Desejo

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Acordei com a claridade do sol, me xinguei mentalmente por não ter fechado as cortinas, abri os olhos lentamente e logo senti a cabeça latejar, sabia que a bebedeira do dia anterior iria me render uma boa ressaca. Busquei o celular sobre o criado mudo, havia várias mensagens de Vicent e algumas ligações perdidas, assim como eu ja esperava, duas de minha mãe o que fez minha cabeça doer mais e algumas mensagens de Anne que falava que estava na casa de Gianna. Minha mente recorda então aqueles olhos azuis turquesa, o sorriso presunçoso e a postura defensiva, meu corpo começou se incendiar ao lembrar da morena, logo tratei de afastar os pensamentos e olhei as horas, era dez e meia da manhã nem em meus dias de folga costumava acordar tarde assim, fazia sol o que era muito raro nessa época do ano, levantei e fui em direção ao banheiro.

Após uma longa ducha, fiz o check out e dirigi rumo a Seattle, liguei para o Vincent durante o percurso, sabia que viria mais uma daquelas discussões onde eu iria ficar mal:

- alô amore mio - ele disse assim que atendeu, estranhei sua calma

- Oi amor, está tudo bem - perguntei apreensiva

- Está sim, e com você? Sumiu ontem - eu sabia que ele não estaria tão calmo, apesar do seu tom

- Estou bem, estou voltando para Seattle, acabei dormindo em um hotel para não pegar estrada tarde - me expliquei e torci pera ele não dar início a uma discussão

- Tudo bem amore mio, mas da próxima tenta não me deixar sem informações, acabo ficando preocupado, já tomou café?

- Ainda não, minha mãe me ligou, acho que ela deve aparecer mês que vem para meu aniversário

- Boa sorte - ele ri - quer ligar para ela?

- Acho que sim, se falamos mais tarde?

- Sim, beijo, eu te amo

- Beijo, também te amo

Eu realmente deveria ligar para minha mãe mas ouvir o sermão dela sobre eu não estar acordada cedo e sobre não atender suas ligações não me parecia uma boa maneira de iniciar meu sábado de ressaca, chego em casa e vejo que a empregada já havia limpado tudo, novamente vou para o banho, precisava recarregar as energias.
O final de semana passa tranquilo, sem muitas novidades, domingo passo no hospital para pegar a pilha de papéis e assinar antes que Ashley voasse em meu pescoço na segunda feira. No domingo anoite entro em contato com Valerie que me dá um sermão sobre eu ter ligado apenas dois dias depois de suas ligações, ela me avisa com antecedência (ainda bem) que irá chegar no começo de Maio para meu aniversário, que significava daqui duas semanas e também significava ter minha mãe em casa por uma semana e seus paparazzis na frente da minha casa.
Estou acabando de passar meus produtos de skin care e escuto o celular vibrar, observo no leitor a mensagem de Anne

Estamos aqui no Flet's, venha também!

Seguida por uma foto dela, Patrick e alguns amigos, pego o celular na mão e mando uma mensagem seguida de uma foto:

Domingo anoite, nada de bebedeira, tenho plantão amanhã!
Uma foto minha com cremes na cara

Término de espalhar o creme e o celular vibra violentamente, Anne está ligando, penso seriamente se deveria atender, pois sei que ela usaria todos argumentos do mundo para me convencer ir até eles, finalmente me dou por vencida e atendo:

- Você tem que vir! - ela diz firmemente - tem mesmo... - ouço Patrick falar atrás - viu só? Vem amiga

- Primeiramente Oi - dou risada e escuto ela bufar do outro lado da ligação - segundo, eu trabalho amanhã Anne, sem chances de ir

- Você volta cedo, ainda são nove horas da noite, prometo que deixo você voltar cedo
No fundo eu sabia que ela não iria me deixar voltar cedo

- Negativo - eu dou risada - eu te conheço e sei que não vai deixar, preciso descansar, imagina estou fazendo uma cirurgia e erro por cansaço?

- Achei que diria isso - ela ri maliciosamente - por isso a irmã do Patrick deve estar chegando aí em três..

Meus olhos se arregalam e corro para o painel de câmeras perto da sala, ainda em ligação com Anne

- dois...

Assim que chego no painel, a campainha toca, vejo a morena parada com as mãos no bolso e olhando para a porta

- um! - ela ri vitoriosa - até daqui a pouco

- Anne de Beauvau, você me pag...- ela desliga a chamada

A campainha toca novamente, me olho no espelho do corredor, sei que não era minha melhor forma mas sigo para a porta, assim que abro a morena endireita sua postura , a observo, vestida com uma calça preta, blusa preta de manga, uma jaqueta de couro preta, os cabelos presos metade em um coque. Ela me olha de cima até embaixo, meu rosto queima pois havia me esquecido que só estava de camisola:

- Oi - ela quebra o silencioso

- Oi - olho para ela - sinto muito por terem feito você vir até aqui, acho que perdeu a viagem, pois não pretendo sair hoje

- Bom, eles me deram a missão de te convencer - ela se encosta na parede - Anne me disse para te levar amarrada se necessário- ela ri

- Sem dúvidas não será necessário me convencer ou me levar contra minha vontade, pois já estou pronta para dormir, Anne não entende que nem todos são diretores de Hollywood com uma agenda flexível

- E você é o que então? - ela se refere a minha profissão

- Bom... - não gostaria de falar disso - uma médica cirurgiã

- Wow - ela esboça um sorriso de surpresa - isso é...tem nem o que dizer

Eu dou de ombros, havia feito especialização em cirurgia não por amor mas por Vincent e minha mãe ficarem minha cabeça, antes da faculdade eu havia outros sonhos, outros planos...Mas minha mãe queria a filha perfeita, queridinha da América e ela conseguiu

- Bom, sendo assim - ela bate as mãos nas pernas - acho que estou indo para Shelton

- Espera! - digo assim que ela pega a chave no bolso, observo então seu carro estacionado na frente de casa, era um mustang 88 preto, combinava com seu estilo - veio de Shelton até aqui para me convencer? - dou risada

- Não necessariamente, estava indo de encontro a eles, eles pediram para vir até aqui já que é caminho mas eu não estou muito disposta também em encher a cara num domingo anoite - ela me olha, diz com desdém não querendo dar o braço a torcer

- Bom, você gosta de vinho?

- Prefiro whisky mas vinho também é bom - ela me olha

- Bom eu tenho um Highland Park 21, se te agradar - vejo seus olhos brilharem e um sorriso se formar em seu rosto

- Está de brincadeira né? - ela sorri- nem tenho roupa para tomar esse whisky

- Sendo assim, aceita entrar? - digo abrindo mais a porta

Ela entra e peço para que se sinta à vontade pois iria colocar uma roupa, afinal os olhares furtivos que ela dava em minha direção me deixavam sem jeito, coloquei um vestido vermelho solto, retirei os cremes do rosto, passei perfume e me olhei no espelho, porque diabos estaria me arrumando?

𝐀𝐭𝐫𝐚𝐜𝐚𝐨 𝐅𝐚𝐭𝐚𝐥 (lésbica +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora