Sweet Lie

07

|| BELLA ADDAMS 

Terça-feira, 23:40 PM

 Resmungo e me viro na cama pela oitava vez, já estava há uns 40 minutos tentando dormir e não conseguia parar de pensar na proposta que me foi feita. 

 Minha cabeça rodava e rodava, pensando nos prós e contras freneticamente. Theodore me deu até amanhã a noite para dizer minha resposta, eu sei que assim que eu aceitar, se eu aceitar, não vai ter mais como voltar atrás.

— Droga, não dá mais. — Murmuro para mim mesma, me levantando da cama. 

 Caminho até a cozinha e pego uma garrafinha d'água na geladeira, a bebendo em questão de segundos e direto no gargalo.

 Respiro fundo, escorando meu corpo na bancada. Por um segundo, pensei em fazer um chá de camomila, suco de maracujá ou qualquer outra coisa que me fizesse dormir, mas eu sabia que ainda que tomasse uma infinidade de soniferos, não conseguiria dormir tranquila.

 Vou para a sala de estar e pego meu celular, que carregava no chão frio, mandando uma mensagem para Luna.

Ei, está acordada?
 

 Aguardo dois, cinco, dez, quinze minutos e não recebo nenhuma resposta, a última vez que ela esteve online foi as 22h. Dou um suspiro de frustração e volto para meu quarto, troco de roupas, tirando meu pijama e pondo um conjunto de calça e blusa de manga longa, ambos de moletom. O clima em Manhattan era meio estranho, pela tarde fazia um calor insuportável, pela noite estava um pouco ameno e as madrugadas eram sempre muito frias, já as manhãs são adaptáveis, há dias que estão calor e outros que estão frio.

 Escovo os dentes e pego meu celular, saindo de casa. Poderia apenas dar uma caminhada rápida para tentar espairecer, mas sei que conversar com Luna será muito mais eficiente. 

 Apesar de querer ir andando, sabia que era perigoso e não queria arriscar parar em uma situação ruim, então apenas pego um táxi até a casa da minha amiga. Ao descer do táxi, aproximo da casa de Luna, percebendo que as janelas estavam todas fechadas e com cortinas. Dígito a senha na fechadura e a porta se abre, revelando uma sala de estar completamente escura.

 Alguns barulhos baixos me chamam a atenção e eu me aproximo do quarto de Luna, que mesmo de longe dava para perceber a luz pela fresta da porta. Achei que ela tivesse tendo algum pesadelo ou até que estivesse doente, então apenas abro a porta de vez, me deparando com a visão pertubadora de Luna e uma garota seminuas, se beijando com voracidade.

Cubro meus olhos instantaneamente e acabo tombando um pouco para trás, minhas costas batendo na parede e fazendo com que elas percebem minha presença. 

— Desculpem, e-eu… meu deus. — Saio de costas e bato a porta do quarto envergonhada. 

 Saio de perto e caminho até a sala de estar, me deitando no sofá, coloco uma almofada sobre meu rosto enquanto reprimo a vergonha que estava sentindo.

 Acabei de invadir a privacidade da minha amiga, vi o que não queria e de quebra adquiri um novo trauma, não imaginei que minha noite iria terminar assim.

 Alguns minutos depois, Luna aparece na sala, devidamente vestida, ainda bem, e a garota entra atrás dela, também com suas roupas de volta. Ela parecia envergonhada, assim como Luna, que me olhava com uma cara feia e ao mesmo tempo suas bochechas estavam em um tom avermelhado. 

 A garota sussurra algo para Luna, que assente, e então elas se despedem com um selinho rápido e a garota saí em passos rápidos. 

— Desculpa Lua, eu não… bem, eu não sabia e não era minha intenção estragar seu… seja lá o que foi aquilo. — Falo sincera, a olhando enquanto ela se sentava ao meu lado no sofá. 

 Ela nega com a cabeça. — Eu sei que não foi sua intenção, mas bem que poderia ter batido né. — Ela faz uma careta 

— Como eu iria saber o que você tava fazendo lá? Achei que estava tendo um pesadelo. — Resmungo, voltando a apertar o travesseiro sobre meu rosto. — Tem como desver? — Murmurei, com a voz abafada pela almofada. 

 Escutei sua risada, antes dela puxar a almofada de meu rosto. — Infelizmente não, meus pêsames.

— Essa é aquela garota que você disse que gostava? — Perguntei curiosa, erguendo a sobrancelha, um sorriso provocativo brincando em meus lábios. 

— Não… aquela era apenas uma garota que conheci há alguns meses em uma balada. Estou tentando esquecer a Diana, acho que ela não está tão interessada quanto eu e isso está me esgotando.

 Assinto compreensiva, entendendo como ela se sentia. — A vida amorosa é tão complicada.

 Ela se ajeitou no sofá, de modo que ficasse de frente para mim. — Mas por que veio pra cá essa hora? Pensei que já estaria dormindo.

 Respirei fundo, me preparando mentalmente e então contei para ela tudo o que aconteceu, desde a cafeteria, que eu já havia contado, mas dessa vez tinha mais informações, como quando trocamos os documentos, até a parte da proposta. 

— Você acha que eu deveria aceitar, Lua? — Pergunto confusa e frustrada. 

 Ela me olhava de olhos arregalados, tentando processar as informações. — …. Isso depende muito de você, mas na minha humilde opinião você deveria sim. Vamos analisar os fatos. Você tem medo que algo dê errado e você se dê mal no final, não é?

 Assinto positivamente com a cabeça, e ela volta a dizer. — Mas apesar disso, se tudo der certo você vai mudar completamente de vida e não vai precisar nunca mais voltar a ser uma acompanhante de luxo. É uma oportunidade única, Bel. 

 Resmungo, abraçando uma almofada enquanto faço uma expressão de frustração. — Eu sei que sim, mas e se a família dele descobrir e querer me processar por falsa identidade ou algo assim?

 Ela revira os olhos. — É com isso que você tá preocupada? — Franzo o nariz, a olhando feio por causa do seu tom sarcástico, mas afirmo. — Então faça exigências, amiga. Ele está desesperado por uma noiva falsa, você está acostumada com o luxo e já acompanhou vários homens, fingindo ser namorada ou qualquer outra coisa que eles pedissem, socialmente falando. Então pra você vai ser moleza interpretar a noiva apaixonada, duvido que eles descubram… maaaas, faça um contrato por prevenção. 

 Ergo a sobrancelha confusa. — O que quer dizer com contrato?

— Quero dizer que vocês precisam tornar isso oficial. Façam um contrato com todas as exigências de ambas as partes, inclusive com a parte que ele vai ter que te recompensar no final e peça para adicionar uma cláusula de proteção. Enfim, diga para ele colocar uma cláusula na qual ele deverá te defender judicialmente caso os pais dele tentem algo contra você.  

 Arregalo os olhos e a abraço, dando um sorriso. — Você é uma gênia, Luna!!

 Ela faz uma cara convencida. — Eu sei.

 Me afasto do abraço, ficando calada por um momento enquanto olhava para um canto aleatório. 

 Luna realmente tem razão, fazer um contrato resolveria todo o problema, ou pelo menos a parte mais preocupante dele. Eu ainda estava receosa quanto a parte principal de fingir ser sua noiva, não tenho certeza se conseguirei fazer o papel de apaixonada, afinal ele é insuportável. Mas tenho que considerar o prêmio final, minha mudança de vida é muito mais importante do que qualquer desavença que eu tenha com Theodore.

— Eu…vou aceitar a proposta dele.