Na sala privada ( Volume 1- Completo)

Capítulo 7

Olhando para trás, Seo Yeoho nunca foi 'prioridade'.

O ambiente em que nasceu não lhe permitiu tal coisa. Seu pai, um arquiteto, foi enganado por seu parceiro de confiança e devia bilhões de dólares em dívidas, então sua infância foi passada em uma casa no morro, onde não havia nada de bom a não ser uma boa visão da lua.

A casa onde o telhado de zinco range alto toda vez que chove era um pequeno quarto de solteiro com mofo crescendo nas paredes, não importa o quanto você o limpasse.

Uma família de quatro pessoas moravam lá. Seu pai, que desenhava plantas, foi um dia ao local e passou o dia inteiro carregando tijolos ou pendurado em barras de reforço. Sua mãe, que começou a trabalhar em restaurante, muitas vezes voltava tarde. Como acontece com todos os casais de pouca renda, houve circunstâncias em que eles não tiveram escolha a não ser trabalhar.

Foi na época em que mudanças estavam acontecendo. Yeji, irmão de Yeoho, nunca havia experimentado roupas novas. As roupas que sua mãe tinha comprado ou obtido de onde ela trabalhava, até mesmo um par de meias, já haviam sido usadas por outras pessoas. Tinham que economizar o máximo que podiam. A mãe repetiu as palavras até que ele cobriu suas orelhas.

No final do dia, o dono da casa, que estava batendo na porta de ferro enferrujada e gritando perguntando quando iam pagar o aluguel, ainda era ouvido. Cada vez que acontecia, o jovem Yeoho abraçava seu dongsaeng e cobria os ouvidos, fingindo que não havia ninguém em casa.

Então, quando o dongsaeng se sentou no colo de sua mãe, começou a se recuperar pouco a pouco. No canteiro de obras que notaram o talento de seu pai, e isso o conectou a uma nova construtora. Quatro famílias, ou agora cinco famílias, finalmente conseguiram sair do tedioso bairro da lua.

No entanto, sair de casa com telhado de zinco não foi uma tarefa fácil.

Será que algum dia conseguirá apagar da memória a imagem do senhorio gritando com sua mãe sobre um depósito de 2 milhões de wons e gritando para saírem da casa?

Foi sua mãe que disse que não importa o quanto vivam de maneira simples, não se deve perder o orgulho, então ela colocou nos filhos roupas que os outros usavam, mas nunca usavam roupas sujas, e passou a ferro para que eles não ficassem enrugadas.

Sua mãe, que lhe ensinou a não desanimar, não fez nada de errado, e que deve sempre se orgulhar de si mesmo, fez um barulho como se estivesse prestes a vomitar sangue. Apesar da ameaça do proprietário de chamar a polícia, a mão que estava apertada e segurando o colarinho era incrivelmente forte e áspera.

Mas a coisa de que mais se lembra foi daquela noite, não da minha mãe gritando em voz alta, mas sim do choro triste no chão no canto da sala, mastigando e engolindo lágrimas como uma criança. Lágrimas dolorosas que pareciam raspar até a carne do estômago já enfurecido.

A tristeza dela também foi transmitida a Yeoho.

Yeoho olhou atentamente para o homem refletido no espelho, ele não possuía nada.

Até hoje, quando pensa na quantia de 2 milhões de wons, percebe que não é tanto dinheiro e que muita coisa mudou assim como sua vida também. Essas risadas e lágrimas se acumularam no ombro do Yeoho e se tornaram calos.

Tudo porque teve que aguentar tanta coisa. Mesmo que seja apenas uma vida para suportar, é uma vida que não pode fazer nada além disso. Chegou até aqui, se agarrando ao veneno que foi cultivado ao longo dos anos. No corpo do homem branco que estava à sua frente, havia hematomas como tatuagens invisíveis para outras pessoas.

Não havia vestígios disso em nenhum lugar. Woo Hyeong-Joo não deixou vestígios no corpo de Yeoho.

Seu corpo estava limpo como sempre, sem marcas de beijos ou mesmo marcas de mãos. A evidência foi destruída na medida em que se perguntou se tal coisa teria acontecido apenas em sua cabeça e depois foram apagadas. O problema era que a evidência, como sempre, permanecia presente em sua cabeça e coração.