Capítulo 1

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"Angústia e desespero... A sensação de estar sendo observado é apenas egoísmo ou amor pela própria vida? Um filho que está longe de sua mãe em meio à multidão seria o mesmo que estar perdido em meio à escuridão? Questionamentos, aquisição, somos julgados pela nossa culpa e avaliados pela solidão".

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Ao cair da noite, Victoria vigiava a parte de fora da catedral, que era banhada pelos tons carmesins dos enormes vidrais pelo luar. Peter, seu amigo, estava presente ao observar uma bela escultura feminina esculpida em pedra.

Victoria mantinha o cuidado com o cabelo para que não ficasse bagunçado devido aos fortes ventos gélidos que não eram típicos daquela época do ano. — Até pouco tempo atrás não havia nenhum sinal de vento, que clima estranho — Enunciou a moça, ao adentrar a catedral devido ao frio que ela sentia, mantendo os braços aquecidos por meio das mãos que esfregava.

Os ventos uivavam para dentro, agredindo a porta que gemia enquanto se movimentava, quebrando o silêncio que por dentro se perdurava. Peter, por sua vez, decide desviar a atenção da imponente estátua, retirando o seu casaco preto carvão e apoiando-o nas costas de Victoria.

— Não era difícil perceber as nuvens no céu, não sei onde você estava com a cabeça. — Disse Peter, já se afastando dela, virando seus olhos para estátua a seguida para fora. Havendo questionamentos em sua cabeça devido ao clima estranho e às vozes que ouvia durante a noite. — Às vezes, me pergunto por que padre se preocupa tanto com a catedral e não deixa as pessoas virem aqui sem ele. — Peter começou a caminhar de um lado para o outro, inquieto e de cabeça-baixa, demonstrando ansiedade e preocupação em relação a algo.

Victoria revira os olhos para baixo dando um sorriso sem graça, sabendo que não conseguiria agradecer pelo casaco emprestado por mais uma crise filosófica de seu amigo. — Bem, talvez seja apego emocional... — Em seguida, ela ajusta o casaco, abotoando-o e voltando para a porta, contemplando o luar.

Os cabelos escuros e cacheados de Victoria flutuaram ao sabor do vento como algas em meio ao oceano, despertando a admiração de Peter, que se encantara com a beleza que a lua proporcionava a qualquer ser humano. Ao se aproximar da porta, disse: — É melhor irmos, não queremos ver seu irmãozinho dando trabalho ao Ghok, certo? — Victoria apenas sorriu descontraída, seguindo caminho a frente apenas aguardando Peter. — Está certo... Já é tarde demais.

Peter fechou a porta e os dois desceram a colina em direção ao vilarejo. Sendo acompanhados pelo vento que ficava cada vez mais gélido, trazendo não apenas consigo estranheza - mas também uma possível avareza. No entanto... O que era para ser mais um dia normal, começou a se tornar um desastre. Peter, repentinamente, parou e esticou o braço, impedindo que Victoria pudesse passar, fazendo um sinal de silêncio com o dedo, respirando levemente, evitando qualquer ruído. Seus olhos focaram-se nos arbustos, acolhendo Victoria em seus braços como se fosse um pai protegendo os filhotes de um predador — sendo um fruto dos treinamentos de caça.

Victoria não compreendeu muito bem a situação, ficando apreensiva por baixo dos braços de Peter. Mas num piscar de olhos, um grande lobo apareceu de trás dos arbustos - maior que lobos selvagens da região, Peter ficou surpreso, pois, apesar de ter a expectativa de algo, não tinha consciência do tamanho do perigo. Sacou o facão lua de sua cintura e soltou a Victoria, dizendo: — Vá para o vilarejo, eu cuidarei disso...

Ela, sem pensar duas vezes, foi diretamente para o vilarejo para que não atrapalhar seu amigo. Peter ficou encarregado de enfrentar o lobo, que, ao se aproximar, percebeu que a criatura possuía quatro olhos — algo fora do comum naquele mundo. O lobo, então, olhou com fome para cima do rapaz, que poderia ser mais uma refeição para a feroz criatura.

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⏰ Última atualização: Jan 30 ⏰

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