A sequência passou em poucos segundos. Chisaki que estava caído sem poder usar sua individualidade, por estar sob efeito de Eraser, se libertou. As estacas de cimento se levantaram do chão em todas as direções. Deki estava preso entre algumas, mas parecia bem, era o único que eu conseguia ver por estar no alto.
Mirio e Eri, antes de se erguerem os espinhos estavam com Nighteye, então presumi que também estavam bem. Meu mentor, porém, não estava em nenhum lugar a vista e mesmo que tivesse usado das minhas habilidades para tentar conter o ataque, não impediu que um dos meus braços fosse pego.
— Tenho uma mania de limpeza — ouvi apenas a voz de Chisaki ecoando enquanto ativava minha individualidade tentando evitar a perda massiva de sangue. Uma vez que o ataque parecia ter acertado uma artéria.
— Quando alguém me toca, na mesma hora o sangue sobe até a cabeça - o tom da sua voz foi ficando progressivamente mais irritado. — É a primeira vez que cheguei nesse ponto. Que vida mais triste, Lemillion. Se não tivesse se envolvido com a Eri, ou comigo, sua Individualidade não estaria perdida para sempre.
Um choque passou pelo meu corpo quando ouvi essas palavras malditas sendo proferidas, silenciosamente fiz blocos no ar para me erguer e ter uma visão mais ampla da situação do alto. Chisaki continuou falando, vi do alto Sir junto dos mais jovens, os protegendo num abraço de costas para toda a ação.
Assim que o chefe da Hassaikai terminou seu monólogo para ganhar tempo, seu movimento veio. Não sabia que tipo de luta e conversa ele trocou com Mirio, mas aparentemente deixou uma grande impressão no homem, pois ele estava determinado em acabar a luta por ali. Mesmo de longe subi uma proteção envolta do trio, mas antes que Chisaki chegasse perto, Deku interceptou seu ataque com uma ponta de estaca.
Nighteye se movimentou, atacando Chisaki com seus pesos e dando a ordem para que Deku fosse em direção de Lemillion e a Eri. Apesar de não ser para mim, me aproximei dos mais novos com preocupações.
— Eri! Lemillion! Vocês estão bem? — Deko perguntou — Conseguem se mover?
Com a voz entrecortada, cansada pela luta que precedeu o momento, Mirio respondeu um sim fraco, seguido de um sem problemas. Mesmo quando todos eles pareciam estar presentes.
— Vamos sair daqui — o primeiro anista proferiu, nisso me aproximei para verificar melhor a condição deles. Fiz com Mirio o mesmo que fiz comigo, perdendo uma risca das minhas horas no ato.
Escondi o braço para que Eri não o visse, provavelmente sua visão já estava manchada demais por vermelho.
— Deku — o chamei —, o caminho pelo qual chegamos deve ter também uma saída por aqui. Enquanto Nighteye lida com Chisaki, vamos aproveitar a janela de oportunidade.
O aluno deu então um chute poderoso na parede que revelou um caminho como imaginado.
— A polícia deve estar no fim dele — indiquei — só precisam...
— Chega — a voz baixa e infantil da garota interrompeu a minha fala, lágrimas caim dos seus olhos e a feição estava repleta de dor — Me desculpe.
Prisão não seria o suficiente para isentar Chisaki de todos os males causados a pequena. Desde os relatos do primeiro encontro, até presenciar com meus olhos a tortura, física e psicológica, afetou Eri de tal maneira que ela não pensa ser digna de ser salva.
Apesar do choque de suas palavras, nenhum de nós tivemos tempo para reagir. Porque do outro lado, algo ainda mais sério aconteceu com Nighteye. Dois dos grandes espinhos que Chisaki usava de ataque perfuraram seu corpo, um no braço — muito mais sério do que o meu ferimento —, e o outro entre a divisão do tórax e abdômen.
A pressão do ar mudou, se ornou mais densa a ponto de dificultar os movimentos. Os olhos de Midoriya que costumavam ser sempre gentis, tinha uma fagulha por trás deles que nunca vi nele antes, mas que é uma conhecida dos heróis.
