um sorriso que contrariava o vazio de sua expressão minutos atrás. — Eu sou apenas a Emilli.

— Longe de mim! — Aisha balançava a cabeça em negação, repetidas vezes, como se considerasse a ideia absurda. Seus cabelos grisalhos, presos parcialmente pelos grampos enferrujados que adornavam a sua cabeça, balançavam no processo, deixando-a mais desgrenhada que antes. — A senhorita é a protegida do rei. Não posso cometer tamanho erro.

Protegida.. Emilli voltou-se ao seu reflexo, considerando a palavra. Protegida.. Um sorriso fraco preenchia os seus lábios róseos, sorriso este que não chegou aos seus olhos. Apesar de encarar o seu reflexo naquele espelho, não era a si mesma que via. Estampado naquele retângulo brilhante estava a figura oponente do rei de Thornfall, Leopold Von’Ron, e toda a distância que ele representava. Suas costas nunca ousavam virar-se para ela, apenas quando necessário. Mas ela estava naquele castelo, comia na mesa em que outrora havia sido habitada pelo senhor daquele lugar. Usava tecidos tão leves quanto uma pétala de rosa esvoaçante em sua mão, e possuía a melhor etiqueta que uma garota em sua idade poderia ter. Então, para Aisha, e talvez para todos os outros, aquilo significava proteção. Emilli não tinha conhecimento de outras formas de tratamento, para provar-lhes o contrário.

— Trouxe algo que é de agrado da senhorita. — Aproximando-se, a boa senhora exibia nas mãos uma pequena trouxa unida por um laço. Abaixando a voz, Aisha segredava suas próximas palavras, olhando para os lados. — Consegui pegar esses antes que fossem levados para o salão. Coma enquanto estão fresquinhos.

— Doce de ameixa! — Abrindo um sorriso genuíno, Emilli foi rápida em retirar o embrulho das mãos de sua confidente. — Obrigada, Aisha, eu amo esses doces. — Depois de uma mordida que foi devidamente apreciada, a garota exibia um olhar de preocupação. Sabia como Martha, a responsável pela cozinha do palácio, era severa quando a questão envolvia uma grande celebração, como hoje. Nada poderia ser retirado do lugar até que fosse permitido; se Aisha fosse descoberta, estaria com sérios problemas. — Alguém te viu? Ai, se a Martha descobrir..

— E eu lá vou me deixar ser descoberta, menina? — Levando as duas mãos à cintura larga, Aisha balançava a cabeça, esquecendo-se até mesmo do tratamento formal. Emilli gostava quando aquilo acontecia. Aisha era o mais perto que ela poderia ter da figura de uma mãe, mesmo quando ela deveria seguir o protocolo. No entanto, quando a senhora se esquecia do papel que deveria cumprir, Emilli se sentia como uma filha travessa, e isso era bom. — Agora olha pra você.. Não, não. Ainda falta coisa aí. Uma menina bonita desse jeito sem um brinco e um pouquinho de cor no rosto? Ora essa! Vou chamar a Dália em um instante só.

Minha Nova Vida Sendo a EstrangeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora