Nebulosa da Águia

102 14 24
                                    

MESOPOTAMIA - 41 DEPOIS DE CRISTO

-"Até que ostras realmente são boas, Aziraphale."

-"Bem, eu te disse."

Aziraphale diz após comer mais um prato de ostras. Nem sabia mais qual era, mas já havia passado do quinto. Com toda certeza.

-"Você já cansou?" Crowley arruma a posição de seus óculos escuros, os encostando em seu rosto, e se inclina em direção de Aziraphale -"Ver você comendo é tão interessante."

-"Já estou cansado, querido." Ele afasta o prato -"Como os humanos diriam: estou satisfeito."

-"Porém eu não."

Eles se encaram por alguns segundos.

-"Ugh." Crowley revira os olhos -"Senhor. Traz a conta, por favor?"

Os dois saem do lugar satisfeitos. Já estava escuro, e naquela noite o céu estava limpo de nuvens.

-"Ah." Aziraphale suspira olhando para cima.

-"O que é?"

-"Nada de mais."

-"Me conta, vai."

Azi dá um sorriso e segura suas próprias mãos, ainda admirando o céu.

-"O que tem lá?" O demônio pergunta, visivelmente confuso.

-"Ah, quase esqueci." Ele olha para Crowley com um sorriso -"O céu está lindo hoje."

Ele volta seu olhar para o céu e deixa Crowley mais confuso que antes. Ele fica em silêncio, olhando para o céu junto do outro.

-"Eu não acho que te deixei isso claro, meu querido..." Seus olhos brilhavam, como as estrelas que também brilhavam naquele momento -"Mas eu realmente admiro as suas constelações."
Ele olha para seus olhos amarelos tampados pelo óculos -"...Mesmo que você não seja mais o mesmo anjo que fez elas."

Eles se entreolham por alguns segundos e então Crowley desvia o olhar para o chão.

-"Ngk..." Ele resmunga -"Não é mais algo que eu realmente goste de pensar."

-"Por que não? Elas são lindas."

-"Bom..."

Ele suspira antes de continuar.
-"Eu não vejo elas faz muito tempo." Ele olha para o céu, tentando achar suas constelações brilhantes que ele tanto amava.

-"Meus olhos não são os mesmos."

Crowley tira os seus óculos, olhando o anjo com aqueles seus olhos amaldiçoados e amarelados brilhantes.

-"Oh." Aziraphale desvia o olhar, visivelmente nervoso de ter tocado no assunto -"Certo. Um descuidado da minha parte, me desculpe, eu--"

-"Não se sinta assim." O demônio volta seu olhar para o céu e coloca seus óculos novamente -"Vai se acostumar com isso."

-"...Se quiser, podemos sair daqui--"

-"Não."

Os dois, um ao lado do outro, continuam admirando as estrelas. As mais brilhantes.

-"Aliás, meu anjo." Ele o chama, fazendo seus olhos se encontrarem.

-"As vezes você acha a beleza das estrelas em outro lugar."

Ele olha profundamente em seus olhos, seus olhos azuis-claros e brilhantes. Aquilo... Aquilo era melhor que qualquer de suas constelações. Até a maior de todas.

As Estrelas da Constelação de Serpente (Good Omens)Onde histórias criam vida. Descubra agora