Eraser não estava por perto, não sabia dizer se o impedir era o melhor resultado. Que eu me resolvesse com meu mentor posteriormente, mas nesse momento resolvi me tornar seu apoio. Sua individualidade de força o fez partir na direção de Chisaki como uma flecha, erguendo placas no chão com a intensidade do impacto que aconteceu abaixo dos seus pés.
Não podia tirar Sir das estacas, o sangramento o mataria instantaneamente.
— É o máximo que posso fazer agora — disse me aproximando aplicando no homem a mesma técnica que já estava ativada em Mirio e em mim, perdendo mais uma risca pela ativação constante.
— Não — disse com sangue escorrendo de sua boca —, o futuro que não pode ser alterado. [Nome], minha previsão, Midoriya-
O mais velho tossiu, virei a cabeça em direção a outra luta, parte do uniforme de Deku já havia desaparecido, espinhos vinham de todos os lados e apesar da velocidade e força sua mobilidade estava comprometida.
— Eu já falei, todos vão morrer!
— Não vou deixar isso acontecer! Mesmo que já esteja decidido... Eu vou torcer esse futuro!
— Vai morrer!
As palavras do aluno e a Nighteye se sobrepuseram, não soube dizer no momento o que aconteceu. Se era a visão já sofrendo pela perda de sangue ou qualquer outra característica nativa da minha individualidade, mas um longo fio que parecia ser feito de luz surgiu na minha visão.
Em simultâneo, a previsão do Sir se confirmou. Midoriya estava completamente derrotado, com o peito perfurado e os olhos sem vida. Um rio carmesim escorria da ferida, manchando o cinza dos espinhos e criando uma nova pintura de horror.
Tempo é uma coisinha engraçada, está envolto nas minhas mãos, mas também flui descontrolado. Se diz eterno, mas está preso no ciclo de 24 horas de um dia. Vive o presente, espera o futuro, abandona o passado. Diz que o que já aconteceu é imutável, mas o que vem a frente está aguardando para ser criado.
A linha do tempo, também é uma linha, a manipulação delas é especialidade da família Hakamada. Aquele fio branco, de aparência etérea, tremulou preso entre meus dedos, foi puxado, fazendo do passado, o presente, e a realidade uma versão completamente diferente.
Senti as veias queimarem de dentro para fora quando o tempo escapou das minhas mãos, aquela visão de Deku se desfez e o garoto ainda estava de pé, machucado, mas com a mesma garra e faísca de determinação presas nos olhos esverdeados.
Meu corpo caiu, um breve olhar para as horas no meu braço e todas elas estavam completamente apagadas. Uma poça de vermelho se formando envolta da ferida, manchando também meu uniforme. Minha visão começava a embaçar, um zumbido insistente no ouvido e uma sensação conhecida de desmaio, o coração que batia rápido fazia também a ferida verter sangue mais rapidamente.
Num delírio causado pela hemorragia, e os recentes pesadelos sussurrantes, vi um brilho azul e a voz que me atormentava nas horas mais escuras da madrugada soprou no meu ouvido.
Tola, avisei que você iria acabar morta.
Até aquele momento nunca tive a chance de responder, sempre acordava coberta de suor, com tremores e um gosto amargo na boca. Porém, dessa vez sorri, murmurando para ninguém além de mim e meus medos escutarem.
— Para garantir que as palavras de Midoriya se tornem verdades, fazer um sacrifício, é aceitável.
N/A: Duas semanas atrás a fic ia terminar justamente agora hahahaha. E olha a definição de Lito aparecendo nessa última linha!
O que será que vai acontecer agora?
Para alegria do povo, ainda vai continuar um pouquinho, então continuem comigo.
Obrigada por ler até aqui!
Até mais, Xx!
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Litō - (Dabi x [Nome] x Hawks)
Fanfiction◬ NÃO É TRISAL • 🥇 1° em Touya • Dezembro/23 Litō (do latin) - fazer um sacrifício aceitável - Ter uma habilidade que controla o tempo poderia ser considerado sorte, mas não ajudou [Nome] a evitar a perda de pessoas importantes. Treinar para evol...