aroma do amor

131 17 35
                                    

𝘴𝘰𝘰𝘫𝘪𝘯

Achei que seria só mais um dia de trabalho normal, mas parece que me enganei. Fui surpreendida quando recebi a notícia de que seria transferida para uma cafeteria localizada bem ao lado da universidade Dohgh. Era uma mudança inesperada, e a primeira coisa que me veio à mente foi o Hui, meu ex babaca, que ainda estudava naquele campus.

Aquela região com certeza era mais movimentada, cheia de estudantes animados e ansiosos por uma dose de cafeína antes das aulas. E na única coisa que eu pensava, era o que aconteceria se ele aparecesse ali. Será que eu teria coragem de falar o que eu não disse quando descobri a traição dele? Ou talvez, eu pudesse simplesmente colocar um pouco de leite no café dele, sua intolerância à lactose com certeza agradeceria.

E enquanto eu preparava as bebidas, meus olhos vagavam pela cafeteria, atentos a cada rosto que entrava pela porta. Cada vez que a campainha tocava, meu coração disparava achando ser ele. E quando eu tentei esquecer essa história de vez, a porta se abriu novamente, óbvio que não era ele, e sim uma garota.

Seus cabelos negros estavam soltos e seu óculos destacava bastante aqueles olhos redondos, qualquer um ficaria estagnado com sua beleza. Ela veio em minha direção e apoiou uma das mãos no balcão, enquanto seus dedos faziam pequenos batuques.

– Onde está o Je? – Ela perguntou, enquanto observava os movimentos que seus dedos faziam, e ela nem ao menos tentou fazer contato visual comigo, mas obviamente a pergunta foi direcionada à mim.

– Me desculpe, quem?

– O funcionário daqui. – Explicou pausadamente, cabelos pretos igual o meu, e...Longos, cabelos pretos e longos. – Disse por fim, depois de parar com o batuque.

– Ah, você quer dizer Jeno. – Ele é a razão para eu ter vindo para cá, basicamente esse idiota choramingou com o gerente, porque segundo ele aqui ficava muito lotado, e como seu tio é um dos sócios, não demorou nem um dia para o transferirem . – Ele não trabalha mais aqui, ele foi transferido para a cafeteria que fica no shopping Byol Mall.

Enquanto eu terminava de explicar sobre a transferência de Jeno, notei a garota rapidamente encarar, e por um instante, nossos olhares se encontraram. Desisti de continuar contando o porquê da transferência dele quando ela começou a mexer freneticamente nos botões do casaco. Suas mãos se moviam de forma agitada, como se o ato fosse uma tentativa de se acalmar.

Saí do balcão e me aproximei dela, apoiando minha mão direita em seu ombro.

- Ei, está tudo bem? - murmurei, minha voz estava suave e baixa, não havia porquê chamar atenção do resto dos clientes.

Ela levantou os olhos rapidamente, suas mãos parando o movimento frenético nos botões do casaco. Num breve momento nossos olhares se encontraram mais uma vez.

Ela desviou o olhar novamente, envergonhada, enquanto suas mãos buscavam segurança apertando a alça de sua bolsa.

– Desculpe...só estou um pouco nervosa com a mudança. - Ela falou com uma voz suave e um pouco trêmula. – E será que podia....Me soltar? – Ela disse, dando alguns passos para trás, fazendo minha mão escorregar de seu ombro.

Eu recuei imediatamente, percebendo que aquilo tinha a deixado totalmente desconfortável.

– Desculpe. – Murmurei, sentindo meu rosto corar de constrangimento.

Ela nem mesmo parecia me escutar, seus olhos estavam fechados e sua cabeça baixa, só podia ouvi-la sussurrar coisas, ou melhor, nomes, que eu conhecia de algum lugar.

– Freud, Jung, Pavlov, Skinner, Maslow, Wundt...me acalmar, me acalmar.

– Shuhua, sou eu. – O que aconteceu? – Uma garota que eu nem sei da onde saiu perguntou, mas arrisco a dizer que pelo jeito que elas se olhavam, se conheciam. – Quer ir para algum mais calmo?

– S-sim. – Ela assente com a cabeça, ainda apertando com força a alça de sua bolsa. – Muitas pessoas, ruídos...difícil se acalmar.

– Certo, que tal a biblioteca? Depois a gente pega um café para você.

– Y-Yuqi...Obrigada

Enquanto as duas garotas desconhecidas se dirigiam para fora da cafeteria, os estudantes ao redor ainda permaneciam ocupados com suas próprias conversas e atividades, nem ao menos haviam prestado atenção à situação. E eu apenas as observei pela janela, enquanto atravessavam a rua em direção à universidade.

Só queria saber o que rolou aqui.

ONE-SHOTS SOOSHUOnde histórias criam vida. Descubra agora